CLASSIFICAÇÕES EM CONCURSOS LITERÁRIOS

PREMIAÇÕES LITERÁRIAS

2007 - 1ª colocada no Concurso de poesia "Osmair Zanardi", promovido pela Academia Araçatubense de Letras, com a poesia O FILME;

2010 - Menção Honrosa no Concurso Nacional de Contos Cidade de Araçatuba, com o conto A CARTA;

2012 - 2ª classificada no Concurso Internacional de Contos Cidade de Araçatuba, com o conto O BEIJO DA SERPENTE;

2012 - 7ª colocado no concurso de blogs promovido pela Cia dos Blogueiros - Araçatuba-SP;

2014 - tEXTO selecionado pela UBE para ser publicado no Jornal O Escritor- edição 136 - 08/2014- A FLOR DE BRONZE //; 2014 – Menção honrosa Concurso Internacional de Contos Cidade de Araçatuba, com o conto LEITE QUENTE COM AÇÚCAR;

2015 – Menção honrosa no V Concurso Nacional de Contos cidade de Lins, com o conto MARCAS INDELÉVEIS;

2015 - PRIMEIRA CLASSIFICADA no 26º Concurso Nacional de Contos Paulo Leminski, Toledo-PR, com o conto SOB A TERRA SECA DOS TEUS OLHOS;

2015 - Recebeu voto de aplausos pela Câmara Municipal de Araçatuba;

2016 – 2ª classificada no Concurso Nacional de contos Cidade de Araçatuba com o conto A ANTAGONISTA DO SUJEITO INDETERMINADO;

2016 - classificada no X CLIPP - concurso literário de Presidente Prudente Ruth Campos, categoria poesia, com o poema AS TUAS MÃOS.

2016 - 3ª classificada na AFEMIL- Concurso Nacional de crônicas da Academia Feminina Mineira de Letras, com a crônica PLANETA MULHER;

2012 - Recebeu o troféu Odete Costa na categoria Literatura

2017 - Recebeu o troféu Odete Costa na categoria Literatura

2017 - 13ª classificada no TOP 35, na 4ª semana de abril de microconto Escambau;

2017 - Classificada no 7º Concurso de microconto de humor de Piracicaba.

2017 - 24ª classificada no TOP 35, na 2ª semana de outubro de microconto Escambau;

2017 - 15ª classificada no TOP 35, na 3ª semana de outubro de microconto Escambau;

2017 - 1ª classificada no concurso de Poesia "Osmair Zanardi", promovido pela Academia Araçatubense de Letras, com a poesia PERMITA-SE;

2017 - 11ª classificada no TOP 35, na 4ª semana de outubro de microconto Escambau;

2018 - 24ª classificada no TOP 35, na 3ª semana de janeiro de microconto Escambau;

2018 - Menção honrosa na 4ª edição da Revista Inversos, maio/ com o tema Crianças da África - Poesia classificada BORBOLETAS AFRICANAS ;

2018 - 31ª classificada no TOP 35, na 4ª semana de janeiro de microconto Escambau;

2018 - 32ª classificada no TOP 35, na 4ª semana de janeiro de microconto Escambau;

2018 - 5ª classificada no TOP 7, na 1ª semana de junho de microconto Escambau;

2018 - 32ª classificada no TOP 35, na 3ª semana - VII de junho de microconto Escambau;

2019 - Classificada para antologia de suspense -segundo semestre - da Editora Jogo de Palavras, com o texto OLHO PARA O GATO ;

2019 - Menção honrosa no 32º Concurso de Contos Cidade de Araçatuba-SP, com o conto REFLEXOS DO SILÊNCIO;

2020 - 29ª classificada no TOP 35, na 4ª semana - VIII de Prêmio Microconto Escambau;

2020 - Menção honrosa no 1º Concurso Internacional de Literatura Infantil da Revista Inversos, com o poema sobre bullying: SUPERE-SE;

2020 - Classificada no Concurso de Poesias Revista Tremembé, com o poema: QUANDO A SENHORA VELHICE VIER ME VISITAR;

2020 - 3ª Classificada no III Concurso de Contos de Lins-SP, com o conto DIÁLOGO ENTRE DUAS RAZÕES;

2020 - 2ª Classificada no Concurso de crônicas da Academia Mogicruzense de História Artes e Letras (AMHAL), com a crônica COZINHA DE MEMÓRIA

CLASSIFICAÇÕES EM CONCURSOS

  • 2021 - Selecionada para a 6ª edição da revista SerEsta - A VIDA E OBRA DE MANUEL BANDEIRA , com o texto INILUDÍVEL ;
  • 2021 Selecionada para a 7ª edição da revista SerEsta - A VIDA E A OBRA DE CECÍLIA MEIRELES com o texto MEU ROSTO, MINHA CARA;
  • 2021 - Classificada no 56º FEMUP - com a poesia PREPARO A POESIA;
  • 2021 - Classificada na 7ª ed. da Revista Ecos da Palavra, com o poema CUEIROS ;
  • 2021 - Classificada na 8ª ed. da Revista Ecos da palavra, cujo tema foi "O tempo e a saudade são na verdade um relógio". Poema classificado LIBERTE O TEMPO;
  • 2022 - Classificada no 1º Concurso Nacional de Marchinhas de Carnaval de Araçatuba, com as Marchinhas EU LEIO e PÉ DE PITOMBA;
  • 2022 - Menção honrosa na 8ª edição da Revista SerEsta, a vida e obra de Carlos Drummond de Andrade , com o texto DIABO DE SETE FACES;
  • 2022 - Classificada na 10ª ed. Revista Ecos da Palavra, tema mulher e mãe, com o texto PLANETA MULHER;
  • 2022 - Classificada na 20ª ed. Revista Inversos, tema: A situação do afrodescendente no Brasil, com o texto PARA PAGAR O QUE NÃO DEVO;
  • 2022 - Classificada na 12ª ed. Revista Ecos da Palavra, tema Café, com o poema O TORRADOR DE CAFÉ;
  • 2022 - selecionada para 1ª antologia de Prosa Poética, pela Editora Persona, com o texto A FLOR DE BRONZE;
  • 2022 - Selecionada para 13ª edição da Revista Ecos da Palavra, tema MAR, com o poema MAR EM BRAILLE;
  • 2022 - Classificada para 2ª edição da Revista Mar de Lá, com o tema Mar, com o poema MAR EM BRAILLE;
  • 2022 - Classificada para 3ª Ed. da Revista Mar de Lá com o microconto UM HOMEM BEM RESOLVIDO;
  • 2022- Classificada com menção honrosa no 34º Concurso Nacional de Contos Cidade de Araçatuba, com o conto O CORTEJO DA MARIA ROSA;
  • 2022- Classificada pela Editora Persona com o conto policial QUEM É A LETRA L;
  • 2022 - Classificada no Concurso da E-33 Editora, Série Verso e Prosa, Vol.2 Tema Vozes da Esperança, com o poema POR ONDE ANDAS, ESPERANÇA? ;
  • 2023 - Classificada na 15ª edição da Revista Literária ECOS da Palavra, com o poema VENTO;
  • 2023 - Classificada para coletânea de poetas brasileiros pela Editora Persona, com o poema CUEIROS;
  • 2023- Selecionada na 23ª ed. da revista Literária Inversos com tema "Valores Femininos e a relevância do empoderamento e do respeito da mulher na sociedade contemporânea", com o poema ISSO É MULHER;
  • 2023 - Classificada no Concurso de Contos de Humor, Editora Persona, com o conto O PÃO QUE O QUINZIM AMASSOU;
  • 2023 - Classificada no Concurso de Poesias Metafísica do Eu, Editora Persona, com o poema QUERO OLHOS ;
  • 2023 - Selecionada pra a 11ª Edição da Revista SerEsta, A vida e obra de Paulo Leminsk, com o poema EL BIGODON DE CURITIBA ;
  • 2023 - Classificada no 1º concurso de poesia do Jornal Maria Quitéria- BA, com o tema " Mãe, um verso de amor", com o poema UM MINUTO DE SILÊNCIO À ESSAS MULHERES MÃES;
  • 2023 - Selecionada para Antologia literária - Série Verso e Prosa. Vol. 4, tema Vozes da Solidão, editora E-33, com a crônica A MÃE;
  • 2023 - Selecionada para a 9ª ed. da Revista Mar de Lá, como poema O POETA E A AGULHA;
  • 2023 - Classificada no concurso de Prosa Poética , Editora Persona, com o texto QUERO DANÇAR UMA MÚSICA CONTIGO;
  • 2023 - Selecionada para Antologia literária - Série Verso e Prosa. Vol.5, tema Vozes do Sertão, editora E-33, com o poema IMAGEM DE OUTRORA;
  • 2023 - Selecionada para Antologia literária - Série Verso e Prosa. Vol.6, tema FÉ, Editora E-33, com o poema OUSADIA POÉTICA;
  • 2023 - CLASSIFICADA para a Antologia Embalos Literários, Editora Persona, com o conto SEM AVISAR;
  • 2023 - Classificada na 18ª edição da Revista Literária ECOS da Palavra, com o poema FLORES, com o poema O PODER DA ROSINHA;
  • 2023 - Selecionada para Antologia literária - Série Verso e Prosa. Vol.7, tema AMIZADE, Editora E-33, com o poema AMIZADE SINCERA;
  • 2023 - Classificada em 8ª posição no Prêmio Castro Alves, na 33ª ed. Concurso de Poesia com temática Espírita, com o poema SOLIDARIEDADE;
  • 2023 - Selecionada para Antologia literária - Série Verso e Prosa. Vol.8, Vozes da Liberdade, tema , Editora E-33, com o poema REVOADA;
  • 2023 - Classificada para a Antologia Desejos profundos - coletânea de textos eróticos , Editora Persona, com o poema AGASALHA-ME;
  • 2023 - Classificada para antologia Roteiros Adaptados 2023 - coletânea de textos baseados em filmes, Editora Persona, com o texto BARBIE, UMA BONECA UTILITÁRIA;
  • 2023 - PRIMEIRO LUGAR no Concurso , edital 003/2023 - Literatura - seleção de projetos inéditos, promovido pela Secretaria Municipal de Cultura de Araçatuba, com o livro infantojuvenil DENGOSO, O MOSQUITINHO ANTI-HERÓI;
  • 2024 - Selecionada para compor a Coletânea Cronistas Contemporâneo, pela Editora Persona, com o texto A CONSTRUÇÃO DE UMA PERSONAGEM;
  • 2024 - Classificada para 19ª edição da Revista Literária Ecos da Palavra, com o poema A PASSARINHA;
  • 2024 - Classificada para a 13ª edição da Revista Mar de Lá, com o poema O TORRADOR DE CAFÉ;
  • 2024 - Selecionada para compor a Coletânea "Um samba no pé, uma caneta na mão", tema carnaval, pela Editora Persona, com o poema DEIXA A VIDA TE LEVAR;
  • 2024 - Selecionada para compor a coletânea "Revisitando o Passado", promovido pelo Projeto Apparere, com a crônica COZINHA DE MEMÓRIA;
  • 2024 - Selecionada para compor a Coletânea de Poetas Brasileiros,2024, Editora Persona, com o poema IMAGEM DE OUTRORA;
  • 2024 - Selecionada para compor a Antologia JOGOS DO AMOR, promovida pela Revista Conexão Literária, com o tema O jogo do amor, poema classificado: TENHO MEDO;
  • 2024- Selecionada para 20ª ed. da Revista Literária Ecos da Palavra, com o tema INFÂNCIA, com o poema DEBAIXO DE UMA LARANJEIRA;

quinta-feira, 30 de julho de 2020

A Mulher entre o bom e o ruim

Por Rita Lavoyer

 

            As coisas para as mulheres não são tão fáceis como deveriam ser.  Dizem que a   primeira vez não se esquece. Algumas, coitadinhas, acabam até  traumatizada e rejeitam o marido; levam chifre, dói também.  Sei lá, dizem, né!

            Depois a mulher casa e chora porque não engravida, se engravida chora também  de tanto que vomita e vai parar no hospital.  

            Coisa mais linda é uma mulher amamentando. Verdade, desde que os bicos dos peitos não sangrem. Há bicos de peitos que chegam até a cair. Isso é o progresso, sem os bicos os peitos viram boca de copo e  a molecada já aprende a se virar, ou melhor, a virar o gole.

            Pernas lisinhas de mulher são as coisas mais belas de serem vistas.  Aquela cera quente na pele da gente é a redenção dos pecados. Quando passa na virilha então, a gente fica em ponto de bala. Respira fundo e puxa...

            Sou mulher atualizada, sô! Tem a depilação definitiva. Coisa mais chique que já inventaram para evitarmos a depilação. Você, mulher, que é da minha época, deve se lembrar muito bem daquele   revolver  com que nos aplicavam vacinas nas escolas. Pois então, a depilação definitiva começou com aquele aparelho. Uma me segurava e a outra  aplicava o revolver. Era pra matar e   quando ia fazer no buço eu gritei: Me deixe bigoduda, pelo amor de Deus!  É ruim mais é bom, elimina os pelos. Lembre-se de que para as sobrancelhas há um anestésico, não sofra! Para a virilha, não acredite, não funciona.

            Não se descuide, tem que se prevenir, mas só  entre nós: quem inventou aquele aparelho de  mamografia é o verdadeiro filho do cão! Botam os peitos da gente sobre aquela bandeja e viram a morsa. Os produtos já não estão mais empinados como  antes, ainda apertam os coitados a ponto de virarem folha de papel. Só mulher para aguentar.   No próximo exame a moça daquele laboratório vai precisar do auxílio de uma pá. Se aquele aparelho não se moralizar os meus peitos não passam mais por ele. Desaforo! É ruim, mas é necessário.

            Exame ginecológico então é a coisa mais linda. Ainda bem que a mulher não tem próstata senão ia se ferrar duas vezes.  É ruim, mas é engraçado.

            Quando é moça não gosta de menstruar, é ruim, mas é bom. Quando é casada quer a menstruação frequentemente, é bom, mas é ruim. Na menopausa chora de saudade da moça que era,  isso é ruim, ruim.   Na melhor idade, superada as fases difíceis, vira aposentada e aplica o dinheiro em  remédios. Oh, castigo!  

            Se for a casa dos filhos os companheiros fazem cara feia.  Se está no ponto de ônibus   o motorista torce o nariz porque a demora para subir pode  fazê-lo se atrasar para o próximo ponto. Está pensando que isso é ruim? É nada, é ótimo! Estou relatando a vida de uma mulher, velha e pobre, porém feliz porque se vira sozinha. Algumas mulheres, velhas e ricas, não são felizes porque pensam que querem matá-las para ficarem com a grana delas.   

            Está vendo? Nem tudo o que aparenta ser ruim é de verdade. Depois dos sofrimentos alguns resultados são satisfatórios.  Esse texto, por exemplo, que você o julgou ser   bom e instrutivo,  de fato  foi, não foi?

            Está vendo? Há casos em que as regras são tão evidentes quanto as exceções. Mas se o achou ruim, está bom também!

 

RITA LAVOYER


quarta-feira, 29 de julho de 2020

MULHER, SEJA VOCÊ!


  
Por Rita Lavoyer

Hoje, você tem que passar batom, porque ontem você se esqueceu. Hoje, você tem que sair cantando, sair gritando, sair do tom.
Hoje, você acordou linda, esteja na berlinda; continue assim até que nada se finde.

Hoje, rasque sua roupa, hoje ria bem alto, pise na grama, chute a areia.
Hoje, seja uma dama, uma camélia, uma Amélia, seja sereia. Seja mulher e exale seu cheiro. Seja mulher e gaste dinheiro. Você não o tem? Então faça de conta, não pague as contas, pegue a camisola e rasgue-a inteira, pendure o chinelo, saia do castelo de vidro em que está. Saia daí, corra na rua. Passe perfume, você é tão bela, você é mulher!

Que coisa! Não fique assim, tão triste, amuada. Seja a patroa, ou a funcionária, enfim sorria pra mim. Você é mulher, quer coisa melhor do que ser mulher?
Ah?! Queria ser homem, então tá!

Vá trabalhar, pegue na graxa, conserte sapatos, carpe o quintal. Suba na laje, lave a caixa d’agua. Ande sobre o muro como uma gata borralheira. Mas salte com classe! Não vá cair do lado de lá, você é mais bela do lado de cá.

Mulher! Cheirosa e gostosa, você é o estopim da bomba com creme. Você é mulher, goste de ser. Coma um brigadeiro, um padeiro ou um leiteiro, mas coma os com todo o prazer. Depois vá malhar pra ficar mais sarada e, já toda suada, faça serenata de pernas pro ar. Mulher, fogosa e esperta, todos os meses seu relógio a desperta dizendo: Eu sou o seu ciclo, sou menstruação.

Massageie os seus peitos diariamente e não deixe de fazer o Papanicolau. O seu útero é sagrado, é a fonte da vida e o exame a previne contra um vírus fatal. Tire o sutiã, deixe os seios de encontro ao vento. A idade que tem é você quem registra. Pra se ter emoção não requer certidão.

Ah, mulher! No seu balanguandã ninguém mete a colher. Se é adotiva ou , então, se adotou, agora não importa de onde saiu ou pra aonde entrou. Sempre viva, assim deve estar. Você é o alicerce, a parede e o pilar, mas abra o telhado, precisa pensar.

Mulher, amiga de classe, de profissão ou virtual. Regozije-se em sua doutrina de mulher fatal que a vida só agradece. Seja herege aos itens contrários que o mundo fará, pra você, uma prece.

Lave, passe, cozinhe e varra o chão. Que mal há fazer essas coisas, você é mulher ofereça o ‘bom’ a quem você ama. Mas se encherem seu saco, fuja dos padrões e trabalhe e divirta-se na rua, na lua, em marte, onde quiser, queime seu pavio e quem não entender seus assuntos mande à puta que o pariu!

Mas o que é isso? A vida é sua ou não é? Tenha coragem de ser você. Faça como eu que lavo, passo, cozinho, varro chão, faço mercado, assisto às aulas, dou também, aparo arestas, desejo que raios partam alguma coisa ao meio e depois venho escrever um textinho como esse, dizendo que tudo é muito bonitinho, e fácil assim! Até rima pobre pode.

Abraços!


sexta-feira, 24 de julho de 2020

Ao leitor - Retalhos de uma história

                             AO LEITOR

Mandou-me carta eletrônica.
“ Cara, estou sentido a sua ausência. Acesso periodicamente o seu blog, mas a virtualidade não é palpável. Minhas mãos carecem do papel, precisam agarrar à folhas para alçar-me em vôo no universo das palavras. Ele é de chegar no horário, o jornal (...)

RETALHOS DE UMA HISTÓRIA.

       Quando eu leio os textos daquela pessoa,  distingo em cada um deles a história que pretende contar.  Ele é de chegar na hora certa, o jornal, e a leitura é degustada ao aroma do café. Minhas mãos agarram as folhas; meus olhos, as letras. Na boca, o pão mastigado com os tipos explícitos dela. Depois, saio para o meu trabalho  refletindo sobre cada parágrafo. No trajeto das minhas percepções, as análises da minha lida são digeridas ao ponto máximo para que eu possa  inteirar-me do contexto. Sinto-me substanciado  com as informações que ela me fornece. Elas confortavam-me diante da gélida concretude das páginas sangrentas.
          Leio  por diversas vezes o mesmo texto, sou  assinante assíduo do matutino e leitor voraz dos trabalhos dela. A cada dia, um algo mais   acrescenta  ao meu leque de conhecimentos que ela me tem aberto, e com o qual eu me aprazo durante toda a minha jornada, até que  chegue ao meu destino.
          As pessoas com as quais eu comento, observavam-me com olhares de deboche. Puxo assunto sobre o que leio durante o café da manhã.  “Hoje ela escreveu sobre o assunto tal...”          
          Leio-a conseguindo sentir cada expressão dela, o que me possibilitava conhecer-lhe a alma.      
          Imagino-a teclando as suas ideias.   Deleta-se daqui, acrescenta ali. Pesquisa, cola, copia, modifica, e tantas  outras possibilidades... A estampa dela naquele espaço de papel  é para traçar o semblante feminino de quem me alegra,  quando aparece, os meus cafés da manhã.           
          Recortes de jornal amarelados compõem um arquivo do dia a dia de quem, por algum tempo escreveu sem conhecer os seus leitores. Retalhos dos recortes eu os trago na lembrança e cada qual, ao seu formato, consegui  encaixar completando um mosaico. Tornaram-se todos uma obra.  Detalhes tão precisos fizeram-me decifrar a essência dela.  “Leia-me”, assim eu a lia.      
          Os seus códigos, por mim decifrados, deram-me segurança para  escrever-lhe. Prudente, esperei que o emocional se acomodasse. Não me contendo mais por tê-la traduzido através das minhas leituras, ao meu estilo, um e-mail a ela  enderecei.

                                 “ Cara, estou sentido a sua ausência. Acesso periodicamente o seu                                        blog, mas a virtualidade não é palpável. Minhas mãos carecem do papel,                                                                       precisam agarrar às folhas para alçar-me em vôo no universo 
                                    das palavras(...) 
                          
Meu caro leitor, o que produzo, posto que sem muito conhecimento de mundo, faço-o com amor, mas consegui alcançar outro prazer  quando, num dia indiferente, abro a minha caixa sem segredos e descubro nela o tesouro das suas palavras, que muito me ajudam. Saiba, querido leitor,  que se torna agora patrimônio adquirido, por ter conquistado a minha liberdade de expressão.
Sinto as minhas letras estarem ao seu alcance apenas pela virtualidade, como prefere o papel impresso. Mas há o lado bom de tudo isso. 
          Eu a acompanho, se me permite, quero dispensar  o ‘senhora’,  e eu bem sei o quanto seus trabalhos vêm recheados de  sentimentos. Conheço-os e sei o quanto eles são fortes e compatíveis aos anseios de muitos leitores. Os seus escritos eu os tenho todos arquivados e deles consegui ver a moça que vem por trás das mensagens. Amo-a tanto quanto  pedes para ser amada. Amo-a há muito, muito tempo. Ainda que o jornal se extinga, que as letras se calem eu não a deixarei cair no esquecimento dos seus leitores, caso isso venha a acontecer, espero que nunca.  Hei de honrá-la,   pois é  você a razão inspiradora  das minhas linhas secretas. Confesso: às vezes, rascunho algumas idéias, mas longe, bem longe estou de chegar à sua perfeição. Precisava escrever-lhe para  dizer o quanto aprendi com o seu  trabalho. O importante agora é que eu consegui, com essas palavras que  aprendi lendo-a, dizer-lhe que eu a amo, minha escritora preferida”.              
          Não sabia qual seria a reação dela e nem se haveria resposta. Mas houve. Ela entrou em contato comigo. Nos encontramos uma vez, duas e outras tantas que já éramos assuntos diários naquela redação. Fui tema de algumas crônicas dela. O jornal ainda é o mesmo, mas daquela redação já não se vê mais nada igual. Está todo informatizado.   Escrevo todo o meu amor na mesma máquina que ela usava para trabalhar, depois  transcrevo-os para o computador.
          Ela se foi. A minha querida esposa se foi, mas como havia prometido em minha carta, hoje, no espaço que pertencia a ela e que eu o ocupo, faço questão de deixar registrada toda a ternura que ainda lhe tenho. É por ela, somente por ela que me faço cronista para que, durante os cafés da manhã, os que lerem minhas crônicas saibam o que eu sinto, porque sou formado de retalhos. 
Retalhos de histórias escritas neste jornal por minha escritora predileta. Os retalhos das histórias e notícias escritas por ela compõem o meu corpo, e com eles aqueço-me do frio da sua ausência. Hoje, sou obra dela.  O meu café tomou outro sabor.  
                                                                                              

terça-feira, 14 de julho de 2020

FÁBULAS DE LAVOYER



A MACACA E O LEÃO




Ela corria pela floresta a procura de comida. Subia pelos galhos, saltava com firmeza e pisava o chão como se dele fosse a única dona. 


À beira do rio pôde ver um cesto de vime e dentro dele um filhote recém-nascido. Apressou-se para apanhá-lo. Ela, que não gostava de água, não se questionou para entrar nela. Agarrou-o, trazendo em seus braços a salvo. Era um leãozinho, ainda cheirando à placenta.

Ela o limpou e fez dele o seu filhote. Amamentou-o, acreditando rapidamente ser o seu filho. O filhote cresceu observando diferenças.

_ Mãe, por que  eu, que sou um Leão, sou o seu filho, sendo você uma Macaca?
_ Meu filho, mãe é mãe, não tem espécie e  filho é filho, independente do gênero. Venha aqui e coma a sua banana!
_ Mas, mãe, eu não gosto dessa fruta. Mãe, eu sinto vontade de comer algo diferente, eu sinto um cheiro diferente em certas coisas e esse cheiro me enche de prazer, além de uma vontade enorme de abocanhar o que eu vejo e sinto, diferente da banana . Mãe, também não gosto de vê-la comendo os meus piolhos, apesar de ser muito gostoso o seu carinho. Também não gosto de catar os seus piolhos, além do mais, mãe, as minhas patas são enormes para a sua cabeça, tenho medo de machucá-la. Poderíamos deixar de lado esse ritual de catar piolhos?

_ É claro que não podemos, meu filho. Isso é feito desde que os meus ancestrais foram criados, além do mais, deve se habituar a se alimentar de bananas porque o seu paladar é muito perigoso para a população daqui.







_ Mãe, a que ancestrais se refere, já que mãe, segundo disse, não tem espécie?



_ Ah, meu garoto, você ainda é muito jovem para entender sobre isso. Venha, seja bonzinho e coma a sua banana.



Num salto violento ele atacou o cacho todo, rugindo sobre as bananas que caíram no chão.


_ Meu filho, você me machucou com as suas unhas, isso não poderá acontecer mais. Venha aqui, vou cortá-las agora.
Sem questionar o comportamento da Macaca, o Leão deixou que ela retirasse todas as suas unhas, uma por uma.

_ Mãe, conforme eu caminho, sinto muitas dores nas minhas patas. Mãe, um Quati me atacou e quando eu fui me defender senti mais dores ainda. As minhas unhas estão me fazendo falta, mãe.

_ Não se preocupe, o Quati é um bicho muito pequeno, você é um Leão. Da próxima vez que ele o incomodar é só rugir que ele sentirá medo e fugirá de você.

Na tarde do mesmo dia, o Quati investiu contra o leão novamente e, sem as unhas, o felino cravou um de seus dentes no animal ,que conseguiu escapar ensanguentado.

_ Filho, a mãe do Quati veio reclamar do seu comportamento violento com o filho dela. Não o ensinei a ser violento. Já me feriu várias vezes com as suas presas quando vem pegar as bananas. Venha cá, abra a sua boca e engula isso.


_ O que é isso, mãe?
_ Receita dos meus ancestrais.



Adormecido como um morto, o Leão perdia, um a um, os seus dentes, que eram arrancados pela Macaca.
Ainda sonolento, pode sentir que algo lhe faltava.


_ Mãe, o que houve comigo? Cadê os meus dentes?



_ Meu filho! Você não é o meu filho por acaso. Você me foi entregue para que eu cuidasse de você. Não é porque vivemos em uma selva que precisamos viver como selvagens. Os seus dentes eu os arranquei, para aprender que não devemos fazer com os outros o que não queremos que façam a nós. Acalme a tua dor, para ela haverá recompensa.

_ Mas, mãe, eu nunca ataquei nenhum animal, já apanhava dos pequenos sem poder me defender, evitando com isso que a senhora fosse repreendida pelos pais dos bichos. Mãe, eu não consigo fazer nada sozinho, agora sem unhas e sem dentes sinto muito medo, como os outros animais me verão?

_ O verão como você é de verdade. Faça cara de mau, ruja bem alto. Isso causa medo, desestrutura o adversário. Além do mais, não precisamos sorrir para sermos respeitados. Não precisarão saber que não tem dentes. Em boca fechada não entra o que não quer engolir. Vamos, agora já é um Leão feito, carregue-me por onde for. Estando comigo estará protegido. Avante! Mostre que é o Rei desta selva. Mas antes, coma a sua banana.


_Autoria- Rita Lavoyer -