_Pai, volta para a nossa casa, a mãe está sofrendo. Ela quer lhe pedir perdão. Ela disse que se encontrou com Deus. Além do mais, já está quase chegando o dia dos pais e eu preciso cumprimentá-lo nesta data. Volta pra casa, pai!
Já sou homem e entendo o que assistia. Mas não falava nada, tudo me era conveniente, era jovem e imaturo. Ainda que não a ame mais, não encontre satisfação, volta pra casa pai, vocês fizeram um contrato de comunhão. O senhor não tinha o direito de deixar a mãe.
O que essa outra tem que a mãe não tem? Também sou homem, está nos fazendo passar vergonha. Perdeu o seu juízo, perdeu a sua postura. Volta pra casa! Que palhaçada de dizer que “ainda é homem”, está agindo como um playboy. Olha a idade dessa outra e depois enxergue a sua!
Por que diabos acha que ela o ama? Ainda que ela se declare toda ao senhor, é a minha mãe a sua esposa. Acha que vai se refazer em outros braços? Ela só quer o seu dinheiro! Um homem na sua idade deveria acumular experiências. Já está na idade do mingau, vai acabar comendo bronha.
Pai, volta pra casa! Nós iremos perdoá-lo. Esse amor que diz sentir, não demora vai passar. Essa mulher pode revigorá-lo agora, mas quando adoecer ela irá abandoná-lo, e quem irá limpar o seu traseiro será a minha mãe. Eu sou seu filho, também sou homem e conheço o fogo da paixão. Você já é velho, não tem mais idade para amar. E essa sua nova mulher é coisa do diabo.
_ Meu filho, na sua idade eu diria a mesma coisa. Torceria pela união dos meus pais, mesmo que não fossem felizes. Com a minha experiência, filho, aprendi que amor eterno não existe mesmo. Enquanto eu esperava o “até que a morte os separe” acontecesse, pensava que jamais teria a chance de ser amado com um amor cheio de paixão. Meu filho, essa nova mulher me fez ver o amanhã. Ela reviveu o homem que ainda há em mim, em quem eu já não acreditava mais. Se ela é coisa do diabo, digo-lhe que o diabo também é bom, porque ela, com todo o seu amor, além de me fazer homem, também me remete a Deus. Sou experiente sim, e ela me ama de verdade. O que ela fez eu não sei, mas comecei a viver novamente, meu filho, a partir do momento que me entreguei a ela. Deus está onde há amor. Eu estava ao lado da sua mãe e ela nunca me viu. Diga-lhe que eu a perdoo. Vivemos a sua educação juntos, não vou virar-lhes as costas. Filho, tomara um dia você cresça. E que não demore a enxergar o homem atrás das suas aparências.
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Quanto poder as palavras têm? Filho, eis aí o teu pai.
Homem também chora e a dor da saudade brotou no peito deste humanizado. Deixou a sua amada e retornou à antiga casa. Deus age quando O pedem; o diabo, como quer. Mas entre mulher e homem, não devemos meter a colher, quanto mais se esta for de pau.
O homem volta para casa para lustrar as aparências abafando o amor no peito.
Alguns tentam formar novo laço, mas se preocupam demais com a qualidade da fita, esquecendo-se de apertar o nó.
E assim uns caminham; outros, pulam...
Mais vale um pai morto com bumbum lavado pela mãe ou um homem vivo, de cara suja, pelo amor de uma mulher?
Por favor, seja um bom filhinho quando for responder.
RITA LAVOYER