AMIZADE SINCERA

 

POESIA CLASSIFICADA NO CONCURSO VERSO & PROSA, VOZES DA AMIZADE VOLUME 7. EDITORA E-33

 AMIZADE SINCERA

 Na infância, brincadeiras das mais puras

Igual jardim todo de flores, de perfumes.

Desses sentimentos inocentes, doçura.

Amizade. Aos corações do bem, incólume.

 

Foram, em época de ódio, amor, ternura,

segredos e dor que só o forte assume.

Com o tempo, romperam-se as aventuras.

Experientes, viveram novos costumes.

 

Enfim, amaram, cada um, sua razão,

seu Deus, sua cultura e seu proselitismo. 

E o fanatismo roubou-lhes a compaixão.

 

Por novas paixões, conheceram o abismo.

E mirando-se pelas vitrines dos egos

um ao outro apontou o defeito: cego!

 

Quando a tristeza chegou batendo-lhes n’alma  

lágrimas de saudade verteram abundantes.

Havendo tempestades que o amor acalma

o respeito de outrora floriu como antes.

 

Descortinados, suas mãos estenderam.

Das diferenças, ambos, de vez se esqueceram.

Abraçaram-se felizes, pediram perdão

 

Libertos do abismo, pisam firme o chão.

Hoje, adultos, revivem suas crianças. 

O afeto e o carinho lhes são aliança.

 Envoltos em saberes mútuos, em afeição,

tornaram-se sócios da abnegação.

Fizeram da lealdade bandeira, lema.

Amizade sincera, altruísmo, tema.

 

 

Autoria- Rita de Cássia Zuim Lavoyer

Araçatuba – SP.

www.ritalavoyer.blogspot.com

 https://www.facebook.com/rita.lavoyer

 

 

FERNANDO ANTONIO PEREIRA - O LIGA

 

Fernando Antônio Pereira - o Liga

 

Nasceu em 05/11/1942 e faleceu em 13/10/2021.

 

 

Quem de Auriflama não conheceu o Liga? Fernando Antônio Pereira, eletricista de primeira grandeza. Era um excelente pescador.  Se pegava peixe não sei. Entendia de motor de popa como ninguém. Se quisesse encontrar um corintiano fiel e tomador de cerveja era só procurar o Liga.  Para clarear as ideias, O Liga é pai da Maria Valéria Pereira, do Paulo José Pereira, do Fernando Antônio Pereira Filho, o Fernandinho.  Esposo da Adélia Baraldi Pereira. Irmão do Luizinho, do Paulinho, do Toninho, da Silvinha. Era filho do senhor Antônio Antunes Pereira, gerente das Casas Pernambucanas, que depois passou a dirigir um bar na cidade, e da Dona Maria Aguiar Pereira, que fazia o croquete de carne mais maravilhoso que eu já comi na vida. Dona Maria tinha um cachorrinho que se chama Negrinho. Ela saia para vender seus salgados e ele a acompanhava pelo centro da cidade. Que imagem mais linda me veio à memória. Exatamente hoje, dia 09 /10/2023, completam 4 anos de seu falecimento. Lembro-me da Dona Maria, trazia sempre um sorriso meigo no rosto e tinha pele de bebê.  Mulher instruída, empoderada e a frente do seu tempo.  Foi prazer conhece-la, dona Maria.

 

Fernando foi um tio maravilhoso. Lembro-me de que, quando criança, naquela época em que toda a cidade cabia dentro de um carro, ele enfiava a molecada dentro de um e sumia para os rios. Era alegria que não acabava mais.

 

Com a energia contagiante dele, não temíamos as cobras debaixo das pontes dos rios Lageado e Buriti, entre outros.  Ignorávamos que pular de uma pinguela para mergulhar num riozinho qualquer   podia quebrar nosso pescoço; que ficar sob sol escaldante daria câncer de pele; que escancarar a janela do carro para receber o vento no rosto podia entupir o nariz, dar sinusite, bronquite, pneumonia;  que não colocar o cinto de segurança resultaria em multa de trânsito;  que passar o dia todo andando no seu carro cheio de molecada sentiríamos fome. Jamais.  Só alegria. Esse era o LIGA.

 

O tio Fernando era pessoa para quem não havia tempo ruim. Era pau para toda obra, tipo um Tiozão da Sukita, da Coca-cola, dos guaranás, das cervejas de qualquer marca. A minha infância teve uma alegria registrada por ele e pelo entusiasmo do seu espírito jovem, aventureiro. Churrasqueiro dos bons.   

 

Infelizmente, um acidente ceifou-lhe a vitalidade. Na ocasião não houve respostas aos “ porquês”  daquilo , mas quais seriam as ideais para explicarem os impulsos da vida? E a vida seguiu meio cambaleante para ele, mas sua família se fortalecia a cada passo que ele conseguia dar, a caminho do dia seguinte. A luta que eles travaram foi árdua, porém dignificante.

 

Se defeitos teve, não me prejudicaram em nada. Tanto é que estou aqui, homenageando-o hoje, porque ele vive em minha lembrança e na de todos os seus  familiares e amigos.

Beijão, Tio Liga.   Até breve!

Sua sobrinha, Rita de Cássia Zuim Lavoyer

O PODER DA ROSINHA

 POEMA CLASSIFICADO PARA 18ª EDIÇÃO DA REVISTA ECOS DA PALAVRA.  TEMA FLORES. 

O PODER DA ROSINHA

 

Jacinto plantou um cravo branco

no lado esquerdo do peito

e foi ao baile

dançar com a Rosinha.

Ela, toda catita,

pôs flor no cabelo,

usou água de cheiro

e colar no pescoço.

O moço, todo engomado,

sorriu para a Hortênsia,

suspirou por Violeta

e beijou a face da Dália.

Dançou com a Margarida.

Deixou a Rosinha de lado.

Ela não se abateu

puxou o Lírio pra dança,

no bamboleio

foram ginga e gingado.

Assistindo àquele espetáculo

o moço do cravo branco

jogou o seu enfeite no chão

e acabou sem nenhuma flor ao seu lado.  

A Rosinha, exuberante e mimosa,

ganhou sorrisos, aplausos

e continuou no salão.

Para mostrar seu poder,

Rosinha puxou as flores para roda,

dançaram até o amanhecer.

                                                                               Autoria- Rita de Cássia Zuim Lavoyer