DEBAIXO DE UMA LARANJEIRA

 

E com o tema "INFÂNCIA", aqui estou na lista dos selecionados para a 20° Ed. da Revista Ecos da Palavra . Poema classificado para 20ª edição da Revista Ecos da Palavra

Debaixo de uma laranjeira - Rita de Cássia Zuim Lavoyer

Menina de sarda e de trança,

ligeira, eterna criança,

brincava de sonho e de boneca

era alegre e levada da breca.

Vivia nas pontas dos pés

corria, pulava, dava piruetas

fugia com as borboletas

banhava-se nos igarapés.

Sempre festeira, entre o pomar

e o jardim marcava seu caminho, assim:

quimera, primavera, verão,

outono, inverno e paixão.

Fez do jardim colorido a florir

seu perfume de eternidade.

No pomar, santuário de sabores sem fim,

ficou sinestésica como anjo, relicário, arlequim.

Colhe os frutos no pé como quem

sabe da sua função, conhece deles as texturas.

Ensina às raízes, em bom tom,

os motivos de suas bravuras.

Desvairados voaram os seus períodos.

Registrou-se lhe em bela jornada a felicidade.

Recíprocas, abraçaram-se em eterna acolhida.

Freou-se o tempo à menina que não tinha idade.

A verdade sobre sua vida decorrida

quem conta são as vidas faceiras

que brincam na face da menina

debaixo de uma laranjeira.

TENHO MEDO

 Poema classificado no concurso de poesia promovido pela Revista Conexão Literária, com o tema O JOGO DO AMOR

Tenho medo  

Tenho medo, meu amor, que nos falte a vida

e que esta falta separe duas almas tão queridas.

Tenho medo de não passar contigo uma noite que nos caiba,

não poder, no abrigo da madrugada, desvendar os segredos

do prazer no orvalho do nosso calafrio.

Quero, no cio que alimenta nossa carne desgarrada,

agarrar-te na estação do nosso estio.

Tenho medo, meu amor, de não ter juntas minha boca e a tua

e da coragem que insiste levar-me a ti

como verdade nua e crua.

Tenho medo, meu amor, de ficar contido o teu sexo

sem em mim desfrutar a tua práxis,

deixando-me um futuro estase.

Tenho medo, meu amor, desta ausência repetida

que ronda o teu semblante, que me amar não queiras mais

e não me sintas, após nossos rituais, tua amante.

Tenho medo do porquê do azul do céu

se de dia é claro, escurece a noite

olhar do lado e descobrir: foste.

Tenho medo de não dançar contigo uma música inteira.

Que não seja brincadeira, posto que na sonata,

eu os movimentos, as sinfonias da tua camerata.

Tenho medo de não assistir do tempo a metamorfose.

Vivamos no agora o excesso da nossa essência

para partirmos juntos, meu amor, na nossa overdose.

                                                                       Autoria- Rita de Cássia Zuim Lavoyer 

https://revistaconexaoliteratura.com.br/confira-a-lista-dos-autores-selecionados-da-antologia-o-jogo-do-amor/?fbclid=IwAR3Z-3DtTrL51BbIXobmjibAHWyUPy68MCsSytPYLIuSrL43wyOx9tKJiAA_aem_ATli80fBAjRoz18jmpUs0AzFGV866ijQCAvQwV_u9L9xYkiRuItXAIccj6ZD0zEStxM02RnOVJvTP4X4yRaMna06