I
Minha terra tem buracos
onde muitos se debruçam.
Eles gostam dos buracos
porque neles se lambuzam.
Buraco é propriedade pública,
jamais será privada.
Mas se houver boa intenção na venda
entrará outra bolada nessa vislumbrante tacada.
II
Minha terra tem troço e troça.
Teve trem e bangue-bangues.
Mas qual casa que não tem,
se temos os genes dos caingangues?!
Caingangue é raça viril,
os buracos tirava de letra.
Só entrava quando era convidado,
nunca entrava de penetra.
III
Minha terra tem buraco
que não podemos tampar com cascalho.
Está incomodado? Corte a sua madeira
encha ‘ele’ de carvalho.
Mas se quer viver na sombra
deixa inteira a sua lenha.
Usufrua do buraco,
entra na fila, pegue uma senha.
IV
Minha terra tem buracos,
num deles vou plantar um araçá.
Depois vou vendê-lo como água
guardar o dinheiro num saco de "aguaçá".
Minha terra tem buracos
com a cara da situação.
Muitos os querem abertos
para salvar a oposição.
V
Minha terra tem buracos
com a face da oposição.
Poucos os querem tampados
para matar a situação.
Minha terra tem buracos
que têm analofobia.
Dentro deles têm políticos
gozando verborragias
VI
Minha terra tem buracos
e dentro deles uma cidade.
Mergulhe nela de cabeça,
resgate a sua identidade.
No mundo da escavação,
nem todo o buraco sai perfeito.
Registre o seu nos anais
e vote nele no próximo pleito.
VII
Buraco é lugar sagrado.
É nele que começa a vida,
mas já está faltando buraco
para fazer dele jazida.
Todos devemos ter um buraco.
Seja gentil, adote um da sua cidade.
Cuide para deixá-lo aberto, porque
buraco tampado é o fim da humanidade.
VIII
Feche 2011 com uma boa chave de fenda,
e separe a porca do parafuso.
O que tinha serventia já foi usado.
Jogue fora o que não tem mais uso.
QUE EM 2012 NASÇAM BURACOS PRA VALER
E QUE SEJAM TODOS ÚTEIS
PARA EMPRESTAR, DAR OU VENDER.
Boas festas!
RITA LAVOYER