JORNAL ARAÇATUBA E REGIÃO
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A importância da consagração
dos alimentos
Por Rita de Cássia Zuim Lavoyer
Hipócrates (460 a.C. - 377 a.C.) disse “que
teu alimento seja teu remédio e que teu remédio seja teu alimento”
Quem, pelo
menos uma vez na vida, não desdenhou o alimento servido à mesa, quando o viu
torceu o nariz e disse que não comeria aquilo? Sequer o abençoou, muito menos
agradeceu quem o produziu, quem o comprou, quem o preparou. Agradecer pelos alimentos
é respeitar o Criador. Consagrar a refeição que se ingere é facilitar o
trabalho do alimento em benefício da própria saúde.
É sabido que a boa alimentação é
responsável pelo bom desenvolvimento do organismo. Uma alimentação equilibrada
oferece nutrientes que fortalecem o sistema imunológico, mantém o corpo e a
mente saudáveis. Infelizmente, ainda há
muitas crianças e adultos privados de boa alimentação no mundo, vitimados pela
insegurança alimentar causada pela desigualdade promovida por políticas
socioculturais que não se preocupam com a má distribuição de renda. A esse
grupo de desprivilegiados não cabe o luxo de desdenhar qualquer alimento que
lhe é oferecido. Assim a humanidade continua com grupos de comensais que comem
só o que quer, por terem condições de escolher e pagar pelo que gosta, e outros
que só comem quando lhes dão, quando não, a sobra.
O Brasil é um dos países que se destaca pelo
desperdício de alimentos. Um paradoxo cruel vivido em um país onde milhões de
hectares são destinados à produção agropecuária, toneladas de alimentos
exportados e a desnutrição e a má qualidade alimentar brasileira consomem o
homem cada vez mais. No Brasil, estima-se que cerca de 70 mil toneladas de
alimentos vão parar no lixo diariamente, portanto, é considerado um dos mais
ricos do mundo, e taxado como o país do desperdício (BADAWI, 2009).
Deve-se considerar que muitos
alimentos próprios para o consumo são desperdiçados desde o momento da
colheita, contribuem para essa perda a falta de capacitação de mão-de-obra,
transportes inadequados, logística inapropriada, manuseio excessivos, entre
outros fatores, passando pelo mesmo descaso pelos distribuidores,
supermercados, residência, embora não sejam gratuitos, são jogados no lixo em
boas condições, como se não valessem nada, sendo que poderiam estar na mesa de muitos
necessitados. Os restos de alimentos, ou lixo orgânico, avolumam sobremaneira
os lixões. Isto prova o quanto os alimentos são mal aproveitados, fossem melhor
valorizados e se a população conhecesse os nutrientes que os insumos trazem na
sua totalidade, os gastos com a
alimentação reduziriam e melhorariam as qualidades das preparações. À medida que crescem esses desperdícios,
cresce também a fome, causada pelos baixos salários, insuficientes para
alimentar uma família como ela precisa, restringindo a alimentação posta à
mesa.
Consertar o problema do mundo de culturas
e políticas diferentes não é fácil, soa utópico. Mas em se tratando do Brasil, é para se
questionar e seria prudente que o setor ligado
à agricultura e à pecuária, que representa positivamente o Brasil lá fora,
pensasse em adotar políticas públicas contra os desperdícios de alimentos,
investindo em treinamento de mão-de-obra, em aulas em comunidades carentes
sobre reaproveitamento de insumos que são indevidamente descartados e que
outros setores relacionados à produção de alimentos entendam seu papel social e
unam-se para diminuir a fome no Brasil. Que acionem as mídias para conscientizar
comerciantes e consumidores em geral sobre as propriedades completas dos
insumos, e como reaproveitá-los e quão o
desperdício de alimentos impacta negativamente na economia do país e aprendam
que alimentos também se incluem na teoria de que nada se perde, tudo se
transforma, para, quiçá, reduzam os desperdícios e que alimentos com maiores
valores nutricionais cheguem às mesas dos mais necessitados, diminuindo um
pouco o índice de pobreza e a fome do país, porque alimento é questão de
cultura, de educação. E pensar os alimentos como fonte sagrada de sobrevivência
é questão de humanidade. A fartura não
pode gerar desperdício e este não pode gerar fome, tampouco esta ser causa da
morte de muitos irmãos desprotegidos, largados à própria sorte.
Diante dessa
problemática sobre o desperdício de alimentos e a fome de muitos irmãos é necessário considerar, entendendo, que o
alimento é o combustível natural do corpo e da mente, e quem consegue mantê-los
em harmonia, dominando o controle dos vícios e da gula, equilibra a própria
natureza, por isso respeitar os alimentos, tendo postura diante deles, agradecendo-os quando conseguimos adquiri-los,
abençoando-os antes de prepará-los, de ingeri-los, consagrar nossas
refeições é agradecer ao Criador pelo cuidado que ELE continua tendo em prover cada
um com suas particularidades e abençoar os alimentos que somos capazes de
adquirir, preparar e degustar melhora suas eficácias em favor do nosso
organismo.
Obrigada, Senhor, pelos alimentos que nos saciam, principalmente pela
saúde que temos para saboreá-los e que eles
não faltem aos nossos irmãos desvalidos que carecem do necessário para sobreviver.
Referências:
BADAWI, Camila. Aproveitamento integral dos alimentos.
Melhor sobrar do que faltar. Disponível em: <http://www.biologia.seed.pr.gov.br/arquivos/File/sugestoes_atividades_pdf/aproveitamento_alimentos
>. Acesso
em 23/01/2024.