CLASSIFICAÇÕES EM CONCURSOS LITERÁRIOS

PREMIAÇÕES LITERÁRIAS

2007 - 1ª colocada no Concurso de poesia "Osmair Zanardi", promovido pela Academia Araçatubense de Letras, com a poesia O FILME;

2010 - Menção Honrosa no Concurso Nacional de Contos Cidade de Araçatuba, com o conto A CARTA;

2012 - 2ª classificada no Concurso Internacional de Contos Cidade de Araçatuba, com o conto O BEIJO DA SERPENTE;

2012 - 7ª colocado no concurso de blogs promovido pela Cia dos Blogueiros - Araçatuba-SP;

2014 - tEXTO selecionado pela UBE para ser publicado no Jornal O Escritor- edição 136 - 08/2014- A FLOR DE BRONZE //; 2014 – Menção honrosa Concurso Internacional de Contos Cidade de Araçatuba, com o conto LEITE QUENTE COM AÇÚCAR;

2015 – Menção honrosa no V Concurso Nacional de Contos cidade de Lins, com o conto MARCAS INDELÉVEIS;

2015 - PRIMEIRA CLASSIFICADA no 26º Concurso Nacional de Contos Paulo Leminski, Toledo-PR, com o conto SOB A TERRA SECA DOS TEUS OLHOS;

2015 - Recebeu voto de aplausos pela Câmara Municipal de Araçatuba;

2016 – 2ª classificada no Concurso Nacional de contos Cidade de Araçatuba com o conto A ANTAGONISTA DO SUJEITO INDETERMINADO;

2016 - classificada no X CLIPP - concurso literário de Presidente Prudente Ruth Campos, categoria poesia, com o poema AS TUAS MÃOS.

2016 - 3ª classificada na AFEMIL- Concurso Nacional de crônicas da Academia Feminina Mineira de Letras, com a crônica PLANETA MULHER;

2012 - Recebeu o troféu Odete Costa na categoria Literatura

2017 - Recebeu o troféu Odete Costa na categoria Literatura

2017 - 13ª classificada no TOP 35, na 4ª semana de abril de microconto Escambau;

2017 - Classificada no 7º Concurso de microconto de humor de Piracicaba.

2017 - 24ª classificada no TOP 35, na 2ª semana de outubro de microconto Escambau;

2017 - 15ª classificada no TOP 35, na 3ª semana de outubro de microconto Escambau;

2017 - 1ª classificada no concurso de Poesia "Osmair Zanardi", promovido pela Academia Araçatubense de Letras, com a poesia PERMITA-SE;

2017 - 11ª classificada no TOP 35, na 4ª semana de outubro de microconto Escambau;

2018 - 24ª classificada no TOP 35, na 3ª semana de janeiro de microconto Escambau;

2018 - Menção honrosa na 4ª edição da Revista Inversos, maio/ com o tema Crianças da África - Poesia classificada BORBOLETAS AFRICANAS ;

2018 - 31ª classificada no TOP 35, na 4ª semana de janeiro de microconto Escambau;

2018 - 32ª classificada no TOP 35, na 4ª semana de janeiro de microconto Escambau;

2018 - 5ª classificada no TOP 7, na 1ª semana de junho de microconto Escambau;

2018 - 32ª classificada no TOP 35, na 3ª semana - VII de junho de microconto Escambau;

2019 - Classificada para antologia de suspense -segundo semestre - da Editora Jogo de Palavras, com o texto OLHO PARA O GATO ;

2019 - Menção honrosa no 32º Concurso de Contos Cidade de Araçatuba-SP, com o conto REFLEXOS DO SILÊNCIO;

2020 - 29ª classificada no TOP 35, na 4ª semana - VIII de Prêmio Microconto Escambau;

2020 - Menção honrosa no 1º Concurso Internacional de Literatura Infantil da Revista Inversos, com o poema sobre bullying: SUPERE-SE;

2020 - Classificada no Concurso de Poesias Revista Tremembé, com o poema: QUANDO A SENHORA VELHICE VIER ME VISITAR;

2020 - 3ª Classificada no III Concurso de Contos de Lins-SP, com o conto DIÁLOGO ENTRE DUAS RAZÕES;

2020 - 2ª Classificada no Concurso de crônicas da Academia Mogicruzense de História Artes e Letras (AMHAL), com a crônica COZINHA DE MEMÓRIA

CLASSIFICAÇÕES EM CONCURSOS

  • 2021 - Selecionada para a 6ª edição da revista SerEsta - A VIDA E OBRA DE MANUEL BANDEIRA , com o texto INILUDÍVEL ;
  • 2021 Selecionada para a 7ª edição da revista SerEsta - A VIDA E A OBRA DE CECÍLIA MEIRELES com o texto MEU ROSTO, MINHA CARA;
  • 2021 - Classificada no 56º FEMUP - com a poesia PREPARO A POESIA;
  • 2021 - Classificada na 7ª ed. da Revista Ecos da Palavra, com o poema CUEIROS ;
  • 2021 - Classificada na 8ª ed. da Revista Ecos da palavra, cujo tema foi "O tempo e a saudade são na verdade um relógio". Poema classificado LIBERTE O TEMPO;
  • 2022 - Classificada no 1º Concurso Nacional de Marchinhas de Carnaval de Araçatuba, com as Marchinhas EU LEIO e PÉ DE PITOMBA;
  • 2022 - Menção honrosa na 8ª edição da Revista SerEsta, a vida e obra de Carlos Drummond de Andrade , com o texto DIABO DE SETE FACES;
  • 2022 - Classificada na 10ª ed. Revista Ecos da Palavra, tema mulher e mãe, com o texto PLANETA MULHER;
  • 2022 - Classificada na 20ª ed. Revista Inversos, tema: A situação do afrodescendente no Brasil, com o texto PARA PAGAR O QUE NÃO DEVO;
  • 2022 - Classificada na 12ª ed. Revista Ecos da Palavra, tema Café, com o poema O TORRADOR DE CAFÉ;
  • 2022 - selecionada para 1ª antologia de Prosa Poética, pela Editora Persona, com o texto A FLOR DE BRONZE;
  • 2022 - Selecionada para 13ª edição da Revista Ecos da Palavra, tema MAR, com o poema MAR EM BRAILLE;
  • 2022 - Classificada para 2ª edição da Revista Mar de Lá, com o tema Mar, com o poema MAR EM BRAILLE;
  • 2022 - Classificada para 3ª Ed. da Revista Mar de Lá com o microconto UM HOMEM BEM RESOLVIDO;
  • 2022- Classificada com menção honrosa no 34º Concurso Nacional de Contos Cidade de Araçatuba, com o conto O CORTEJO DA MARIA ROSA;
  • 2022- Classificada pela Editora Persona com o conto policial QUEM É A LETRA L;
  • 2022 - Classificada no Concurso da E-33 Editora, Série Verso e Prosa, Vol.2 Tema Vozes da Esperança, com o poema POR ONDE ANDAS, ESPERANÇA? ;
  • 2023 - Classificada na 15ª edição da Revista Literária ECOS da Palavra, com o poema VENTO;
  • 2023 - Classificada para coletânea de poetas brasileiros pela Editora Persona, com o poema CUEIROS;
  • 2023- Selecionada na 23ª ed. da revista Literária Inversos com tema "Valores Femininos e a relevância do empoderamento e do respeito da mulher na sociedade contemporânea", com o poema ISSO É MULHER;
  • 2023 - Classificada no Concurso de Contos de Humor, Editora Persona, com o conto O PÃO QUE O QUINZIM AMASSOU;
  • 2023 - Classificada no Concurso de Poesias Metafísica do Eu, Editora Persona, com o poema QUERO OLHOS ;
  • 2023 - Selecionada pra a 11ª Edição da Revista SerEsta, A vida e obra de Paulo Leminsk, com o poema EL BIGODON DE CURITIBA ;
  • 2023 - Classificada no 1º concurso de poesia do Jornal Maria Quitéria- BA, com o tema " Mãe, um verso de amor", com o poema UM MINUTO DE SILÊNCIO À ESSAS MULHERES MÃES;
  • 2023 - Selecionada para Antologia literária - Série Verso e Prosa. Vol. 4, tema Vozes da Solidão, editora E-33, com a crônica A MÃE;
  • 2023 - Selecionada para a 9ª ed. da Revista Mar de Lá, como poema O POETA E A AGULHA;
  • 2023 - Classificada no concurso de Prosa Poética , Editora Persona, com o texto QUERO DANÇAR UMA MÚSICA CONTIGO;
  • 2023 - Selecionada para Antologia literária - Série Verso e Prosa. Vol.5, tema Vozes do Sertão, editora E-33, com o poema IMAGEM DE OUTRORA;
  • 2023 - Selecionada para Antologia literária - Série Verso e Prosa. Vol.6, tema FÉ, Editora E-33, com o poema OUSADIA POÉTICA;
  • 2023 - CLASSIFICADA para a Antologia Embalos Literários, Editora Persona, com o conto SEM AVISAR;
  • 2023 - Classificada na 18ª edição da Revista Literária ECOS da Palavra, com o poema FLORES, com o poema O PODER DA ROSINHA;
  • 2023 - Selecionada para Antologia literária - Série Verso e Prosa. Vol.7, tema AMIZADE, Editora E-33, com o poema AMIZADE SINCERA;
  • 2023 - Classificada em 8ª posição no Prêmio Castro Alves, na 33ª ed. Concurso de Poesia com temática Espírita, com o poema SOLIDARIEDADE;
  • 2023 - Selecionada para Antologia literária - Série Verso e Prosa. Vol.8, Vozes da Liberdade, tema , Editora E-33, com o poema REVOADA;
  • 2023 - Classificada para a Antologia Desejos profundos - coletânea de textos eróticos , Editora Persona, com o poema AGASALHA-ME;
  • 2023 - Classificada para antologia Roteiros Adaptados 2023 - coletânea de textos baseados em filmes, Editora Persona, com o texto BARBIE, UMA BONECA UTILITÁRIA;
  • 2023 - PRIMEIRO LUGAR no Concurso , edital 003/2023 - Literatura - seleção de projetos inéditos, promovido pela Secretaria Municipal de Cultura de Araçatuba, com o livro infantojuvenil DENGOSO, O MOSQUITINHO ANTI-HERÓI;
  • 2024 - Selecionada para compor a Coletânea Cronistas Contemporâneo, pela Editora Persona, com o texto A CONSTRUÇÃO DE UMA PERSONAGEM;
  • 2024 - Classificada para 19ª edição da Revista Literária Ecos da Palavra, com o poema A PASSARINHA;
  • 2024 - Classificada para a 13ª edição da Revista Mar de Lá, com o poema O TORRADOR DE CAFÉ;
  • 2024 - Selecionada para compor a Coletânea "Um samba no pé, uma caneta na mão", tema carnaval, pela Editora Persona, com o poema DEIXA A VIDA TE LEVAR;
  • 2024 - Selecionada para compor a coletânea "Revisitando o Passado", promovido pelo Projeto Apparere, com a crônica COZINHA DE MEMÓRIA;
  • 2024 - Selecionada para compor a Coletânea de Poetas Brasileiros,2024, Editora Persona, com o poema IMAGEM DE OUTRORA;
  • 2024 - Selecionada para compor a Antologia JOGOS DO AMOR, promovida pela Revista Conexão Literária, com o tema O jogo do amor, poema classificado: TENHO MEDO;
  • 2024- Selecionada para 20ª ed. da Revista Literária Ecos da Palavra, com o tema INFÂNCIA, com o poema DEBAIXO DE UMA LARANJEIRA;
  • 2024 - Selecionada para compor a Coletânea SOB OSSOS E SERPENTES, da Tribus Editorial, com o conto, com 9.999 caracteres, O BEIJO DA SERPENTE,
  • 2024 - Selecionada para a 21ª Edição da Revista Literária Ecos da Palavra, com o poema REVOADAS;
  • 2024 - Selecionada para a Coletânea de poemas Intimistas Existencialistas, com o tema A Arte do Eu, promovido pela Editor Persona, com o poema GOTAS DA CHUVA ;
  • 2024 - Selecionada para compor a antologia NÓS , textos de autoria feminina pela SELO OFF FLIP, com a crônica MULHER, FONTE DA ÁGUA;
  • 2024 - Classificada na 27ª Edição do Concurso da Revista Literária Inversos, com o tema "Culinária Típica da Festa de São João", promovido pela Academia de Letras e Artes de Feira de Santana (ALAFS) e Academia Metropolitana de Letras e Artes, com o poema SEU ZEQUINHA NO SÃO JOÃO DO NORDESTE;
  • 2024 - Classificada no concurso Literário MEMÓRIAS DE AFETO, promovido pela Lítero Editorial, com o poema O TORRADOR DE CAFÉ;
  • 2024 - Selecionada para compor a 22ª edição da Revista Ecos da Palavra , temática Animais, com o texto ORAÇÃO DOS BICHINHOS ;
  • 2024 - Selecionada para compor a Coletânea de Microconto-2024, promovido pela Editora Persona, com o microconto ROSTO;
  • 2024 - Selecionada para compor a coletânea A POESIA SUBIU O MORRO, promovido pela Editora A Arte da Palavra, com o poema PERMITA-SE;
  • 2024 - Classificada para compor a Edição 23 da Revista Ecos da Palavra, com o poema QUANDO EU SENTIR;
  • 2024 - 2º classificada no 35º Concurso Nacional de Contos cidade de Araçatuba, com o conto IN VINO VERITAS;
  • 2024 - Classificada para compor a Coletânea Contistas Contemporâneos, 2024 - Editora Persona, com o conto NÃO FOI A PRIMEIRA VEZ;

segunda-feira, 11 de novembro de 2024

85ª classificação - conto NÃO FOI A PRIMEIRA VEZ

 


Não foi a primeira vez

                                                                                        Autora – Rita de Cássia Zuim Lavoyer

 

Joana jamais fora convidada para encontros com amigos. Tinha noção das suas condições e dos empecilhos que lhe dificultavam uma vida social digna. Um dia, Rodrigo, no pátio da escola, virou-se para ela sorrindo distraidamente. Foi aquele sorriso encantador dele que a desestruturou. Sorriso que ela tomou para si.  Foi o primeiro amor que sentiu e o imaginou eterno. Idealizou carinho. Sonhava um encontro com o seu pretendente. Ele mais jovem e Joana já era “de maior”, mas estavam na mesma classe porque ela havia reprovado um ano e desistido dois por conta do bullying que sofria.  

Meses tentando um contato, arquitetando pretextos para estar perto do mocinho. Ele não a percebida. O jovem não era grande coisa, mas na balança das necessidades ele lhe apetecia as esperanças de ser tocada, quiçá beijada.  Passou a forçar encontros. Foi perdendo a timidez, chegando mais perto, puxando conversa e arrumando um meio de, pelo menos, seus braços se tocarem, quando estavam próximos.

Um dia seu esforço não foi em vão. Não foi fácil, pois sabia que ele não a queria. Ele riu, combinou algo com ela e foi, gargalhando, contar para os colegas. 

Joana desejou-se atraente para o primeiro encontro marcado, embora desconfiasse que Rodrigo não iria. Arriscaria, mesmo sua voz interior infernizando-lhe a cabeça com a afirmativa: “Deixe de ser idiota! Ele não vai!”

Com a roupa não se importava. Ia com a mesma que sempre usava, parte integrante do seu corpo. Não possuía nada em sua casa que melhorasse sua aparência, seu cheiro. Somente o sabão dividido com o tanque e a pia da cozinha.  

Alucinada pelo desejo de ser querida, almejando seus cabelos e seu cheiro melhorados, entrou em uma farmácia.  Antes de o primeiro encontro acontecer, foi presa por roubar um frasco de xampu e um sabonete. Com os corretivos que recebeu na cadeia “para aprender a virar gente”, conforme dizia quem a acoitava, perdeu um olho. Libertaram-na, tempo depois, meio cega para a vida.

Saiu da prisão sonhando com aquele primeiro encontro. Não tinha certeza de que o rapaz havia comparecido, na ocasião, no local e hora marados, porém acreditava que suas possibilidades com ele, após a prisão, eram nenhuma.

 Para os pais, Joana tornou-se pesadelo. Pobres, juraram não serem ladrões e não admitiam uma ladra dentro de casa. Expulsa do pedaço de teto que a abrigava, abandonada, a vida fechou-se para ela, misturando-lhe os sentimentos. E, cega de ódio, amou ainda mais.

A cada amor experimentado em troca de abrigo e de comida, seu ventre se avolumava. E amava cada volume como se fosse o primeiro. Já estava com cinco filhos que ela sustentava sozinha, dando seus pulos.  

A fraqueza física que desenvolvia em razão das necessidades que passava tornou-se companheira da sua cegueira, mas não alterou sua audição. Ouviu que um hipermercado da cidade doaria os ossos à população após a desossa das partes dos bois que chegavam para abastecer o açougue.  A notícia atingiu-lhe o estômago. Armada de sacolas plásticas e de suas crianças, rumou àquele destino.  

A fila de famintos para conseguir uma faísca de osso era imensa. A voracidade dos braços para agarrar aquele alimento não possibilitou que Joana se aproximasse do seu desejo. Quando chegou sua vez já não havia nem o cheiro do que supôs alimento para a janta. 

Acomodou seus pequenos em um canto, deu-lhes recomendações e entrou no hipermercado. Voltaria com comida disse-lhes.  Não retornou. Os cinco menores foram recolhidos. Contataram os avós que os acolheram com carinho. “Estarão protegidos” alguém os acalmava , enquanto a mãe seguia presa pelo roubo de uma bandeja de carne, que sonhou para a janta das crianças. 

Apesar de defensores da acusada alegarem que ela estava na fila com os filhos para conseguir os ossos descartados, e que nada conseguira para comer, argumentando sobre a “ilegalidade de prisão para quem rouba para matar a fome”, a Juíza da causa, uma mulher de aparência distinta e faminta de justiça, apoiada no primeiro histórico da acusada, justificou sua prisão: “Não foi a primeira vez!” e a lembrança daquela primeira vez sobre o xampu e o sabonete surrou a alma da Joana com mais força do que antes.

Na sua segunda clausura, aquela mulher de pele e osso, com os sentimentos rasgados para “aprender a virar gente”, sentiu vontade de ser gente de verdade. Trocando experiências com as companheiras de cela, foi amadurecendo as ideias para entender qual o significado de “gente”. Chorava pelos filhos e decidiu que se esforçaria para ser “alguma coisa”.

Libertaram-na.  Agora, sabendo de muitas coisas, voltou para rua com outras visões. Mas antes queria se produzir, ficar atraente para os filhos. Queria tê-los novamente em seus braços, acariciá-los. Como gente, investiria em algo significativo, profissional, sem erros, tudo pelos filhos, seus amores eternos. Estava certa de que os seus trabalhos não seriam amadores como o da segunda vez, tampouco como o da primeira. 





quarta-feira, 2 de outubro de 2024

PERMITA-SE






POESIA CLASSIFICADA  NO CONCURSO LITERÁRIA "A POESIA SOBE O MORRO"





PERMITA-SE

 

Hei, cara, permita-me ser,

assim, do jeito que nasci.

Sou por mim tão querido!

Queremos, eu e meus iguais,

do mundo variegar o colorido.

Não julgamos nossas cores

melhores que a sua,

respeitamos-lhe a identidade. 

mas se juntar a sua às nossas,

elas ficarão ainda mais belas.

Permita que nos velhos olhares

despontem inspirações a uma nova aquarela.

Não busque impedir a biodiversidade,

o conviver com suas peculiaridades!

Somos, eu e os ativistas da nossa causa,

parte dela! Da natureza emanada!

Por que nos deseja extintos?

Em que o nosso biotipo o desagrada?

 

Hei, rapaz, permita-me,

com meus recursos, viver como sou,

deixar à vista o que de diferente há em mim,

em virtude do que a vida me doou,

para que, com a minha diferença,

eu possa dialogar pacificamente 

– aprender com alegria que também

 tenho talentos imanentes 

– fazer-me crer que com ela conseguirei

 apoios quando sentir tristezas,

– ser uma razão para que me respeitem

com as minhas verdades,

e, com ela a diferença –, redescobrir, 

nas minhas entranhas, minhas fortalezas.

Temos o que somos,

e estamos da justiça carentes.

Não tente! Não nos afugente da sociedade.

 

Hei, companheiro, permita-me

caminhar entre os seus

para que eu possa viver seguro

em companhia dos meus.

Não arme arapucas para nós,

rompendo-nos o passo.

Não nos apedreje, não nos sangre

e do nosso sonho não subtraia o espaço.

Não nos difame, não nos agrida as emoções,

ou o nosso sonhar.

Não nos dilacere a alma, não se permita,

por suas feridas, nos odiar.

Sou mais uma ave colorida com feição definida.

Por isso não me calo.

Além de querer melhorar o que sou,

descobri que consigo amá-lo. 

 

Hei, colega, permita-me dizer aos “perfeitos”,

que há tantos como eu, excluídos.

Mesmo sofrendo, respeitamos os que,

por conceitos não trazem olhares coloridos.

Feridos, renovamos nossa pluralidade.

Somos pássaros que da Paz trazemos o manto.

Pela graça da vida, estamos incluídos

nas diversidades para embelezá-las.

Não trazemos munições.

Nossas nuanças não querem

matar-lhe o canto!

Nas gaiolas dissimuladas,

compostas por aversões,

experimentamos os ferrões

e as navalhas dos que se dizem espadas,

viris, valentes, mas, em suas valas,

por seus transtornos, se automutilam

com seus sentimentos de rejeições.

 

Hei, permita-me chamá-lo de você, de meu irmão,

de meu amigo. Converse comigo!

Sei do meu gênero. Sabe do seu?

Sou todo zodíaco, da raça humana!

E você, é da “ariana”? 

Por que foge, se camufla e volta com bando

e em nós insufla sua violência?

O que dói no seu olhar, no seu corpo,

no seu pensamento, na sua existência

quando vê criação como eu?

Por que necessita agredir, com sua frieza,

a nossa natureza?

Incomoda-o não sermos formação

da mesma costela?

São imensas as nossas florestas.

Por que deseja que a sua intolerância

seja maior que elas?

Nelas cabem nossas cores,

nossos voos e nossos cantos!

Observe-as e apararemos nossas arestas!

 

Hei! Permita-me, com esse voo que é tão meu,

ser do gênero que eu quiser.

O meu voo, não precisa imitá-lo!

Sem resvalo, faça o seu como lhe apraz,

valorizando do seu voar o matiz.

Evite em você a cólera e não se faça juiz:

– não nos acuse, não nos julgue, não nos condene

por não gostar da cor do alheio arco-íris.

Sei que há diferenças entre nós

e isso muito o perturba, lhe é mordaz! Nota-se!

Assemelhemo-nos em alguma causa:

como eu, permita-se à felicidade. Seja sublime!

Que a arbitrariedade, por você, a nós imputada,

não seja a razão do seu crime.

Não manche de sangue suas mãos

por um preconceito que não nasceu com você.

 

 

Biografia de RITA DE CÁSSIA  ZUIM LAVOYER - Nasceu 02/02/1967. Formada em Economia e Mercado (Salesiano); Letras e Gastronomia (Unitoledo); Pós-graduada em Estudos Literários e Linguística (Unesp) e Psicopedagogia (Unitoledo). Poetisa, contista e cronista. Possui 11 livros publicados e até a presente data conta com 82 classificações em concursos literários nacionais.  


 


 

QUANDO EU SENTIR

 Poesia classificada na 23ª edição da Revista Ecos da Palavra , 2024


QUANDO EU SENTIR

 Rita Lavoyer 

Quando eu sentir que quero pecar,

permita-me que eu peque.

Quando eu sentir que preciso adormecer,

permita-me que eu adormeça.

Quando eu pressentir que preciso sonhar,

permita-me que eu sonhe.

Quando eu precisar entrar em delírio,

permita-me que eu delire.

Quando eu precisar acelerar o esquecimento,

permita-me que eu esqueça.

Quando eu quiser apagar o que restou na minha memória,

permita-me que eu apague.

Quando eu estiver vazia,

completamente cheia de nada,

absolutamente nada,

permita-se adentrar-me,

plantar-se nos meus espaços vagos.

Em mim adormeça, sonhe, delire,

explore o que lhe servir de lembrança.

Quando sentir que precisa sair de mim, saia,

levando-me toda consigo.

Enfim,

permita-se recordar de onde saiu

e para onde pode retornar

quando eu sentir

que quero novamente

pecar.

 

 

 







domingo, 15 de setembro de 2024

Permita-me - por Rita Lavoyer







 

BOLO DE BATATA-DOCE SEM GLÚTEN

 

BOLO DE BATATA-DOCE SEM GLÚTEM

 Por Rita Lavoyer 

Ontem, sábado, dia 14/09, decidi que faria algo diferente.

Sai para comprar a batata-doce, a farinha de arroz integral, porque não tem glúten, o leite de coco para substituir o leite de vaca integral, o desmoldante culinário (sem glúten) para evitar uso de outros insumos indesejáveis para a receita que pretendia para o bem-estar dos meus queridos familiares fofinhos. Amo-os por inteiro, mas é bom ajudá-los a diminuir as porçõezinhas que trazem a mais em suas belezas.

Enfim, fui preparar o tal de bolo de batata-doce com a farinha de arroz integral. Pensei: hoje verei meus amados se esbaldarem sem me sentir culpada pelas gulodices, que a MINHA FORÇA DE VONTADE  me obriga a preparar diuturnamente, para eles.

 A massa ficou linda:  batata-doce crua, ovos, leite de coco, queijo parmesão, óleo de girassol, fermento químico  e a farinha. Huum,  deu-me vontade de comê-la crua. Como esses tipos de vontade eu mato na hora, comi de colherada. Foi quando me dei conta que o meu paladar é feliz mesmo à moda antiga. O sabor nem chegou perto das deliciosas massas que preparo, esparramando farinha de trigo por toda a cozinha. Gosto de preparar alimentos farináceos com a minha blusinha preta, só para ficar toda branquinha na cozinha, com cara de padeira feliz dentro da sua padaria. UM DIA SEREI PADEIRA, CONFEITEIRA!

Calma, pensei, após assado, com os ingredientes mais incorporados, o  bolo ganhará novo sabor.

Como adoro ver o processo do assado em andamento, fico observando pela janela do forno o crescimento da massa acontecer diante dos meu olhos. Não há felicidade maior para uma cozinheira do que ver seu trabalho ser processado com sucesso. E foi! O bolo cresceu, e o desejo de ver o resultado pôs minha ansiedade em ação. Retirei a obra de arte no tempo que minha gulodice estipulou, desinformei, cortei e experimentei quente mesmo. O amargo que senti na colherada anterior acentuou após assado. Foi quando me dei conta, de novo, que o meu paladar é teimoso, radical , que é  feliz à moda antiga, com a farinha de trigo sob meu poder. Convidei meus queridos a experimentarem meu feito.  Não gostaram. Aí há uma vantagens.  Ficarão bom tempo sem comer por hoje, porque até às 13h só tinha feito o bolo.

“Vai ter o que de almoço?” Não me alongarei no assunto.

Hoje, domingo de manhã, fiz meu café, olhei para o bolo, a aparência não ficou grande coisa porque o tirei antes do tempo do forno,  ele sorriu deliciosamente para mim, conversamos um bom tempo à mesa.  Ele à disposição e eu me permitindo, entreguei-me a ele com tanto prazer que retirei o segundo (bolo) do armário – fiz dois, aqui em casa tudo tem que ser feito à medido de tachos.

Para não promover exclusão, cortei um, depois o outro, tomando um golinho de café, outro, pingando leite. A massa do bolo está uma esponja, um algodão que some na boca.  Passei manteiga bem gordurosa, depois um requeijão daqueles mais baratos à base de farinha com soro de leite e fui, a cada mordida, entendendo o processo lento da deliciosidade do bolo que preparei. Frio, os sabores dos ingredientes moldaram-se, permitindo-me saborear um conjunto artístico de insumos que consagrei sorrindo.  Não o comi inteiro porque não me coube, mas considerando que comi a metade de cada um, logo...

Enfim, saborear um bolo sem glúten é para os fortes que controlam a ansiedade e eu comi meu bolo sem dó. Aprender a cozinhar é meu lazer. Escrever sobre lazeres também é gratificante. Façam bolo sem glúten, comam dialogando com ele, entreguem-se a essa gulodice  e sejam felizes nessa recíproca integração.

Bom apetite!