Blog RITA LAVOYER - Rita de Cássia Zuim Lavoyer
Contos, minicontos, crônicas, poesias, nonsenses e outros assuntos que agradam e perturbam na mesma proporção, sempre ao meu estilo.
CLASSIFICAÇÕES EM CONCURSOS LITERÁRIOS
PREMIAÇÕES LITERÁRIAS
2007 - 1ª colocada no Concurso de poesia "Osmair Zanardi", promovido pela Academia Araçatubense de Letras, com a poesia O FILME;
2010 - Menção Honrosa no Concurso Nacional de Contos Cidade de Araçatuba, com o conto A CARTA;
2012 - 2ª classificada no Concurso Internacional de Contos Cidade de Araçatuba, com o conto O BEIJO DA SERPENTE;
2012 - 7ª colocado no concurso de blogs promovido pela Cia dos Blogueiros - Araçatuba-SP;
2014 - tEXTO selecionado pela UBE para ser publicado no Jornal O Escritor- edição 136 - 08/2014- A FLOR DE BRONZE //; 2014 – Menção honrosa Concurso Internacional de Contos Cidade de Araçatuba, com o conto LEITE QUENTE COM AÇÚCAR;
2015 – Menção honrosa no V Concurso Nacional de Contos cidade de Lins, com o conto MARCAS INDELÉVEIS;
2015 - PRIMEIRA CLASSIFICADA no 26º Concurso Nacional de Contos Paulo Leminski, Toledo-PR, com o conto SOB A TERRA SECA DOS TEUS OLHOS;
2015 - Recebeu voto de aplausos pela Câmara Municipal de Araçatuba;
2016 – 2ª classificada no Concurso Nacional de contos Cidade de Araçatuba com o conto A ANTAGONISTA DO SUJEITO INDETERMINADO;
2016 - classificada no X CLIPP - concurso literário de Presidente Prudente Ruth Campos, categoria poesia, com o poema AS TUAS MÃOS.
2016 - 3ª classificada na AFEMIL- Concurso Nacional de crônicas da Academia Feminina Mineira de Letras, com a crônica PLANETA MULHER;
2012 - Recebeu o troféu Odete Costa na categoria Literatura
2017 - Recebeu o troféu Odete Costa na categoria Literatura
2017 - 13ª classificada no TOP 35, na 4ª semana de abril de microconto Escambau;
2017 - Classificada no 7º Concurso de microconto de humor de Piracicaba.
2017 - 24ª classificada no TOP 35, na 2ª semana de outubro de microconto Escambau;
2017 - 15ª classificada no TOP 35, na 3ª semana de outubro de microconto Escambau;
2017 - 1ª classificada no concurso de Poesia "Osmair Zanardi", promovido pela Academia Araçatubense de Letras, com a poesia PERMITA-SE;
2017 - 11ª classificada no TOP 35, na 4ª semana de outubro de microconto Escambau;
2018 - 24ª classificada no TOP 35, na 3ª semana de janeiro de microconto Escambau;
2018 - Menção honrosa na 4ª edição da Revista Inversos, maio/ com o tema Crianças da África - Poesia classificada BORBOLETAS AFRICANAS ;
2018 - 31ª classificada no TOP 35, na 4ª semana de janeiro de microconto Escambau;
2018 - 32ª classificada no TOP 35, na 4ª semana de janeiro de microconto Escambau;
2018 - 5ª classificada no TOP 7, na 1ª semana de junho de microconto Escambau;
2018 - 32ª classificada no TOP 35, na 3ª semana - VII de junho de microconto Escambau;
2019 - Classificada para antologia de suspense -segundo semestre - da Editora Jogo de Palavras, com o texto OLHO PARA O GATO ;
2019 - Menção honrosa no 32º Concurso de Contos Cidade de Araçatuba-SP, com o conto REFLEXOS DO SILÊNCIO;
2020 - 29ª classificada no TOP 35, na 4ª semana - VIII de Prêmio Microconto Escambau;
2020 - Menção honrosa no 1º Concurso Internacional de Literatura Infantil da Revista Inversos, com o poema sobre bullying: SUPERE-SE;
2020 - Classificada no Concurso de Poesias Revista Tremembé, com o poema: QUANDO A SENHORA VELHICE VIER ME VISITAR;
2020 - 3ª Classificada no III Concurso de Contos de Lins-SP, com o conto DIÁLOGO ENTRE DUAS RAZÕES;
2020 - 2ª Classificada no Concurso de crônicas da Academia Mogicruzense de História Artes e Letras (AMHAL), com a crônica COZINHA DE MEMÓRIA
CLASSIFICAÇÕES EM CONCURSOS
- 2021 - Selecionada para a 6ª edição da revista SerEsta - A VIDA E OBRA DE MANUEL BANDEIRA , com o texto INILUDÍVEL ;
- 2021 Selecionada para a 7ª edição da revista SerEsta - A VIDA E A OBRA DE CECÍLIA MEIRELES com o texto MEU ROSTO, MINHA CARA;
- 2021 - Classificada no 56º FEMUP - com a poesia PREPARO A POESIA;
- 2021 - Classificada na 7ª ed. da Revista Ecos da Palavra, com o poema CUEIROS ;
- 2021 - Classificada na 8ª ed. da Revista Ecos da palavra, cujo tema foi "O tempo e a saudade são na verdade um relógio". Poema classificado LIBERTE O TEMPO;
- 2022 - Classificada no 1º Concurso Nacional de Marchinhas de Carnaval de Araçatuba, com as Marchinhas EU LEIO e PÉ DE PITOMBA;
- 2022 - Menção honrosa na 8ª edição da Revista SerEsta, a vida e obra de Carlos Drummond de Andrade , com o texto DIABO DE SETE FACES;
- 2022 - Classificada na 10ª ed. Revista Ecos da Palavra, tema mulher e mãe, com o texto PLANETA MULHER;
- 2022 - Classificada na 20ª ed. Revista Inversos, tema: A situação do afrodescendente no Brasil, com o texto PARA PAGAR O QUE NÃO DEVO;
- 2022 - Classificada na 12ª ed. Revista Ecos da Palavra, tema Café, com o poema O TORRADOR DE CAFÉ;
- 2022 - selecionada para 1ª antologia de Prosa Poética, pela Editora Persona, com o texto A FLOR DE BRONZE;
- 2022 - Selecionada para 13ª edição da Revista Ecos da Palavra, tema MAR, com o poema MAR EM BRAILLE;
- 2022 - Classificada para 2ª edição da Revista Mar de Lá, com o tema Mar, com o poema MAR EM BRAILLE;
- 2022 - Classificada para 3ª Ed. da Revista Mar de Lá com o microconto UM HOMEM BEM RESOLVIDO;
- 2022- Classificada com menção honrosa no 34º Concurso Nacional de Contos Cidade de Araçatuba, com o conto O CORTEJO DA MARIA ROSA;
- 2022- Classificada pela Editora Persona com o conto policial QUEM É A LETRA L;
- 2022 - Classificada no Concurso da E-33 Editora, Série Verso e Prosa, Vol.2 Tema Vozes da Esperança, com o poema POR ONDE ANDAS, ESPERANÇA? ;
- 2023 - Classificada na 15ª edição da Revista Literária ECOS da Palavra, com o poema VENTO;
- 2023 - Classificada para coletânea de poetas brasileiros pela Editora Persona, com o poema CUEIROS;
- 2023- Selecionada na 23ª ed. da revista Literária Inversos com tema "Valores Femininos e a relevância do empoderamento e do respeito da mulher na sociedade contemporânea", com o poema ISSO É MULHER;
- 2023 - Classificada no Concurso de Contos de Humor, Editora Persona, com o conto O PÃO QUE O QUINZIM AMASSOU;
- 2023 - Classificada no Concurso de Poesias Metafísica do Eu, Editora Persona, com o poema QUERO OLHOS ;
- 2023 - Selecionada pra a 11ª Edição da Revista SerEsta, A vida e obra de Paulo Leminsk, com o poema EL BIGODON DE CURITIBA ;
- 2023 - Classificada no 1º concurso de poesia do Jornal Maria Quitéria- BA, com o tema " Mãe, um verso de amor", com o poema UM MINUTO DE SILÊNCIO À ESSAS MULHERES MÃES;
- 2023 - Selecionada para Antologia literária - Série Verso e Prosa. Vol. 4, tema Vozes da Solidão, editora E-33, com a crônica A MÃE;
- 2023 - Selecionada para a 9ª ed. da Revista Mar de Lá, como poema O POETA E A AGULHA;
- 2023 - Classificada no concurso de Prosa Poética , Editora Persona, com o texto QUERO DANÇAR UMA MÚSICA CONTIGO;
- 2023 - Selecionada para Antologia literária - Série Verso e Prosa. Vol.5, tema Vozes do Sertão, editora E-33, com o poema IMAGEM DE OUTRORA;
- 2023 - Selecionada para Antologia literária - Série Verso e Prosa. Vol.6, tema FÉ, Editora E-33, com o poema OUSADIA POÉTICA;
- 2023 - CLASSIFICADA para a Antologia Embalos Literários, Editora Persona, com o conto SEM AVISAR;
- 2023 - Classificada na 18ª edição da Revista Literária ECOS da Palavra, com o poema FLORES, com o poema O PODER DA ROSINHA;
- 2023 - Selecionada para Antologia literária - Série Verso e Prosa. Vol.7, tema AMIZADE, Editora E-33, com o poema AMIZADE SINCERA;
- 2023 - Classificada em 8ª posição no Prêmio Castro Alves, na 33ª ed. Concurso de Poesia com temática Espírita, com o poema SOLIDARIEDADE;
- 2023 - Selecionada para Antologia literária - Série Verso e Prosa. Vol.8, Vozes da Liberdade, tema , Editora E-33, com o poema REVOADA;
- 2023 - Classificada para a Antologia Desejos profundos - coletânea de textos eróticos , Editora Persona, com o poema AGASALHA-ME;
- 2023 - Classificada para antologia Roteiros Adaptados 2023 - coletânea de textos baseados em filmes, Editora Persona, com o texto BARBIE, UMA BONECA UTILITÁRIA;
- 2023 - PRIMEIRO LUGAR no Concurso , edital 003/2023 - Literatura - seleção de projetos inéditos, promovido pela Secretaria Municipal de Cultura de Araçatuba, com o livro infantojuvenil DENGOSO, O MOSQUITINHO ANTI-HERÓI;
- 2024 - Selecionada para compor a Coletânea Cronistas Contemporâneo, pela Editora Persona, com o texto A CONSTRUÇÃO DE UMA PERSONAGEM;
- 2024 - Classificada para 19ª edição da Revista Literária Ecos da Palavra, com o poema A PASSARINHA;
- 2024 - Classificada para a 13ª edição da Revista Mar de Lá, com o poema O TORRADOR DE CAFÉ;
- 2024 - Selecionada para compor a Coletânea "Um samba no pé, uma caneta na mão", tema carnaval, pela Editora Persona, com o poema DEIXA A VIDA TE LEVAR;
- 2024 - Selecionada para compor a coletânea "Revisitando o Passado", promovido pelo Projeto Apparere, com a crônica COZINHA DE MEMÓRIA;
- 2024 - Selecionada para compor a Coletânea de Poetas Brasileiros,2024, Editora Persona, com o poema IMAGEM DE OUTRORA;
- 2024 - Selecionada para compor a Antologia JOGOS DO AMOR, promovida pela Revista Conexão Literária, com o tema O jogo do amor, poema classificado: TENHO MEDO;
- 2024- Selecionada para 20ª ed. da Revista Literária Ecos da Palavra, com o tema INFÂNCIA, com o poema DEBAIXO DE UMA LARANJEIRA;
- 2024 - Selecionada para compor a Coletânea SOB OSSOS E SERPENTES, da Tribus Editorial, com o conto, com 9.999 caracteres, O BEIJO DA SERPENTE,
- 2024 - Selecionada para a 21ª Edição da Revista Literária Ecos da Palavra, com o poema REVOADAS;
- 2024 - Selecionada para a Coletânea de poemas Intimistas Existencialistas, com o tema A Arte do Eu, promovido pela Editor Persona, com o poema GOTAS DA CHUVA ;
- 2024 - Selecionada para compor a antologia NÓS , textos de autoria feminina pela SELO OFF FLIP, com a crônica MULHER, FONTE DA ÁGUA;
- 2024 - Classificada na 27ª Edição do Concurso da Revista Literária Inversos, com o tema "Culinária Típica da Festa de São João", promovido pela Academia de Letras e Artes de Feira de Santana (ALAFS) e Academia Metropolitana de Letras e Artes, com o poema SEU ZEQUINHA NO SÃO JOÃO DO NORDESTE;
- 2024 - Classificada no concurso Literário MEMÓRIAS DE AFETO, promovido pela Lítero Editorial, com o poema O TORRADOR DE CAFÉ;
- 2024 - Selecionada para compor a 22ª edição da Revista Ecos da Palavra , temática Animais, com o texto ORAÇÃO DOS BICHINHOS ;
- 2024 - Selecionada para compor a Coletânea de Microconto-2024, promovido pela Editora Persona, com o microconto ROSTO;
- 2024 - Selecionada para compor a coletânea A POESIA SUBIU O MORRO, promovido pela Editora A Arte da Palavra, com o poema PERMITA-SE;
- 2024 - Classificada para compor a Edição 23 da Revista Ecos da Palavra, com o poema QUANDO EU SENTIR;
- 2024 - 2º classificada no 35º Concurso Nacional de Contos cidade de Araçatuba, com o conto IN VINO VERITAS;
- 2024 - Classificada para compor a Coletânea Contistas Contemporâneos, 2024 - Editora Persona, com o conto NÃO FOI A PRIMEIRA VEZ;
quarta-feira, 20 de novembro de 2024
segunda-feira, 11 de novembro de 2024
85ª classificação - conto NÃO FOI A PRIMEIRA VEZ
Não foi a primeira vez
Autora – Rita de Cássia Zuim
Lavoyer
Joana jamais fora convidada para encontros
com amigos. Tinha noção das suas condições e dos empecilhos que lhe
dificultavam uma vida social digna. Um dia, Rodrigo, no pátio da escola,
virou-se para ela sorrindo distraidamente. Foi aquele sorriso encantador dele que
a desestruturou. Sorriso que ela tomou para si.
Foi o primeiro amor que sentiu e o imaginou eterno. Idealizou carinho.
Sonhava um encontro com o seu pretendente. Ele mais jovem e Joana já era “de
maior”, mas estavam na mesma classe porque ela havia reprovado um ano e
desistido dois por conta do bullying que sofria.
Meses tentando um contato, arquitetando
pretextos para estar perto do mocinho. Ele não a percebida. O jovem não era
grande coisa, mas na balança das necessidades ele lhe apetecia as esperanças de
ser tocada, quiçá beijada. Passou a
forçar encontros. Foi perdendo a timidez, chegando mais perto, puxando conversa
e arrumando um meio de, pelo menos, seus braços se tocarem, quando estavam
próximos.
Um dia seu esforço não foi em vão. Não foi
fácil, pois sabia que ele não a queria. Ele riu, combinou algo com ela e foi, gargalhando,
contar para os colegas.
Joana desejou-se atraente para o primeiro
encontro marcado, embora desconfiasse que Rodrigo não iria. Arriscaria, mesmo
sua voz interior infernizando-lhe a cabeça com a afirmativa: “Deixe de ser
idiota! Ele não vai!”
Com a roupa não se importava. Ia com a
mesma que sempre usava, parte integrante do seu corpo. Não possuía nada em sua
casa que melhorasse sua aparência, seu cheiro. Somente o sabão dividido com o
tanque e a pia da cozinha.
Alucinada pelo desejo de ser querida, almejando
seus cabelos e seu cheiro melhorados, entrou em uma farmácia. Antes de o primeiro encontro acontecer, foi
presa por roubar um frasco de xampu e um sabonete. Com os corretivos que
recebeu na cadeia “para aprender a virar gente”, conforme dizia quem a
acoitava, perdeu um olho. Libertaram-na, tempo depois, meio cega para a vida.
Saiu da prisão sonhando com aquele
primeiro encontro. Não tinha certeza de que o rapaz havia comparecido, na
ocasião, no local e hora marados, porém acreditava que suas possibilidades com
ele, após a prisão, eram nenhuma.
Para os pais, Joana tornou-se pesadelo.
Pobres, juraram não serem ladrões e não admitiam uma ladra dentro de casa.
Expulsa do pedaço de teto que a abrigava, abandonada, a vida fechou-se para
ela, misturando-lhe os sentimentos. E, cega de ódio, amou ainda mais.
A cada amor experimentado em troca de
abrigo e de comida, seu ventre se avolumava. E amava cada volume como se fosse
o primeiro. Já estava com cinco filhos que ela sustentava sozinha, dando seus
pulos.
A fraqueza física que desenvolvia em razão
das necessidades que passava tornou-se companheira da sua cegueira, mas não
alterou sua audição. Ouviu que um hipermercado da cidade doaria os ossos à
população após a desossa das partes dos bois que chegavam para abastecer o
açougue. A notícia atingiu-lhe o
estômago. Armada de sacolas plásticas e de suas crianças, rumou àquele destino.
A fila de famintos para conseguir uma
faísca de osso era imensa. A voracidade dos braços para agarrar aquele alimento
não possibilitou que Joana se aproximasse do seu desejo. Quando chegou sua vez
já não havia nem o cheiro do que supôs alimento para a janta.
Acomodou seus pequenos em um canto,
deu-lhes recomendações e entrou no hipermercado. Voltaria com comida – disse-lhes. Não
retornou. Os cinco menores foram recolhidos. Contataram os avós que os
acolheram com carinho. “Estarão protegidos” – alguém
os acalmava – , enquanto a mãe seguia presa pelo
roubo de uma bandeja de carne, que sonhou para a janta das crianças.
Apesar de defensores da acusada alegarem
que ela estava na fila com os filhos para conseguir os ossos descartados, e que
nada conseguira para comer, argumentando sobre a “ilegalidade de prisão para
quem rouba para matar a fome”, a Juíza da causa, uma mulher de aparência
distinta e faminta de justiça, apoiada no primeiro histórico da acusada,
justificou sua prisão: “Não foi a primeira vez!” e a lembrança daquela primeira
vez sobre o xampu e o sabonete surrou a alma da Joana com mais força do que
antes.
Na sua segunda clausura, aquela mulher de
pele e osso, com os sentimentos rasgados para “aprender a virar gente”, sentiu
vontade de ser gente de verdade. Trocando experiências com as companheiras de
cela, foi amadurecendo as ideias para entender qual o significado de “gente”. Chorava
pelos filhos e decidiu que se esforçaria para ser “alguma coisa”.
Libertaram-na. Agora, sabendo de muitas coisas, voltou para
rua com outras visões. Mas antes queria se produzir, ficar atraente para os
filhos. Queria tê-los novamente em seus braços, acariciá-los. Como gente, investiria
em algo significativo, profissional, sem erros, tudo pelos filhos, seus amores
eternos. Estava certa de que os seus trabalhos não seriam amadores como o da
segunda vez, tampouco como o da primeira.
quarta-feira, 30 de outubro de 2024
quarta-feira, 2 de outubro de 2024
PERMITA-SE
PERMITA-SE
Hei, cara, permita-me
ser,
assim, do jeito que
nasci.
Sou por mim tão querido!
Queremos, eu e meus
iguais,
do mundo variegar o
colorido.
Não julgamos nossas cores
melhores que a sua,
respeitamos-lhe a
identidade.
mas se juntar a sua às
nossas,
elas ficarão ainda mais
belas.
Permita que nos velhos
olhares
despontem inspirações a
uma nova aquarela.
Não busque impedir a
biodiversidade,
o conviver com suas
peculiaridades!
Somos, eu e os ativistas
da nossa causa,
parte dela! Da natureza
emanada!
Por que nos deseja
extintos?
Em que o nosso biotipo o
desagrada?
Hei, rapaz, permita-me,
com meus recursos, viver
como sou,
deixar à vista o que de
diferente há em mim,
em virtude do que a vida
me doou,
para que, com a minha
diferença,
eu possa dialogar
pacificamente
– aprender com alegria
que também
tenho talentos imanentes
– fazer-me crer que com
ela conseguirei
apoios quando sentir tristezas,
– ser uma razão para que
me respeitem
com as minhas verdades,
e, com ela – a diferença –, redescobrir,
nas minhas entranhas,
minhas fortalezas.
Temos o que somos,
e estamos da justiça
carentes.
Não tente! Não nos
afugente da sociedade.
Hei, companheiro,
permita-me
caminhar entre os seus
para que eu possa viver
seguro
em companhia dos meus.
Não arme arapucas para
nós,
rompendo-nos o passo.
Não nos apedreje, não nos
sangre
e do nosso sonho não
subtraia o espaço.
Não nos difame, não nos
agrida as emoções,
ou o nosso sonhar.
Não nos dilacere a alma,
não se permita,
por suas feridas, nos
odiar.
Sou mais uma ave colorida
com feição definida.
Por isso não me calo.
Além de querer melhorar o
que sou,
descobri que consigo
amá-lo.
Hei, colega, permita-me
dizer aos “perfeitos”,
que há tantos como eu,
excluídos.
Mesmo sofrendo,
respeitamos os que,
por conceitos não trazem
olhares coloridos.
Feridos, renovamos nossa
pluralidade.
Somos pássaros que da Paz
trazemos o manto.
Pela graça da vida,
estamos incluídos
nas diversidades para
embelezá-las.
Não trazemos munições.
Nossas nuanças não querem
matar-lhe o canto!
Nas gaiolas dissimuladas,
compostas por aversões,
experimentamos os ferrões
e as navalhas dos que se
dizem espadas,
viris, valentes, mas, em
suas valas,
por seus transtornos, se automutilam
com seus sentimentos de
rejeições.
Hei, permita-me chamá-lo
de você, de meu irmão,
de meu amigo. Converse
comigo!
Sei do meu gênero. Sabe
do seu?
Sou todo zodíaco, da raça
humana!
E você, é da “ariana”?
Por que foge, se camufla
e volta com bando
e em nós insufla sua
violência?
O que dói no seu olhar,
no seu corpo,
no seu pensamento, na sua
existência
quando vê criação como
eu?
Por que necessita
agredir, com sua frieza,
a nossa natureza?
Incomoda-o não sermos
formação
da mesma costela?
São imensas as nossas
florestas.
Por que deseja que a sua
intolerância
seja maior que elas?
Nelas cabem nossas cores,
nossos voos e nossos
cantos!
Observe-as e apararemos
nossas arestas!
Hei! Permita-me, com esse
voo que é tão meu,
ser do gênero que eu
quiser.
O meu voo, não precisa
imitá-lo!
Sem resvalo, faça o seu
como lhe apraz,
valorizando do seu voar o
matiz.
Evite em você a cólera e
não se faça juiz:
– não nos acuse, não nos
julgue, não nos condene
por não gostar da cor do
alheio arco-íris.
Sei que há diferenças
entre nós
e isso muito o perturba,
lhe é mordaz! Nota-se!
Assemelhemo-nos em alguma
causa:
como eu, permita-se à
felicidade. Seja sublime!
Que a arbitrariedade, por
você, a nós imputada,
não seja a razão do seu
crime.
Não manche de sangue suas
mãos
por um preconceito que
não nasceu com você.
Biografia de RITA DE
CÁSSIA ZUIM LAVOYER - Nasceu 02/02/1967.
Formada em Economia e Mercado (Salesiano); Letras e Gastronomia (Unitoledo);
Pós-graduada em Estudos Literários e Linguística (Unesp) e Psicopedagogia
(Unitoledo). Poetisa, contista e cronista. Possui 11 livros publicados e até a
presente data conta com 82 classificações em concursos literários nacionais.
QUANDO EU SENTIR
Poesia classificada na 23ª edição da Revista Ecos da Palavra , 2024
QUANDO EU SENTIR
Rita Lavoyer
Quando eu sentir que quero pecar,
permita-me que eu peque.
Quando eu sentir que preciso adormecer,
permita-me que eu adormeça.
Quando eu pressentir que preciso sonhar,
permita-me que eu sonhe.
Quando eu precisar entrar em delírio,
permita-me que eu delire.
Quando eu precisar acelerar o esquecimento,
permita-me que eu esqueça.
Quando eu quiser apagar o que restou na minha memória,
permita-me que eu apague.
Quando eu estiver vazia,
completamente cheia de nada,
absolutamente nada,
permita-se adentrar-me,
plantar-se nos meus espaços vagos.
Em mim adormeça, sonhe, delire,
explore o que lhe servir de lembrança.
Quando sentir que precisa sair de mim, saia,
levando-me toda consigo.
Enfim,
permita-se recordar de onde saiu
e para onde pode retornar
quando eu sentir
que quero novamente
pecar.
domingo, 15 de setembro de 2024
BOLO DE BATATA-DOCE SEM GLÚTEN
BOLO DE BATATA-DOCE SEM GLÚTEM
Ontem, sábado, dia 14/09, decidi que faria algo diferente.
Sai para comprar a batata-doce, a farinha de arroz integral,
porque não tem glúten, o leite de coco para substituir o leite de vaca
integral, o desmoldante culinário (sem glúten) para evitar uso de outros
insumos indesejáveis para a receita que pretendia para o bem-estar dos meus
queridos familiares fofinhos. Amo-os por inteiro, mas é bom ajudá-los a diminuir
as porçõezinhas que trazem a mais em suas belezas.
Enfim, fui preparar o tal de bolo de batata-doce com a
farinha de arroz integral. Pensei: hoje verei meus amados se esbaldarem sem me
sentir culpada pelas gulodices, que a MINHA FORÇA DE VONTADE me obriga a preparar diuturnamente, para eles.
A massa ficou linda: batata-doce crua, ovos, leite de coco, queijo
parmesão, óleo de girassol, fermento químico e a farinha. Huum, deu-me vontade de comê-la crua. Como esses
tipos de vontade eu mato na hora, comi de colherada. Foi quando me dei conta
que o meu paladar é feliz mesmo à moda antiga. O sabor nem chegou perto das deliciosas
massas que preparo, esparramando farinha de trigo por toda a cozinha. Gosto de
preparar alimentos farináceos com a minha blusinha preta, só para ficar toda
branquinha na cozinha, com cara de padeira feliz dentro da sua padaria. UM DIA
SEREI PADEIRA, CONFEITEIRA!
Calma, pensei, após assado, com os ingredientes mais incorporados,
o bolo ganhará novo sabor.
Como adoro ver o processo do assado em andamento, fico observando
pela janela do forno o crescimento da massa acontecer diante dos meu olhos. Não
há felicidade maior para uma cozinheira do que ver seu trabalho ser processado
com sucesso. E foi! O bolo cresceu, e o desejo de ver o resultado pôs minha
ansiedade em ação. Retirei a obra de arte no tempo que minha gulodice
estipulou, desinformei, cortei e experimentei quente mesmo. O amargo que senti
na colherada anterior acentuou após assado. Foi quando me dei conta, de novo,
que o meu paladar é teimoso, radical , que é feliz à moda antiga, com a farinha de trigo
sob meu poder. Convidei meus queridos a experimentarem meu feito. Não gostaram. Aí há uma vantagens. Ficarão bom tempo sem comer por hoje, porque até
às 13h só tinha feito o bolo.
“Vai ter o que de almoço?” Não me alongarei no assunto.
Hoje, domingo de manhã, fiz meu café, olhei para o bolo, a aparência
não ficou grande coisa porque o tirei antes do tempo do forno, ele sorriu deliciosamente para mim,
conversamos um bom tempo à mesa. Ele à
disposição e eu me permitindo, entreguei-me a ele com tanto prazer que retirei
o segundo (bolo) do armário – fiz dois, aqui em casa tudo tem que ser feito à
medido de tachos.
Para não promover exclusão, cortei um, depois o outro,
tomando um golinho de café, outro, pingando leite. A massa do bolo está uma
esponja, um algodão que some na boca. Passei
manteiga bem gordurosa, depois um requeijão daqueles mais baratos à base de
farinha com soro de leite e fui, a cada mordida, entendendo o processo lento da
deliciosidade do bolo que preparei. Frio, os sabores dos ingredientes moldaram-se,
permitindo-me saborear um conjunto artístico de insumos que consagrei sorrindo.
Não o comi inteiro porque não me coube,
mas considerando que comi a metade de cada um, logo...
Enfim, saborear um bolo sem glúten é para os fortes que
controlam a ansiedade e eu comi meu bolo sem dó. Aprender a cozinhar é meu
lazer. Escrever sobre lazeres também é gratificante. Façam bolo sem glúten,
comam dialogando com ele, entreguem-se a essa gulodice e sejam felizes nessa recíproca integração.
Bom apetite!