Escutem como foi, todos Josés, a história que vou lhes contar. A Maria, daquele João, encontrou-se com um bom José.
O José, que era tão puro, apaixonou-se por Maria.
Me lembro quando ela gritou, mas o João não a ouviu. José a ergueu com o seu amor. Fortalecia, ela o traiu.
Desculpe, meu bom José, mas a Maria não o merecia.
Casar-se com a Rute ou com a Ester, meu bom José, você podia. Mas só a Maria é quem mostrava o cheiro e o gosto de mulher.
Ah, José!
Meu bom José você talhou uma mulher pra não ser sua, porque a Maria descobriu o amor sujo que há na rua.
Por que será, meu bom José, que a Maria um dia veio, chorar no ombro que era seu, mas do João não se esqueceu.
Você podia, simplesmente, tê-la mandado embora, mas o José não é o João, e agora no exílio chora.
Meu bom José você esconde, o gosto amargo do desprezo, porque a Maria é igual ao João, ambos não têm corações. São personagens do Poeta das Multidões.
Os dois não prestam, não são nada. E não merecem o seu choro. O seu amor tem qualidade, vale mais que qualquer ouro.
Me lembro a história que contei sobre a Maria e o João. Ela, na vida, rodopiou, pois somente o João ela amou. Meu bom José, meu pobre amigo, outras Marias existem iguais. Não chore mais, meu bom José, aqui se paga o que se faz.
Se ela não quer o seu amor, deixe-a voltar para o João. Um traste precisa do outro; um para ser palco, o outro chão.
Agora está, novamente, lá, na fila do João, esperando chegar aquela hora de o João meter-lhe a espora.
Ela saiu tão machucada, daquela roda, daquele João. Achou a chave pra outra vida, mas foi você, meu bom José, que fez Maria ser mulher.
Hoje, ela não é nada, muito menos nome tem. Ela é a Maria do João, amigo José, como as outras que ele retém. Mas o teu nome o põe de pé, você é um homem, meu bom José.
Aquele João é todo barro; você, jacarandá. Será nos galhos de sua tala que o João irá matá-la.
A sua história se repete, meu bom José, todos os dias. Ainda bem que, de vocês, não nasceu um único filho. Daquele ventre de Maria, nada podia germinar.
Mas se viesse a acontecer, hoje, na cruz, era você José, a outra história recomeçar.
Desse seu peito atravessado, a Maria há de sair pra você poder viver. Portanto, não lamente a sua dor, porque um Homem, melhor que ela, José, morreu por seu amor.
3 comentários:
O texto da Maria e João me chamou a atenção pela intertextualidade. O complemento, ou a versão neste texto me remete a um outra intertrextualidade porém, a partir de uma outra ótica. Esse seu viés, mostrando o outro lado da coisa é que torna a leitura de seus textos interessante e deliciosos de serem lidos.
Parabéns novamente.
Paulo Roberto
Eu gosto de fazr visitas aos blogs e ler os textos dos autores, Acho isso muito interessante. Mas falar verdade. Êta Maria safada essa que a senhora inventou, eim.
Oi Rita!
Belo blog... Saudades de você!
Beijão.
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