Santa oração, proteja a criança que está para nascer, santificada seja o seu silêncio cada vez que alguém vier repreendê-la, pois se for uma menina-mulher, menos ainda deverá falar para não morrer no ninho.
Agora, contínua oração à criança que nasceu, vá acompanhá-la em sua calada ainda mais por que: “escreveu não leu o pau comeu” é lema da geração em cuja época, esta criança veio na contramão.
Já aprendeu a andar, oh, oração! Fique mais fervorosa para, se ela cair, se levantar. Mais ainda, oração bendita, feche a boca dessa menina para ela falar bem pouco, e se vier a contrariar as regras a ela imposta, querendo se fazer absoluta, que venham homens bem nobres e rompam os seus períodos justapondo-a aos loucos para, que lá, ela se coordene.
Oh, oração poderosa, ela conseguiu chegar a uma idade que sabe a diferença entre ela e o outro, fecha o seu o corpo, oh, correta oração! E se ela descobrir o que traz em si, que se ajoelhe e se flagele para do pecado se redimir. Agora que está crescida e, com os pecados do corpo à mostra é tempo de achar esposo, não importa se gosta ou quer. Com o corpo já feito que está, é hora de virar mulher.
Oh, querida oração que foi consumada até agora. Essa mulher com esposo e filhos honrará o título de senhora, pois nos laços da família ela aprendeu a rezar e, se as dificuldades chegarem ao seu lar, que ela saiba se recolher, ajoelhar e chorar.
Oh, perfeita oração que acompanha esta senhora com tantos filhos nos braços, dai a ela a fortaleza de saber, em seu silêncio, engolir tanta pobreza. Essa mulher é invencível; no lar, é pau para toda obra. Quanto mais ela se cala, mais a vida lhe cobra.
Em cada oração que ela faz ajoelhada, agradece aos sofrimentos, ela os julga bom remédio purificador da sua alma. Já, com tanta idade ainda é arrimo de família, pois aquele com quem se casou há muito tempo deixou-a sozinha para cuidar dos filhos, sofrer e orar.
Oh, oração abençoada que sai do silêncio dessa mulher, dê a ela muita força para carregar, além dos netos, tanta doença que a acometeram. Ela semeou o pão, mas foram os seus filhos que comeram; a ela nada sobrou além da esperança e a fé na oração. Ela acredita que está na privação a salvação da sua vida.
Oh, oração serena que ela faz quando se deita para descansar. Não permita que seu corpo pare nessa altura, seria um contrassenso, ela sabe que a vida ainda quer muitos anos de seu silêncio.
E que ela continue cada vez mais calada, oh, oração fraterna, abençoe essa mobilha indispensável em uma casa, com o seu salário de fome sustenta tantos homens.
Oh, oração amiga que sustentou essa mulher no suporte do sigilo; ela que morreu tantas vezes no silencio que a clama, se doou e, ainda se doa do resto que lhe sobra, para poder ver livre aqueles que tanto ama.
Oh, oração infinita, à esta mártir tão mulher, renda-lhe as palavras e a eleve em sua glória. A ela não resta mais nada e a sua história aqui se finda. Canonize-a para que ela seja as palavras de abertura, conteúdo das orações de súplicas de tantas mulheres interrompidas numa vida de clausura.
Um momento de silêncio para tantas que se vão deixando aos seus queridos, como legado, a oração.
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