Os olhares, furtivos. Desejos atrás da porta em disfarces evidentes. Recatados. Assim um ao outro se viam. Não houve como. Nos olhares se avistaram. Ali mesmo se acharam, mas não se encontravam no termômetro do contratempo.
Foi amor-amor. Retraídos neste sentimento, comiam-se com os olhares em cada soturna despedida. Cada voz sempre abafada no desejo de um toque de pele com pele.
_ Quando? Assim o silêncio foi rompido.
_ Talvez... Dessa forma o encontro foi selado.
No Templo emudeceram. Um dedo, empurrado pela mão, tocou o do outro. O silêncio morou ali quando uma boca procurou os lábios daquele seu, e não se contiveram no aperto de ternura, nas bocas unidas encontraram o carinho de uma vida.
Quanto mais se aprofundavam no ato daquele beijo, um ao outro se encontravam aumentando-lhes o desejo. Os braços fortes, as mãos carinhosas passeavam-lhe nas costas. Os lábios se desgrudaram descendo, o dele, no pescoço dela. Enquanto ela gemia, ele a mordiscava e o beijo não parava de praticar a sua ação.
Num ímpeto contiveram-se, se desgrudaram por um instante. Foi bastante esse tempo para deixá-la inteira louca. Novamente ela buscou conforto naquela boca; no que ele a afastou deixando-a a deriva. Ela não entendeu interromper aquele culto. Aceitou tão logo ele a deitou no chão.
Quanto mais um dava ao outro, muito mais os dois queriam. A verdade de um era aquilo que o outro consumia. Era tudo tão composto naquela dupla anatomia, quanto mais um se entregava, muito mais o outro sugava.
E foram os sentidos naquele Templo explorados, partiram do abstrato para atos mais concretos. Tudo fora revelado pelo canal daqueles poros e os corpos já eram mapas para exploração do tal dueto.
Escavou com sua língua uma gruta para entrar, ela era uma sereia e ele o seu mar. E de tanto que lambeu o sal ficou mais doce, pois se assim não fosse não seria amor.
Muitos beijos surgiam descendo da boca ao colo. Já era demais a ele suportar o fecho ecler. Naquele instante ele foi homem e a fez sua mulher. Ele a amou e amou enquanto ela o beijava. Pedia ao seu deus que em suas ancas cavalgasse e ele, naquela luta, deleitando-se na garupa, dentro dela se ajeitou. No enlace chave daquelas pernas, entregou-se inteiramente àqueles gestos tão suaves. Aproveitando aquele ensejo de prazeres e afins, trancou-se inteiro naquele avesso de cetim.
Lá pelas tantas, de tantos disfarces, revelou sua face e ao lado dela descansou.
Viu-a sem o véu, tomou o que era seu - ela- o seu troféu e ajoelhado, sorrindo ele orou. Alcançou o altar e sobre ele, homem-deus , novamente a amamentou.
Um comentário:
PARABÉNS. BELO TEXTO.
A IMAGINAÇÃO CORRE TÃO SOLTA QUE, FECHANDO OS OLHOS, DÁ PARA 'VER ' E " SENTIR" TUDINHO...TUDINHO MESMO.
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