ESPERO
José Geraldo Martinez
Espero, sem pressa,
por muitas primaveras, se necessário!
Tal qual a minúscula nascente,
até tornar-se um lago centenário.
E depois, como sonhou,
recebeu a lua em seu leito!
Assim, eu espero da mesma forma,
o amor desabrochar em meu peito!
Às vezes penso como seria
o rosto da mulher que espero...
Um sorriso entregar-me-ia ou abraçar-me-ia,
como se a encontrar um amor velho?
Seria morena, loira, mulata?
Teria os olhos falantes?
Daqueles que calam as palavras e dizem
tudo no mesmo instante?
Se encantaria com a chuva?
Gostaria de flores nos cabelos ?
Apaixonada com batom escreveria,
recados de amor a mim no espelho?
Qual seria a sua idade?
Teria histórias a me contar ?
Confidenciaria sem temor seus apelos,
ao homem que veio buscar?
Já teria sido mãe?
Avó ou qualquer coisa assim?
Teria os cabelos brancos de luar,
a face de um anjo querubim?
Espero, sem pressa
com a certeza daqueles que muito
caminharam e em seus tantos andores, pelas
pedras chegaram às flores !
" Não importa o tempo de espera,
se o amor te contemplar em qualquer dia..."
( Martinez )
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QUEM SABE
Hamilton Brito
Eu sei.
Esperei muito
Mas hoje, eu sei.
Conforme pedi a Deus
Teria que ser assim:
Este cabelo macio
Jeito de corsa
No cio
Prometendo
Na terra o paraíso.
Pele sensível ao tato
Respirar ofegante,
Mas compassado.
Unhas afiadas,
As minhas costas
Rasgando
Enquanto
Se entregando
Olhava em meus olhos
Com amor.
Então
Nada mais quero saber
Nenhuma pergunta fazer
Se é ou não um
Querubim
Pois sei com convicção
Foi o que Deus
Escolheu e
Mandou para mim.
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Rita Lavoyer
Não esperes mais!
Chega pra ti a nascente da tua fonte.
Qual microorganismo
A fomentar a vida.
Venho-te sem estações, nem de onde...
Não esperes mais!
Receba-me em teu leito
Em qualquer quarto da lua.
Seja ela nova, crescente ou minguante.
Todas estão cheias das fases tua.
Não esperes mais!
Trago-te o semblante da mulher que queres.
Aceita-me como vim
E acharás em mim
O composto de muitas mulheres.
Eu sou todas em uma só,
Com olhos nas partituras das palavras
Que procuras
No silencioso Sol e Dó.
Andarei na chuva contigo
Sem nenhum arrependimento
E que as gotas lavem nosso espelho
Para ampliar o teu interior no meu empreendimento.
Assim não verás em mim
A história da minha idade.
Verás apenas que a minha existência
Foi para sempre a tua verdade.
Tal qual a Isis serás o meu Osíris.
E se falo que me queres mãe,
Ou outras que faço nascer
Farto-me pois nesta quimera.
Caminha agora ao encontro da tua lida.
Inventaste-me eu:
Expectativa da tua espera.
6 comentários:
Muito fascinantes os poemas, pena que de tecníca e de conhecimento profundo não possa falar, pois sou um mero leitor. Só sei expressar meus poemas fotograficos.
Abraço
Difícil comentar um poema, três é impossível. Prendo-me no de Rita.
É entrega, declara o fato. É amor, declara também e em bem construído verso.
Ressuscita os deuses egípcios e assume seu destino.
Maktub!
Beijos,
Jorge
Lucidreira, se o poema...os, te tocaramn, deixa a técnica para lá.Mais importa a inspiração do que o modo de exposição.
UAU!!! Adorei o visual dos poemas, o do Brito me fez lembrar de uma espada.
Gostei bastante das indagações presentes, os jogos de conversa, me senti dentro de uma batalha, cada um lutando contra si querendo encontrar um caminho e esperando o próximo ataque... simplesmente fantástico!
Parabéns!
Bjoxxx
Rita,
O tema comum anuncia os versos que aguardam ser lidos...a vida é sempre espera daquilo que nos surpreende.
Deixo também para que leias os meus versos de espera escritos num tempo remoto de minha vida...
ESPERA
Quando te cansares do silêncio
eu antecipadamente
ouvirei tuas palavras...
Quando te fartares
das notas insonoras
eu finalmente
te cantarei uma canção...
Quando em minha porta
soar teus passos
eu previamente os sentirei
ao dobrar da esquina...
Assim, não haverá explicação
nem lógica
ao que se cativa
nem ao que se revolve
do sentir antes adormecido
pois não se mede
cada gota que enche um mar
nem se pode medir
a fenda que rasga o peito.
Apenas se espera...
que o silêncio se esgote
que as notas nos acalente
que os passos acertem
o caminho de volta...
bjs.
Genny
Cheguei. Chegaste.
O. Bilac
Hoje, segues de novo...
Na partida,
nem o pranto os teus olhos humedece,
nem te comove a dor da despedida.
Cheguei
Rita Lavoyer
Não esperes mais!
Receba-me em teu leito
Em qualquer quarto da lua.
Seja ela nova, crescente ou minguante.
Todas estão cheias das fases tua.
Já não faço versos apenas leio
com prazer e me comovo.
Algumas passagens poéticas
são feitas para refletir,
guardá-las enquanto viver...
Essa estrofe das fases da lua
onde o lápis avança livremente
vc me levou ao Cheguei. Chegaste.
Parabens Rita pelo trabalho,
pela produtividade; qualidade/quantidade e pelas sensações misteriosas que o poema provoca.
Aproveito para mandar um 'selinho'
carinhoso, deste que já viveu muito,à Genny Xavier, pela Espera.
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