Biografia
Judith Machareth nasceu na cidade de Melo Barreto- MG em 12/07/1907. Filha de Américo Machareth e Dolores Souza Barbosa que passou a chamar Dolores Barbosa Machareth após o casamento, excluindo o Souza. Teve 4 irmãos sendo: Milton, Carmem , Maria Izabel e Napoleão. Fez o curso primário em Cataguazes, terminando-o em Leopoldina-MG. Em Manhumirim- MG concluiu curso secundário e iniciou o curso normal, mas não o terminou por ter se mudado para a cidade de Monte Azul Paulista –SP. Em 1928, veio para Araçatuba, lecionou na cidade de Frutal, hoje Guararapes. Desencarnou no dia 02/10/1964 na cidade de São Paulo, vitima de um aneurisma cerebral, mas foi sepultada na cidade de Araçatuba.
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Não cabendo em si tanto talento, transformava a sua arte de saber em lição de aprendizado. Ensinava Português, Geografia e História do Brasil. Falava fluentemente o Esperanto e sonhava vê-lo adotado em todos os países.
Na loja Maçônica Tupy, onde funcionava a primeira escola particular de Araçatuba, Judith atuava como professora e diretora. Não ensinava apenas aos validos, por sua filosofia deixa-se doar. Concedia bolsas de estudo a muitos humildes, igualando-os em sua sala.
Tornava grandes os seus pequenos. Nas comemorações cívicas, o seu patriotismo irradiava, encantando os araçatubenses com sua lealdade à Nação. Orgulhava-se por apresentar os caderninhos dos alunos a qualquer celebridade que visitasse a sua escola.
Proporcionava às crianças encontrar em sua sala de aula um segundo lar. O carinho com que ela os tratava ajudava-os no aprendizado, pois os amava ante a lição. Acompanhar a professorinha, a pé, até a sua casa, carregando-lhe os livros e a caixa de giz, era o prêmio que os pequeninos aguardavam no final das aulas. Cada dia o troféu era carregado por um.
Muitos de seus pequenos tornaram-se pessoas renomadas que, tanto quanto ela fazem parte, hoje, da história de Araçatuba.
Não se eximiu do dever de ajudar. Foi colaboradora e amiga de Rolando Perri Cefaly e Benedita Fernandes, coincidiam, pois, suas ideologias. Assumiu temporariamente, a secretaria da Associação das Senhoras Cristãs, onde, também, aplicava os seus saberes.
Na sua condição de mestre soube alfabetizar, instruindo.
Em 1948, colaborou para a fundação da Aliança Espírita “Varas da Videira “ ao lado de grandes personalidades espíritas desta cidade.
Em 1959, passou a lecionar em sua própria escola que funcionava em sua residência na Rua Tiradentes. Lecionou no local até 1964. O imóvel, hoje, atende a uma clínica pediátrica.
Aceitou os fados da vida desencarnando solteira.
Em 1965, uma rua de Araçatuba recebeu o seu nome ; 1976 foi novamente homenageada tendo seu nome a Escola de 1º Grau Judith Machareth, na Rua São Marcos. Hoje, uma instituição educacional funciona no local. Judith Machareth é o seu nome de registro, mas assinava “Souza”, em qualquer circunstância, para homenagear a sua mãe.
Há poucos registros sobre a sua passagem, mas o pouco que se sabe sobre a sua vida, faz elevar a admiração da importante professora-cidadã araçatubense diante da extensão da qualidade de sua influência nos meios em que se fez útil.
Na época de barreiras às mulheres, Judith Souza Machareth venceu fronteiras profissionais e religiosas. “Cali” não era apenas a sua “grafia”, mas a doação de si no ministério da caridade, que fez sem revelá-la. Pequena de estatura, mas imensamente grande em ações, registrou-se nas páginas da Educação desta cidade.
Judith Machareth! O livro da história de Araçatuba está enriquecido com o perfume da sua lida, cujas lições doadas, tornaram sua alma-mestre ainda mais linda.
Por Rita Lavoyer
Crônica publicada no livro “Nos trilhos do centenário- Passageiros de Araçatuba” Editora Somos, 2009.
4 comentários:
Que coincidência, ter encontrado palavras tão lindas homenageando a minha primeira professora, postadas apenas 5 horas atrás ...
Hoje, aos 66 anos, ainda me lembro daquelas aulas às tardes, na escola Tupy, com a minha cartilha Sodré aberta sobre a carteira e o caderno que tenho guardado até hoje.
Jorge
[...]Proporcionava às crianças encontrar em sua sala de aula um segundo lar[...]
Essa é a verdadeira vocação...O amor em primeiro lugar.
Lindo texto...
Obrigada pela partilha!
Meu admirável Jorge!
Não é coincidência ter passado, hoje, por aqui. Há elos que se tornam eternos por afinidades.
Somos conectores.
Algumas informações para esta composição me foram passadas pelo Jorge, arquivo eternamente vivo nesta cidade mãe.
Se Judith Machareth faz parte do nosso passado, continua... porque a sua essência ainda é tão presente.
Obrigada pela presença no meu espaço, respeitável Jorge.
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Dora, há pessoas que já nascem feitas para ocuparem uma posição. Judith Machareth, para mim, é exemplo disso.
Obrigada por tê-la lido.
Grande abraço.
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Aos dois leitores e membros da família Machareth os meus mais sinceros agradecimentos.
Rita Lavoyer
Oi, Rita. Que bela homenagem a esta pessoa que, a julgar pelo seu sensível texto, deve ter sido admirável. Parabéns por este verdadeiro manifesto de amor e gratidão à Judith.
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