MINHA MÃE...
José Geraldo Martinez
Não cabe no peito, mãe, este amor que sinto
e ele vasa nos olhos meus...
Ainda que longe, a ti pressinto,
nos meus ouvidos, os conselhos teus!
E me vem teu rosto,
aquele mesmo tão sofrido...
Onde a vida não te poupou em nada!
Também eu vejo teu alto posto,
de pai e mãe em nossa humilde casa...
Tuas mãos sem creme...
Ásperas, porém, aveludadas!
No meu rosto que o carinho entende,
fazendo-me a alma toda afagada...
E em nossa pobreza tão rica,
onde a organza era um sonho em chita,
juntava os sete filhos teus!
Tão pobres uma flor cada qual te entregava
e a alma toda nos dava,
num beijo parecido ao de Deus!
07/5/2010
"Poesia dedicada a Umbelina Bernardi, minha
amada avó! ( in memorium)"
Rita Lavoyer
Mãe! Como falar, agora,
O que não disse antes por faltar-me a coragem.
Já quando sonhava-me gente,
Era apenas o sêmen da tua aragem.
Pegaste-me do tempo, mãe!
De um vento tortuoso
Que me arrastava ao léu.
Era da semente prospecto.
Deste-me alma com teus olhos circunspectos.
Em teu ventre me plantaste,
Sem efeito, sem fusão...
Na tua lavoura
Fui tão confusão...
Sem saber o que eu era
Já queria ser copa
Sem desenvolver minha haste.
Já sabias, lavradora, que terias esta filha,
Planta daninha.
Protegeste teu solo com adubo oração.
Da tua lavra fizeste-me vinho e pão,
Ofertando-me ao Criador na tua oblação.
Sábia senhora! Sabias que só eu não poderia
Nascer. Entregaste-me teu corpo e alma
Para milagrar o nada em semente embrião.
Então em tua terra, pura e sagrada
Uma erva transformaste em singelo botão.
Não bastou para ti ver-me apenas em flor.
Querias mais e, de joelhos no chão,
Rogavas ao Senhor tirasse-me os espinhos.
Quando, já toda formosa, com eles furei-te as mãos.
Não demorou e o teu sangue correu.
Avermelhando o todo do teu hectare.
Hoje, minha mãe, não te tenho mais,
Ficou-me o vazio e minha raiz tão seca,
Por onde passo, destruo pomares.
Sinto fome, não acho sementes.
Depois que partiste nunca mais me alimentei.
Descobri que quando te feri,
foi a mim que eu matei.
Dedicado à minha mãe.
5 comentários:
Uma alegoria, repleta de metáforas e revelação dos sentimentos que Rita não teve medo de fazer, homenageando a mãe.
O resultado não poderia ser melhor!
Beijos,
Jorge
Linda ode de amor filial. Lavra muito inspirada, Rita. Parabéns.
Mãe, o que aconteceu? O que deu nos dois, mãe,que me deixaram de fora desta vez.Mãe,estou sofrendo tanto a dor do abandono, mãe. Dele mãe, corta a mesada e dela, três anos lavando as louças.
Amiga, não tem desfibrilador que dê jeito em vereador de Araçatuba...melhor uma eutanásia.
Olá, professora e poetiza...
Que encanto suas letras, ofertando a sua mãezinha, onde quer que ela se encontre, um ramalhete de miosótis, com laços espirituais, pleno de amor e afeto, transbordando nos olhos de nós, meros expectadores, o grande amor e ser humano que és.
Um abraço na alma, e a certeza de que encantou-me logo pela manhã. Obrigada!
Adriana
Passando para deixar um grande Dia das Mães...
Que o Domingo nasça em FLOR...
Abraços
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