José não gostava nadinha, nadinha do nome de quem ele não pediu para amar. Aconteceu! Ela poderia fazer tudo, inclusive amá-lo também. Não lhe cobraria nada.
Não dava! Decididamente ela não era para ele. Quer dizer: era, mas o nome dela não. Queria uma que lhe proporcionasse sensações significantes.
Nem esforço fez, não demorou a achar a ideal às suas expectativas.
_ Patrícia, vamos amor! Não podemos chegar atrasados. Na última festa fomos pouco fotografados por causa da sua indecisão sobre qual roupa e sapatos usar. Se continuarmos assim não nos convidarão mais para encontros sociais. Sem fotografias não há destaque, sem destaque não há convites. Sem os convites, adeus vida social!
_ Mas Zé, não posso sair de qualquer jeito. Sem brilho não tiram as fotos.
E os filmes foram sendo revelados até que chegou a digital com a vantagem de deletarem as que não querem guardar em seus arquivos, muito menos revelá-las.
Precisou pôr anúncio no jornal, mas já não tinha o ‘amigão’ lá dentro da empresa que lhe arranjasse um espacinho ou desconto. Juntou o pouco que tinha e pagou o anúncio.
Ela chegou com o recorte do jornal nas mãos, informando que vinha para cuidar do doente da casa. O Zé mesmo a atendeu, arrastando-se.
_ Amélia! É você?! Não mudou nada, continua uma moça...
_ Não sabia que o José da Silva era o senhor, afinal há tantos ... Vim para a entrevista. É o senhor que precisa de uma enfermeira?
_ Ah, mas nem preciso entrevistá-la, eu a conheço há anos! Estou precisando de alguém que me faça os curativos, mas não posso pagar muito! Minhas pernas resolveram me deixar antes do tempo, entende?
_ Bem, se precisa de qualquer um para lhe fazer os curativos não precisava colocar o anúncio no jornal. Vim porque li “Enfermeira profissional”. O meu serviço é de qualidade, cumpro com os meus horários e respeito quem precisa do meu trabalho. Apesar da minha agenda cheia, concilio muito bem meus horários.
_ Amélia, como você mudou! Se profissionalizou, apesar de continuar uma moça... Tenho muita necessidade que venha no período da manhã. Não dou conta de me levantar à noite e eu preciso da assepsia pela manhã
_ Pois é, o meu documento de identidade continua com o mesmo nome de quando eu o tirei. Pela manhã eu não posso, faço academia, massoterapia, dança e línguas. Trabalho somente no período da tarde. À noite fico com minha família.
O tempo e a rotação mudaram e o Zé morreu com a perna fedendo por não conseguir negociar o valor do trabalho proposto pela Amélia e por outras profissionais que apareceram para a entrevista.
5 comentários:
Acabaram-se as Amélias, estes dias eu cantava para minha neta "amélia que era mulher de verdade achava bonito não ter o que comer"... Minha neta ouviu e falou:
- vó isto não pode ser, como uma pessoa pode achar bonito não ter o que comer? acho que voce inventou.
- é minha querida é apenas uma musica, mas baseada na vida real.ela pediu para ouvir a música inteira. ela tem apenas sete anos.
A vingança da Amélia - ele não sabia - e ela não perdeu nada!
Este deve ser o Zé Mané, tão conhecido na boca deste povo como um tremendo idiota! Bem descrito, Rita.
Beijos,
Jorge
Amélia sacudiu a poeira e deu a volta por cima. Bem feito. Lembrando a letra da música de Ataulfo Alves e Mário Lago: quem mandou fazer tanta exigência??? Abraços e parabéns, Rita.
Viva as Amélias!
Postar um comentário