Um discípulo perguntou ao seu mestre:
_ Mestre, como distinguir o feio do belo?
O mestre lhe respondeu:
_ O belo é aquilo ou aqueles de quem nós gostamos e aceitamos. O feio é aquilo ou aqueles que desconhecemos, ou quando os conhecemos nos incomodam.
O discípulo continuou:
_ Mas, Mestre, se eu não os conheço como aceitá-los?
_ Mestre! - continuou o aprendiz-, se eu arrancar os meus olhos e ainda continuar a desconhecê-los, como aceitá-los?
O Mestre fitou-o impiedosamente, e com o dedo apontado àquele rosto interrogativo disse em tom severo:
_ Arranque o seu coração, assim passará a aceitá-los e o conhecimento de si mesmo lhe mostrará a beleza daquilo e daqueles.
_ Mas, Mestre, se eu arrancar esses meus dois grandes órgãos e ainda não conhecê-los e aceitá-los? O que fazer?
_ Muito simples, meu ainda aluno. Ajoelhe-se, arrie suas patas ao chão, deixe que te coloquem uma coleira e sirva de luz conducente a um cego. Aí, logo o acharão bonitinho, engraçadinho e útil. Você passará a lamber-lhes as mãos e, quem sabe, com uma sabedoria animal não passe a ver mais belo aquilo que lhe era feio. Qualquer animal consegue distingui do que e de quem gosta. Quando você tiver chegado a esse estágio de evolução, saberá que o feio era aquilo ou aqueles de quem você não gostava.
_ Mestre, ainda que eu me ajoelhe, que eu lamba e que eu conduza e não conseguir distinguir entre o belo e feio. O que fazer?
_ Devolva os seus olhos e o seu coração aos lugares de onde você os tirou e chame feios aqueles a quem você realmente tem a intenção de ofender, depois continue sendo aluno e esqueça tudo isso que conversamos.
_ Mestre, mesmo que eu faça tudo isso, que eu continue sendo aluno, e chegar ao estágio de conseguir distinguir o belo do feio, achar algo ou alguém belo e me reservar em dizer por não poder fazê-lo, qual o procedimento devo adotar?
- Quais motivos levam um jovem a reservar o belo dentro de si? O belo não pode ser oculto. Escondê-lo o faz clandestino. O belo que é clandestino pertence a outro. O belo que é do outro não merece ser apreciado?
_ Mestre, e se o outro, dono do belo, for o feio?
_ Como você saberá distingui qual é o feio ou o belo dentro dessa situação se ainda se propõe a ser mero aluno?
9 comentários:
Por um paradoxo que não sei definir com segurança, o aparentemente feio pode ser, na essência, muitíssimo belo.
Parabéns, Rita.
Grande abraço,
Jorge
Grande sabedoria, mestra Rita. Meu abraço e meus parabéns por mais esta lavra em tom fabular.
O belo que é do outro eu nao sei mas a bela....valha-me Deus.
Amiga, este mestre ta meio antiguado. Existe método pedagógico mais atualizado que nao judia tanto, até porque neste particular filosófico, seremos sempre alunos.
A visão que o jovem tem do belo é ainda tênue, superficial e só na idade madura começamos a vislumbrar nacos do belo. É quando o nosso espírito está maduro, mais observador, mais eivado de valores cristãos...acho.
Belo texto, como de praxe.
Para termos a visão sábia do belo, só com muita lapidação vinda da sabedoria que o conseguimos. E, isso, como todo processo pedagógico leva um tempo... Bela reflexão Rita! Parabéns!
Abraço, Célia.
olá!belo blog...textos com tom fabular...boas lições pra nós iniciantes.
Bom domingo!
Oi Rita:
Dizem que os olhos são o espelho da alma.
Tudo isso depende da alma de quem vê...
Pode ser tudo belo ou...
Abração amiga.
Matou a pau!
Quantas vezes passamos por maus alunos não é!?E está tudo na nossa frente...
Abração!
Rita, lindo o texto! Parabéns!
Gostaria de desejar um maravilhoso 2012 para você! Abraço.
Belo é uma questão de estética e harmonia. Agóra, feio é reunir o Mirto Fricote e o Hélio Consolaro. Parece convenção do inferno. Misericórdia. Heitor Gomes.
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