Poxa! Hoje amanheceu chovendo. Um choro alegre
lavando as plantas e as folhas choram de alegria também.
Deu-me vontade de ir para rua, deixar as
gotas molharem a malha da minha roupa para grudar em meu corpo. Deu-me vontade
de andar na chuva com você. Poxa! Como deu.
Sai andando com os meus olhos sobre os telhados,
as árvores, os prédios lavados e a água escorrendo lá em baixo. Deu-me vontade de andar na chuva com você. Poxa! Como
deu.
Voltei o olhar para os meus olhos, deixei o ar
molhado me molhar, enquanto apreciava a chuva deslizando no asfalto. Já
molhada, me via brincando na chuva com você. Meus pés nus, os seus também.
Corremos tanto que já não estávamos mais no primeiro plano. A terra tão molhada
cobria-nos os membros. Já era barro e nos sentimos.
As árvores, agitadas com aquele banho de êxtase,
soavam canções com as quais valsamos em sintonia. Dois bailarinos e nas pontas:
o compasso. As mãos, o enlace, mas os dedos subiram ao encontro da face. Meus
lábios pediam: - eu quero os seus. No beijo molhado as palavras achamos e a
língua não pôde calar o depois. Dois corpos suados, unidos agora e a chuva, lá
fora, parou para nós dois.
Dentro do plano, já todo esgotado, dois seres
amados a saliva molhou. No tronco da árvore, já toda floresta, de novo fizemos
do corpo uma festa. No fervor nos amamos, nos amamos e nos amamos e as gotas
secaram com o calor do amor.
Sobre a
relva, dois seres tão selva, no lenho lenhamos e a seiva dos pelos pelas pernas
rolou.
Ambiente propício a outro
início já era indício para água apagar. Os beijos ardentes secando enxurrada,
os amados querendo novamente pecar.
Diante da cena, tão bela e
tão plena, coube ao Criador exercer Seu perdão. Do alto assistia dois rastros
de amor escorrendo no chão.
Do quadro quebrei a moldura
e meus olhos voltaram para o olhar do lá fora.
No capricho das horas a
chuva foi embora e um pacto comigo o clima selou: quando a água cair do céu
feito chuva, estarei na sacada para me molhar. Seu desejo, em forma secreta de
água, entrará em meus poros para me amar.
O tempo é o senhor do meu
clima, só ele sabe a vontade que sinto de andar de mãos dadas na chuva com
você.
Enquanto não chega o
momento exato me uno ao ato do sonho escondido. É como consigo tê-lo comigo.
Quando chover saberá de nós
dois. Se o tempo é uma ponte, seja a minha água, eu serei sua fonte.
O relógio não para e
ninguém o prevê, só sei que na chuva ainda quero andar com você.
E se nossos corpos, unidos
e úmidos naquela hora, nos enxugaremos na folha de mais uma página escrita na
nossa história.
Quero andar na chuva com
você. Poxa! Como eu quero.
Rita Lavoyer
6 comentários:
Poxa, Rita!
Que lindo esse temporal de afetos!
Bj. Célia.
Lindo Rita! O amor e a poesia entrelaçados.Agora a chuva vai ter mais significado.
Fantástico Rita. Pude sentir o amor e a chuva com muita intensidade. Você fez um texto com a força da realidade. Parabéns! Você está cada vez melhor.
É isso, Hélcio! Quando chove eu fico assim: inspirada. Obrigada pela presença.
E as gotas remanascentes visualizadas nos pés desnudos, são pingos de ternura que caem do céu, e cada momento se torna eterno na fonte oculta do amor. Levanto-me para aplaudir-te, Rita.
Antenor, sente-se agora, a chuva já acabou. Mas recebo com muito carinho seus aplausos. Muito obrigada!
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