Rita Lavoyer
Sendo o ambiente
escolar um lugar de conflito e de lutas ideológicas, muitos discursos
produzidos pelos alunos podem se chocar com os ideais uns dos outros, no que tange o tempo e o
espaço dos envolvidos no processo ensino aprendizagem. O bullying torna
qualquer ambiente um lugar perigoso. E para apontarmos algumas formas de como e
onde ele acontece dentro de uma escola, apontaremos alguns resultados da pesquisa que desenvolvi em uma escola pública de Araçatuba, em que o
tema “bullying” foi discutido durante 5 meses com os alunos.
Por
exemplo:
143- (63,49%) entrevistados responderam que se
sentem bem dentro da escola;
88-
(36,51%) responderam que não.
204- (85,23%) têm amigos de confiança dentro
do ambiente escolar;
35- (14,77%) não.
148 - (62,99%) confia que o professor pode ser
seu amigo, enquanto que
84 –(35,74%) não.
Questionados se já tinham visto algum
colega sofrer bullying
212 -
responderam que sim e
141 –(59,75%) responderam que já sofreram
agressões na escola. A agressão verbal foi a mais pontada: 91-(28,25%); seguida de fofoca 53 –( 16,82%) e
ameaças 33 –(10,48%).
Dos que responderam
que sofrem agressões:
67 –( 27,61%) apontaram a sala de aula o lugar onde são
agredidos, seguido do pátio 25 –( 10,46%) e quadra com 15 –(6,28%) indicações.
Perguntados sobre o
que sentem quando são agredidos:
71 (25,25%) responderam não sentirem
nada;
67-( 22,27%) sentem raiva;
42–(13,85%) desejam vingança.
Quanto
a prática de bullying:
95 - (39,26%)
responderam que praticam, enquanto que
143 –( 60,74%) não praticam.
E a forma como
praticam
69 –(31,22%) a fazem verbalmente;
21-(9,50%) apontaram fofoca ;
18-( 8,14%) estragam o material do
colega
10 –(4,52%) praticam agressões
físicas.
O local onde os
questionados praticam suas agressões:
45-(20,55%) na sala de aula;
21- (9,60%) em todos os lugares,
13-(5,94%) no pátio e
05- (2,,28%) no banheiro e portão de saída.
Quanto a reação dos
que promovem agressões –
96
(40,20%) responderam não sentirem nada quando agridem um colega;
47-(20,08%) sentem raiva de si mesmo.
Quanto ao professor -
171 –(72,20%) já viram pelo menos um professor ofender um
aluno.
Dos 171, 115-(55.,9%) responderam que ouviram o professor
ofender com palavras humilhantes e
200 – 78% dos
entrevistados responderam que já viram alunos ofendendo professores sendo que
129-(42,96%) apontaram que as ofensas ao professor foram com palavras
humilhantes.
Quanto ao relacionamento
familiar:
40-(16,53%) dos entrevistados responderam que
sofrem bullying dentro de casa, enquanto que
202-(83,47%) não sofrem.
E dos que sofrem, apontaram os irmãos (42) os
agressores, seguido da figura do pai(8). Alguns responderam serem os dois
parentes os agressores.
A questão que levantamos neste fragmento da
pesquisa é: por que as agressões físicas e morais são frequentes nos ambientes
onde deveriam ocorrer as discussões saudáveis, ou seja, entre pais e filhos,
colegas de escola, professor e aluno, etc?
Chamou-nos a atenção o número de entrevistados
que responderam não sentirem nada quando são agredidas – 71 -(25,25%) e outro
grupo de 96 alunos- (40,20%) não sentirem nada quando maltratam um colega.
Observamos
que para um grupo, ainda que pequeno, impera a indiferença aos sentimentos
próprios e alheios. Ser indiferente à violência é ter se acostumado com ela? Será
que ela está incutida no subconsciente de um grupo de tal forma que algumas não
sentem nada ao serem agredidas e outras em agredir?
Violência nos relacionamentos interpessoais,
felizmente, ainda não se tornou regra, mas a exceção, infelizmente, poderá
inverter a sua posição nesta estatística, haja vista até professores serem mais
apontados como “agressores” verbais, do que os próprios pais.
Percebemos que a violência que mais impera nas
relações interpessoais é a verbal. São nas palavras que os agressores encontram
o peso ideal para atingirem os seus alvos, ferindo-os pela sua rapidez e eficiência,
rompendo as possibilidades de uma comunicação com paz e para a paz,
transformando a escola/sala de aula e a casa uma extensão das ações
experimentadas diariamente logo,
entendemos que a casa e a escola são lugares onde os agressores encontram suportes
para descarregarem suas angústias, reproduzindo violência, onde crianças que
deveriam aprender a respeitar estão gritando discursos de ordem aos adultos
que, de alguma forma ou em algum lugar estão responsáveis por elas: pais e
professores.
Os adultos que deveriam manter equilibrado o ambiente descem ao
mesmo nível dos educandos, pois são antes, seres humanos, também, em desenvolvimentos, assumindo, todos, diante
do fenômeno bullying, a posição de vítimas e vítimas provocadoras.
Obs- esse resultado é apenas um fragmento da pesquisa. Foram 242 entrevistados. Cada questionário era composto de 80 questões.
SOBRE:
-Meio de transporte que utilizam para irem à escola
-relacionamento na escola: amigos, professores e funcionários
-relacionamento na família - com os pais, avós, padrastos e madrastas e irmãos
-animais de estimação
-bebidas , cigarros
-cultural: leitura, filmes, músicas
-esporte
-religião
etc...
-
Rita Lavoyer é pós-graduada
em Psicopedagogia, elaborou pesquisa e ainda continua pesquisando sobre o tema
bullying.
2 comentários:
Excelente a sua pesquisa, Rita! Dados reveladores e alarmantes! Só mesmo educadores posicionados, como você, para se desdobrar em uma ação desse porte! Onde ficam as políticas públicas educacionais? É o momento de indagarmos, mas duvido que surjam respostas...
Abraço.
Um retrato abrangente e pormenorizado sobre o problema. Parabéns, Rita, pelo espírito abnegado e pela consciência cidadã!
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