Contos, minicontos, crônicas, poesias, nonsenses e outros assuntos que agradam e perturbam na mesma proporção, sempre ao meu estilo.
CLASSIFICAÇÕES EM CONCURSOS LITERÁRIOS
PREMIAÇÕES LITERÁRIAS
2007 - 1ª colocada no Concurso de poesia "Osmair Zanardi", promovido pela Academia Araçatubense de Letras, com a poesia O FILME;
2010 - Menção Honrosa no Concurso Nacional de Contos Cidade de Araçatuba, com o conto A CARTA;
2012 - 2ª classificada no Concurso Internacional de Contos Cidade de Araçatuba, com o conto O BEIJO DA SERPENTE;
2012 - 7ª colocado no concurso de blogs promovido pela Cia dos Blogueiros - Araçatuba-SP;
2014 - tEXTO selecionado pela UBE para ser publicado no Jornal O Escritor- edição 136 - 08/2014- A FLOR DE BRONZE //; 2014 – Menção honrosa Concurso Internacional de Contos Cidade de Araçatuba, com o conto LEITE QUENTE COM AÇÚCAR;
2015 – Menção honrosa no V Concurso Nacional de Contos cidade de Lins, com o conto MARCAS INDELÉVEIS;
2015 - PRIMEIRA CLASSIFICADA no 26º Concurso Nacional de Contos Paulo Leminski, Toledo-PR, com o conto SOB A TERRA SECA DOS TEUS OLHOS;
2015 - Recebeu voto de aplausos pela Câmara Municipal de Araçatuba;
2016 – 2ª classificada no Concurso Nacional de contos Cidade de Araçatuba com o conto A ANTAGONISTA DO SUJEITO INDETERMINADO;
2016 - classificada no X CLIPP - concurso literário de Presidente Prudente Ruth Campos, categoria poesia, com o poema AS TUAS MÃOS.
2016 - 3ª classificada na AFEMIL- Concurso Nacional de crônicas da Academia Feminina Mineira de Letras, com a crônica PLANETA MULHER;
2012 - Recebeu o troféu Odete Costa na categoria Literatura
2017 - Recebeu o troféu Odete Costa na categoria Literatura
2017 - 13ª classificada no TOP 35, na 4ª semana de abril de microconto Escambau;
2017 - Classificada no 7º Concurso de microconto de humor de Piracicaba.
2017 - 24ª classificada no TOP 35, na 2ª semana de outubro de microconto Escambau;
2017 - 15ª classificada no TOP 35, na 3ª semana de outubro de microconto Escambau;
2017 - 1ª classificada no concurso de Poesia "Osmair Zanardi", promovido pela Academia Araçatubense de Letras, com a poesia PERMITA-SE;
2017 - 11ª classificada no TOP 35, na 4ª semana de outubro de microconto Escambau;
2018 - 24ª classificada no TOP 35, na 3ª semana de janeiro de microconto Escambau;
2018 - Menção honrosa na 4ª edição da Revista Inversos, maio/ com o tema Crianças da África - Poesia classificada BORBOLETAS AFRICANAS ;
2018 - 31ª classificada no TOP 35, na 4ª semana de janeiro de microconto Escambau;
2018 - 32ª classificada no TOP 35, na 4ª semana de janeiro de microconto Escambau;
2018 - 5ª classificada no TOP 7, na 1ª semana de junho de microconto Escambau;
2018 - 32ª classificada no TOP 35, na 3ª semana - VII de junho de microconto Escambau;
2019 - Classificada para antologia de suspense -segundo semestre - da Editora Jogo de Palavras, com o texto OLHO PARA O GATO ;
2019 - Menção honrosa no 32º Concurso de Contos Cidade de Araçatuba-SP, com o conto REFLEXOS DO SILÊNCIO;
2020 - 29ª classificada no TOP 35, na 4ª semana - VIII de Prêmio Microconto Escambau;
2020 - Menção honrosa no 1º Concurso Internacional de Literatura Infantil da Revista Inversos, com o poema sobre bullying: SUPERE-SE;
2020 - Classificada no Concurso de Poesias Revista Tremembé, com o poema: QUANDO A SENHORA VELHICE VIER ME VISITAR;
2020 - 3ª Classificada no III Concurso de Contos de Lins-SP, com o conto DIÁLOGO ENTRE DUAS RAZÕES;
2020 - 2ª Classificada no Concurso de crônicas da Academia Mogicruzense de História Artes e Letras (AMHAL), com a crônica COZINHA DE MEMÓRIA
CLASSIFICAÇÕES EM CONCURSOS
2021 - Selecionada para a 6ª edição da revista SerEsta - A VIDA E OBRA DE MANUEL BANDEIRA , com o texto INILUDÍVEL ;
2021 Selecionada para a 7ª edição da revista SerEsta - A VIDA E A OBRA DE CECÍLIA MEIRELES com o texto MEU ROSTO, MINHA CARA;
2021 - Classificada no 56º FEMUP - com a poesia PREPARO A POESIA;
2021 - Classificada na 7ª ed. da Revista Ecos da Palavra, com o poema CUEIROS ;
2021 - Classificada na 8ª ed. da Revista Ecos da palavra, cujo tema foi "O tempo e a saudade são na verdade um relógio". Poema classificado LIBERTE O TEMPO;
2022 - Classificada no 1º Concurso Nacional de Marchinhas de Carnaval de Araçatuba, com as Marchinhas EU LEIO e PÉ DE PITOMBA;
2022 - Menção honrosa na 8ª edição da Revista SerEsta, a vida e obra de Carlos Drummond de Andrade , com o texto DIABO DE SETE FACES;
2022 - Classificada na 10ª ed. Revista Ecos da Palavra, tema mulher e mãe, com o texto PLANETA MULHER;
2022 - Classificada na 20ª ed. Revista Inversos, tema: A situação do afrodescendente no Brasil, com o texto PARA PAGAR O QUE NÃO DEVO;
2022 - Classificada na 12ª ed. Revista Ecos da Palavra, tema Café, com o poema O TORRADOR DE CAFÉ;
2022 - selecionada para 1ª antologia de Prosa Poética, pela Editora Persona, com o texto A FLOR DE BRONZE;
2022 - Selecionada para 13ª edição da Revista Ecos da Palavra, tema MAR, com o poema MAR EM BRAILLE;
2022 - Classificada para 2ª edição da Revista Mar de Lá, com o tema Mar, com o poema MAR EM BRAILLE;
2022 - Classificada para 3ª Ed. da Revista Mar de Lá com o microconto UM HOMEM BEM RESOLVIDO;
2022- Classificada com menção honrosa no 34º Concurso Nacional de Contos Cidade de Araçatuba, com o conto O CORTEJO DA MARIA ROSA;
2022- Classificada pela Editora Persona com o conto policial QUEM É A LETRA L;
2022 - Classificada no Concurso da E-33 Editora, Série Verso e Prosa, Vol.2 Tema Vozes da Esperança, com o poema POR ONDE ANDAS, ESPERANÇA? ;
2023 - Classificada na 15ª edição da Revista Literária ECOS da Palavra, com o poema VENTO;
2023 - Classificada para coletânea de poetas brasileiros pela Editora Persona, com o poema CUEIROS;
2023- Selecionada na 23ª ed. da revista Literária Inversos com tema "Valores Femininos e a relevância do empoderamento e do respeito da mulher na sociedade contemporânea", com o poema ISSO É MULHER;
2023 - Classificada no Concurso de Contos de Humor, Editora Persona, com o conto O PÃO QUE O QUINZIM AMASSOU;
2023 - Classificada no Concurso de Poesias Metafísica do Eu, Editora Persona, com o poema QUERO OLHOS ;
2023 - Selecionada pra a 11ª Edição da Revista SerEsta, A vida e obra de Paulo Leminsk, com o poema EL BIGODON DE CURITIBA ;
2023 - Classificada no 1º concurso de poesia do Jornal Maria Quitéria- BA, com o tema " Mãe, um verso de amor", com o poema UM MINUTO DE SILÊNCIO À ESSAS MULHERES MÃES;
2023 - Selecionada para Antologia literária - Série Verso e Prosa. Vol. 4, tema Vozes da Solidão, editora E-33, com a crônica A MÃE;
2023 - Selecionada para a 9ª ed. da Revista Mar de Lá, como poema O POETA E A AGULHA;
2023 - Classificada no concurso de Prosa Poética , Editora Persona, com o texto QUERO DANÇAR UMA MÚSICA CONTIGO;
2023 - Selecionada para Antologia literária - Série Verso e Prosa. Vol.5, tema Vozes do Sertão, editora E-33, com o poema IMAGEM DE OUTRORA;
2023 - Selecionada para Antologia literária - Série Verso e Prosa. Vol.6, tema FÉ, Editora E-33, com o poema OUSADIA POÉTICA;
2023 - CLASSIFICADA para a Antologia Embalos Literários, Editora Persona, com o conto SEM AVISAR;
2023 - Classificada na 18ª edição da Revista Literária ECOS da Palavra, com o poema FLORES, com o poema O PODER DA ROSINHA;
2023 - Selecionada para Antologia literária - Série Verso e Prosa. Vol.7, tema AMIZADE, Editora E-33, com o poema AMIZADE SINCERA;
2023 - Classificada em 8ª posição no Prêmio Castro Alves, na 33ª ed. Concurso de Poesia com temática Espírita, com o poema SOLIDARIEDADE;
2023 - Selecionada para Antologia literária - Série Verso e Prosa. Vol.8, Vozes da Liberdade, tema , Editora E-33, com o poema REVOADA;
2023 - Classificada para a Antologia Desejos profundos - coletânea de textos eróticos , Editora Persona, com o poema AGASALHA-ME;
2023 - Classificada para antologia Roteiros Adaptados 2023 - coletânea de textos baseados em filmes, Editora Persona, com o texto BARBIE, UMA BONECA UTILITÁRIA;
2023 - PRIMEIRO LUGAR no Concurso , edital 003/2023 - Literatura - seleção de projetos inéditos, promovido pela Secretaria Municipal de Cultura de Araçatuba, com o livro infantojuvenil DENGOSO, O MOSQUITINHO ANTI-HERÓI;
2024 - Selecionada para compor a Coletânea Cronistas Contemporâneo, pela Editora Persona, com o texto A CONSTRUÇÃO DE UMA PERSONAGEM;
2024 - Classificada para 19ª edição da Revista Literária Ecos da Palavra, com o poema A PASSARINHA;
2024 - Classificada para a 13ª edição da Revista Mar de Lá, com o poema O TORRADOR DE CAFÉ;
2024 - Selecionada para compor a Coletânea "Um samba no pé, uma caneta na mão", tema carnaval, pela Editora Persona, com o poema DEIXA A VIDA TE LEVAR;
2024 - Selecionada para compor a coletânea "Revisitando o Passado", promovido pelo Projeto Apparere, com a crônica COZINHA DE MEMÓRIA;
2024 - Selecionada para compor a Coletânea de Poetas Brasileiros,2024, Editora Persona, com o poema IMAGEM DE OUTRORA;
2024 - Selecionada para compor a Antologia JOGOS DO AMOR, promovida pela Revista Conexão Literária, com o tema O jogo do amor, poema classificado: TENHO MEDO;
2024- Selecionada para 20ª ed. da Revista Literária Ecos da Palavra, com o tema INFÂNCIA, com o poema DEBAIXO DE UMA LARANJEIRA;
2024 - Selecionada para compor a Coletânea SOB OSSOS E SERPENTES, da Tribus Editorial, com o conto, com 9.999 caracteres, O BEIJO DA SERPENTE,
2024 - Selecionada para a 21ª Edição da Revista Literária Ecos da Palavra, com o poema REVOADAS;
2024 - Selecionada para a Coletânea de poemas Intimistas Existencialistas, com o tema A Arte do Eu, promovido pela Editor Persona, com o poema GOTAS DA CHUVA ;
2024 - Selecionada para compor a antologia NÓS , textos de autoria feminina pela SELO OFF FLIP, com a crônica MULHER, FONTE DA ÁGUA;
2024 - Classificada na 27ª Edição do Concurso da Revista Literária Inversos, com o tema "Culinária Típica da Festa de São João", promovido pela Academia de Letras e Artes de Feira de Santana (ALAFS) e Academia Metropolitana de Letras e Artes, com o poema SEU ZEQUINHA NO SÃO JOÃO DO NORDESTE;
2024 - Classificada no concurso Literário MEMÓRIAS DE AFETO, promovido pela Lítero Editorial, com o poema O TORRADOR DE CAFÉ;
2024 - Selecionada para compor a 22ª edição da Revista Ecos da Palavra , temática Animais, com o texto ORAÇÃO DOS BICHINHOS ;
2024 - Selecionada para compor a Coletânea de Microconto-2024, promovido pela Editora Persona, com o microconto ROSTO;
2024 - Selecionada para compor a coletânea A POESIA SUBIU O MORRO, promovido pela Editora A Arte da Palavra, com o poema PERMITA-SE;
2024 - Classificada para compor a Edição 23 da Revista Ecos da Palavra, com o poema QUANDO EU SENTIR;
2024 - 2º classificada no 35º Concurso Nacional de Contos cidade de Araçatuba, com o conto IN VINO VERITAS;
2024 - Classificada para compor a Coletânea Contistas Contemporâneos, 2024 - Editora Persona, com o conto NÃO FOI A PRIMEIRA VEZ;
2024 - Cordéis classificados para compor a Antologia Povo, Cordel e Poesia, promovido pela Litero editorial, com os cordeis: SEJAMOS TODOS EMPÁTICOS; AMAR ANIMAIS É DOM; A IMPORTÂNCIA DA LEITURA;
2025 - Classificada para compor a 25ª edição da Revista Ecos da Palavra, com o poema CONVITE;
2025 - Classificada no Concurso Coletivo Fomento Literário ; tema Semente da Esperança, com o poema GERMINAIS;
2025 - Classificada para compor a Coletânea de Poetas Contemporâneos, 2025, Editora Persona, com o poema ANJO DE VERDADE ; ,
segunda-feira, 7 de dezembro de 2015
SOBRE A TERRA SECA DOS MEUS OLHOS - 1º colocado no 26º Concurso de Contos Paulo Leminski,2015
SOBRE
A TERRA SECA DOS MEUS OLHOS – autoria Rita de Cássia Zuim Lavoyer - 1º colocado no 26º Concurso de Contros Paulo Leminski, Toledo- Paraná - 2015.
SOBRE A TERRA SECA DOS MEUS OLHOS -
A
CORRIDA: O tempo
é irmão do vento e querem, a todo custo, nos levar empossados nos seus
embornais. Quando a gente põe as pernas do pensamento pra seguir com eles, aí
viramos escravos de vez das delícias das alturas, lá, pra onde a gente foge
quando se põe a imaginar que um dia ainda há de existir lugar bom pra se viver.
Não este, onde boa referência pouco se
encontra quando a gente se põe a procurá-la.
Punha-me a correr feito o vento, competindo com ele, pra obrigá-lo a refrescar-me o corpo daquele
quentor que subia da queimação da terra seca. Falava-se “quentor”, assim fazia entender
que o quentor dali era o mais quente do mundo.
De cima, de um céu avermelhado, nos
castigavam os raios do sol que ardiam sem fim, pra pirraçar a secura da nossa
sede de vingança daquele lugar em que nos jogaram, só pra nos punir, quando nos
açoitaram com um parto mal feito, sem morte. Sim, agarrar-se àquele tipo de
vida é algo digno de punição, morrer é lucro! Pra angústia da parteira, o choro
infeliz ecoa sempre dentro do sangue que vem atrás da produção de tristeza de
futuro, excitando ainda mais a proliferação de quem vai sonhar que um dia
viverá, como se tivesse nascido, com direitos, quando se atravessou entre as pernas de uma mulher qualquer que
não conseguiu se precipitar do ataque de um predador.
Muitas mães iam embora
antes de ouvirem o segundo choro do filho. Eram
alegrias que iam, deixando – as suas crianças-, pra correrem sozinhas nas ruas, um vale de
lágrimas. Dos que corriam estávamos Manelão e eu a zombetear a molecada.
Vencíamos o vento e não havia moleque que nos alcançasse no tempo das nossas
voações sem asas. Correr deixava em nossas espinhas uma sensação analgésica,
diminuindo as dores das nossas prisões sem grades, sem causas e sem julgamentos
a que fomos condenados: nascer! De certo
modo, corríamos pra fugir de alguma coisa que cravaram em nós. Era algo que nos
pregava a uma cruz que não carregávamos por acaso, mas por necessidade de
carregá-la pra provar a ninguém - porque ninguém se interessava - o que significava conseguir. Conseguir viver!
Num
pulo, estávamos nós dois no cume do
morro que, não sei qual a razão, chamavam-no “Morro dos Mortos”, de onde eu avistava, lá embaixo, o vale com o seu filete d’água em cujo fundo meus olhos
mergulhavam e minhas mãos almejavam alcançar. Engatávamos marchas e velocidávamos ainda mais nossas carreiras sem limites, onde
o fim jamais existiria quando nos déssemos a atingi-lo. Retornávamos à casa
quando nos chegava um vazio de estômago carecendo substância, aquela que nunca
era o bastante pra saciar nossa fome. O automático da vivência não nos permitia
saber do que tínhamos fome. Mas era uma fome... Fome de mais!
O
COICE- Sobreviver... Se vive de que jeito nesse mundo sem fim, de um
fim que não se sabe ao menos onde que começou... Uma carência de gente que havia
dentro de nós que nos fazia quase nada,
até o pau, tacado pelas mãos da vida, doer no nosso lombo pra renascer um “eu”
dentro da gente e logo em seguida termos que matá-lo se ele se apresentasse com
identidade forte, capaz de fazer besteira por causa daquele nada se ele
insistisse em achar alguma coisa dentro. Procurar coisas dentro do nada é coisa
de doido, e ter que viver doido, melhor não viver. Mas era uma confusão de dentro pra fora e de
fora pra dentro de nós, ah, isso era e muita. Nada de nada! Era o lombo mesmo que sentia o
peso por não aprendermos como se fazia o
certo, já que errado era o fato de termos nascido pecado. E não havia como fugir
das lambadas, do que já estava registrado: moleque que não apanhava de manhã, certamente no correr do dia se
cumpriria o mandado.
Minha mãe me excomungou todos os dias pelo
fato de nela eu ter aumentado o bucho, o que confesso: nem sei se foi bom ou
pior do que aqui fora, nesse mundo desgraçado em que ela quis me pôr sem ter me
dado o direito a outra metade. Uai, e não são dois que fazem um? Acordava todos os dias doído pela dor do
amanhecer sem saber se seria pior ou mais doloroso abrir os olhos e não
enxergar nada de vida lá fora, ou não ter que abri-los para nunca mais encarar
o nada daquela oferenda e ter de viver o dia que exigia ser consumido.
A terra rachada daquele
lugar seco era tapete pros rasgões calcificados dos nossos calcanhares, e
andávamos na sofreguidão pros calangos bico-doce não se achegarem abotoando
seus beijos perigosos nessas partes
dolorosas dos nossos pés. Éramos alimentos dos bichos e do grupo de moleques
escapava o mais rápido que apanhasse um lenho, fazendo estribilhar sua casca seca nas moléculas do pó deixado ali
quando jogaram a sujeira da invenção do mundo, fazendo se esconderem os bichos
famintos de nós. Por isso era sempre bom andarmos em grupo; já que não éramos
nada, um pouquinho de cada um formava alguma coisa, um cisco, ainda que fosse
pra espantar calango.
Nas securas do chão íamos, Manelão e eu,
descarregar a ânsia dos nossos desejos
nos bichos que chegassem à altura do
nosso umbigo. Depois de abatida a presa, a levávamos para remediar a nossa
inanição. Manelão era rapaz de corpo feito, de pele da cor de barro úmido,
daquele que brilha pela falta de um sopro
que o seque, corajoso de pai e de mãe.
Seu sorriso malicioso ardia na claridão do dia. Nunca usávamos camisa, ele me ensinou que era melhor de peito aberto pro
vento prazerar o tempo. Ensinou-me o jeito do engate, o desatinado, mas não
valia um só pedaço daquele corpo que o cão modelou pra adorno dos olhos da
gente. E os meus olhos queimavam naquela claridade ardente e empoeirada
enquanto era de dia.
Numa dessas, no meio da moita, ajeitou o bicho
e o segurava enquanto eu fazia o serviço, mas o largou quando viu que os meus
olhos tomaram mais brilho que os dele. O bicho se revoltou contra mim. Fiquei
ali gemendo a minha angústia, enquanto a refeição sumia na poeira do picadão.
Manelão rolava seu corpo na areia caçoando a minha desavença com o bicho que eu,
sozinho, não dei conta de gozar. Fiquei ali na moita gemendo a minha dor. Saiu desatrelado, feito doido, gritando
dentro do pó vermelho a minha frouxura. Ergui o meu calção sem querer ver o
inchaço deixado pelo coice do bicho na minha virilha. Já quase escurecia quando
consegui chegar, arrastando-me, naquele lugar de idas e vindas sem vontades.
Meti-me no barraco por uma invenção mal feita de entrada e num passo já estava
na outra porta. Gastando o suor que não me restava mais no corpo, estiquei uma
esteira no chão daquela tapera e ali mesmo me joguei pra esquecer a maldita dor
que se intrometia em mim, exatamente naquele lugar de desejos em que eu necessitava esquecer.
O
DELÍRIO - Era gente demais, e o
vozerio consumia as minhas ideias.
Estavam próximos aos meus os olhos da minha mãe. Pareciam outros olhos o daquela peçonha.
Olhos que eu nunca tinha visto porque nunca se deixaram ver na frente do meu
olhar. Corri com os meus embaçados ao redor e pude ver Manelão com menos brilho
na pele do que no seu normal. A minha boca estava mais seca do que o chão em
que se pisava de costume. Um frio arrepiava o meu corpo. Fui agarrando o meu
juízo pra colocá-lo de volta na cabeça e percebi que estava pelado naquele chão
de terra, sendo observado pelos olhos de um monte de gente da peste.
Dona Terebentina, a macumbeira, tentando me
amumiar com folhas de bananeira. Escutei dela a tal da “febre”. Ela amarrava os
quase mortos ao rabo do sofrimento com as suas garrafadas. Feiticeira
desaforada! Ao invés de bendizer a
morte, tentava amaldiçoar a vida curando os seus doentes. O seu único filho,
Juvêncio, já era moço, mas era aleijado o infeliz. Não arrastava as pernas e os
braços não esticavam, por isso nunca deu um soco em alguém quando quis ou
precisou. Curava os filhos dos outros, mas o próprio não soube acertar na
fazeção. Pariu aquilo, que além de mal feito, fedia. Nunca que de abrir a boca e
contar suas amarguras sofridas pelos malfeitos
da molecada, que sempre jurava estava brincando com o desafortunado.
Pobre Juvêncio. Só sabia receber dó e zoeira do povo.
– O moleque está com febre, Rosita! Tem um
osso quebrado bem na altura do saco. Vou preparar uma garrafada pra não
infeccionar a fratura e amassar umas ervas pra entorpecer a dor do infeliz.
Parece que foi coice de bicho brabo.
– Sabe de nada não, Manelão? – Era a voz da
minha mãe querendo tirar notícias daquele maldito que me enfiou nesta
enrascada.
– Zé Jão foi à caça ontem, dona Rosita.
Adentramos o picadão, havia uns bodes soltos por lá, mas não tinham o nome do
dono. Manelão ainda mentiu: – Eu não quis pegar nenhum, então vim embora,
Zé Jão ficou por lá. Não vi mais nada!
– Aí, seu desgraçado!
Algum bicho traz o nome do dono pendurado no pescoço? Você traz o nome daqueles diabos que te pariram
pendurado nos cornos, traste?
Minha mãe não gostava do
Manelão nem de ver. Eu sabia que depois
que o povaréu saísse das suas observações sobre mim, minha mãe iria tomar
satisfações sobre essa minha desavença
ocorrida com o meu tempo. Ela pôs
fogueira nos calcanhares dos curiosos que saíam bendizendo o enfermo e
amaldiçoando o bicho que me pregara aquele coice no osso.
– Vai ficar aleijado, Zé
Jão! Que foi que fez? Estava se metendo com bicho de novo, criatura do cão?
Isso é castigo, moleque que já nasceu desgraçado! Além de ter você como filho,
agora aleijado? Quando conseguir se levantar do chão, aproveita a tua outra
perna, infeliz, e arraste a tua vida por esse mundo, se ele ainda te quiser.
Sei não como ficaram as
coisas. Tudo escureceu e eu via e ouvia estranhezas que não eram do meu lugar, mas de outro. Quando dei por mim de novo, já estava a casa
cheia da mesma gentarada fazendo aquela excomungação de reza que salva alma que
já está caminhando pro inferno. Alma!? Vê lá se existe isso! Sei só que existe
coisa pior do que desgraceira, e viver é bem maior na equivalência. Aquela
ladainha aumentava o meu ódio por ver aquele povo pedindo minha vida, se como
alguém que rezasse ali soubesse o que é isso.
O
AVÔ
- Se existia
coisa pior do que pior era aquilo que
chamavam de Armino Taipóidi . Bicho ruim que só de rosnar já fazia defunto
suplicar o óbito, preferindo morrer duas
vezes a ter que enfrentá-lo. Se não desse ordem nada acontecia por onde os pés
dele amaldiçoavam em pisar. De mulher não tinha uma só, entre elas, minha mãe,
que ele dominava, chicote em mãos, igual aos bichos que pegávamos pra encher
pança. Trazia sua faca - o instrumento da sua vida - no aconchego da bainha abotoada em sua cinta
de couro suada e surrada pelo suor daquele amontoado de estranheza que formava
seu corpo, que só de nos olhar, arrepiava o pó dos ossos. Se cão existe,
existe: Armino Taipóidi! Era a imperfeição desse mundo imperfeito que um dia
inventaram com cara redonda e pele branca avermelhada pelo sol. O ruim não se
acaba, fica a fedentina dele pra sempre por onde passou. Armino Taipóidi era
resumo de carniça. Da mulher que pariu minha mãe, ouvi dizer que a matou e a
outros que se aventuraram com ela na mesma cama em que jaziam seus amanheceres.
Ele era o acúmulo de ódio, mas mais de ódio foi tomado quem o livrou desse
mundo, rasgando-o vivo e o deixando pendurado na árvore das frutas com o sangue
escorrendo-lhe pela boca e uma foice encravada em sua bunda. Ninguém chorou
aquele acontecido. Soube do ocorrido e senti algo diferente que nunca havia me
acometido antes. O que seria?
MUDAMOS
– Adentramos, minha
mãe e eu, a morada do falecido Taipóidi, onde eu
nunca tinha entrado. Demos com muitas
cabaças penduradas nas paredes.
– Zé Jão, quebra essas cabaças que tem peso
chacoalhando aí dentro.
Saí e rachei as cabaças na parede de tijolo,
atrás da casa, abrindo cada uma delas. Dentro havia dinheiro que eu nunca tinha
sentido em minhas mãos. Uma necessidade correu-me no desejo e tratei logo de
esconder alguns daqueles valores. Mágico parecia que o lazarento não era, como
enfiou aquilo dentro das cabaças foi pra mim um mistério. Numa pilha de tijolos,
atrás da casa, amoitei quase todo o dinheiro.
Um dia ia me servir. No que o ia
cobrindo, uma cobra apontou-me. Num susto saltei bem longe com coragem de pegar
galho pra erguê-la e jogá-la dentro de um quarto, pela janela que Rosita tinha
aberto. Pra não haver desconfiança, dei umas notas à mulher quando entrei na
casa, e cuidei de fechar a porta do quarto, garantindo a estada da cobra ali,
que também me serviria.
– Quanto tinha nessas
cabaças, seu moleque ladrão!?
– Tá tudo ai, não mexi em
nada, mãe!
– Se aquele velho se dava
a guardar dinheiro em cabaça, deve ter mais por ai! Zé Jão, vê embaixo do
colchão se acha mais alguma coisa. Era dado a amoitada. Fazia seus biscates.
Mas não dava dinheiro a ninguém. Amontoava suas mulheres na surra quando elas
não o queriam de forma alguma. Só Mariana, que precisava da troca de suor com
aquilo por excesso de carência. Por fome, dava-se por comida.
Sei do que a mulher
falava, era também uma presa nas garras daquele seu pai. Do tempo em que a mãe
me ganhou nunca mais parou de sangrar. Manelão um dia me falou que mulher
sangra porque nasceu para isso. Mas Rosita tinha mais sangue do que as outras
mulheres, por isso nenhum homem queria ter com ela. Assim ouvia Terebentina
falar quando ia levar as garrafadas pra’quela mulher quando o sangue não parava
de verter volumoso. Sei de Mariana, a rejeitada de olhos desesperançosos cujo
único atributo era o decote, que ninguém queria pôr vista.
– Ter esse filho, Rosita, foi uma desgraça na
sua vida. Vai morrer sangrando. Como podia deixar aquele homem em cima de você,
sentindo as dores da criança batendo pra sair? Pusesse fora, como ele obrigava Mariana a fazer!
Enquanto eu ouvia,
silenciava presença, evitando que me
vissem por perto.
– Hoje vamos dormir numa
cama, Zé Jão! Aproveita o colchão que o maldito lhe proporciona e sinta menos
dor no corpo por ter nascido filho de quem é. Sonhar é o que não se pode mais depois
que se tem consumido da alma o corpo. Resta deitar e dormir.
Que é isso que ela falava
alto? Falava de alma e de corpo, como se de alma entendesse alguma coisa,
aliás, nunca souberam explicar por não saber existir ou não. Como atribuem ao
corpo alimento pra vermes, deveriam atribuir à alma, por ignorá-la, sustento do
vento.
NO
TORPOR -
Entendi as razões do ódio daquela mulher por mim e do meu ódio
hereditário por Armino Taipóidi . Agarrei-me ao ódio de não poder mais correr
uma liberdade escondida e fugir para sempre das vistas daquela pessoa. No que
Manelão já assuntava na janela a incomodar minha atinação.
– Aí, Zé Jão! Fui hoje ter
lá nos cumes, correndo feito vento, sem você. Se quiser ainda posso te ajudar
como antes. Estenda a tua mão que eu te agarro. Volta, Zé Jão, o teu coração
ainda bate, eu sinto. Abra teus olhos, amigo! O vento no cume soa solitário, carece do teu
passar por ele pra assobiar direito. Que tanta febre é essa que agarrou pro’cê?
Acorda, meu amigo! Você vai andar sim! Corre por aí que Terebentina é
feiticeira que não sabe de nada. E mesmo se você não andar te levarei nos meus
ombros por onde eu precisar ou quiser ir. Mas quero ir na tua companhia...
– Faz o que aqui,
malfeitor? Ele não corre mais com você. Não vê que está mais na morte que na
vida? Some, diabo! Deixa o moleque
morrer que já se passou o tempo dele por aqui.
– Dona Rosita, deixa eu
ficar com ele, falar com ele, até saber
que nunca esteve sozinho. A senhora não gosta de mim, mas eu vou ficar, porque
tenho tempo! Zé Jão precisa saber que é amado, e eu amo demais esse meu amigo.
Deixa eu ficar aqui chorando ele, sem entender por que um coice besta causou
tanto estrago ao meu amigo. Acho que outras coisas ruins se avolumaram dentro
dele, pondo-o neste estado de morto. Um coice de bicho não faria isso com ele,
dona Rosita.
QUERECENÇA
– Quem é você, peste, que
vem com tanta luz turvar-me a vista?
– Zé Jão, sou o enxerto no
teu latifúndio! A afluência do teu incessante querer atrofiado pela monotonia
do teu único sentir! O suspiro do teu corpo!
– Sabe lá o quê de querer
e de sentir? Você lá sente e quer alguma coisa?
– Zé Jão, sou a tua
querecença constante, o que te faz querer algo cada vez maior. O complemento da tua parte. Não da outra de
que tanto carece, que você bem sabe, mas não quer admitir: o teu pai. Sempre
quis esta tua outra parte para se completar, já que com tua mãe não encontrava
e nem conseguia nada.
_ Você é o inferno que me
invadiu no momento da minha nasceção!?
– Nasceção, não, Zé Jão, porque
você só nasceu uma vez, como você mesmo diz: pela metade, e nasceção é ato de nascer quantas vezes se
tem vontade de viver. A tua outra metade te domina e te arrasta, desencaixado, para a morte, que sou eu. Quer morrer, morra!
Mas mate também! Matando encontrará tua vida, aquela que você tanto suplicou,
desde quando morreu no teu nascimento.
Escolha se quer viver ou morrer. Vivendo continuará morto. Morrendo,
quem sabe, arrancará os teus pés encravados neste lugar que teus olhos fazem
deserto - e que não te abastece mais. Desconfunda-se da tua sombra, Zé Jão, que
é tempo. De uma forma, ou de outra, estarei sempre com você. Eu sou a morte,
mas dependendo dos lados tenho significados diferentes. Ouça a voz do teu amigo
que te chama.
– Zé Jão, dá tua mão pra
mim, meu amigo! Tá gostando desta cama que teu avô Taipóide te mandou, né? Pare de fingir delírio, moleque! Teu tempo não consegue passar sem a companhia
do vento, embora desencaixados, os dois não se separam. Ficarei aqui, porque dona Rosita foi acudir
Terebentina pelo passamento de Juvêncio. Foi picado, dentro do quarto, por uma
cobra das brabas. Foi Armino Taipóidi quem matou a venenosa com uma foice. Teu avô
veio aqui ter com tua mãe. Deu dinheiro pras despesas dos remédios e despejou
beijos nas tuas mãos várias vezes. Viram ele amargando tristeza debaixo da
árvore das frutas com rosário nas mãos. Talvez estivesse rezando, pedindo tua
cura. Para de delírio, Zé Jão, e acorda dessa febre por causa de um coice de
bicho, sô! Deu de ser frouxo? Não sei ficar sem você! Vai querer brincar de
vida e deixar a morte dar rasteira em nós? Só vou conseguir voar de novo se
você for comigo.
– Decida-se se quer morrer
e ir para a vida, ou permanecer nesta morte de vida que você tanto amaldiçoa, porque no espaço em que se encontra o vento
passa mais alto e você não é dado a
olhar para cima. Aceite, Zé Jão, este que te chama e que te quer, que também
pode ser tua outra metade, e saia da secura onde teus pés choram em pisar. Com
teu delírio viu o que aconteceu com Juvêncio e com Taipóidi. Você queria que
fosse tua mãe a morrer picada pela cobra e que seu avô fosse morto da forma como
o viu sob a árvore das frutas. Viveu, no
teu delírio, teu momento de vingança, Zé Jão: matou! Conheceu a casa do homem que você odeia; viu,
sem interpretar direito, o dinheiro que ele deu à tua mãe junto com o colchão
sobre o qual você se deita agora. Decida-se se quer morrer e vir comigo, ou
ficar com Manelão nesta terra que teus olhos tornam seca.
– Zé Jão, sou eu, meu
irmão, Manelão! Volta pra darmos rasteira na morte!
Esses foram os poucos dias dos quais eu consigo me lembrar da minha
nasceção. Faz tempo que o vento passou veloz, assobiando nos meus ouvidos. Ah,
o tempo e o vento, esses que
querem, a todo custo, nos levar empossados nos seus embornais. Aprendi que há
embornal feito exatamente pra cada um. Não podemos nos enfiar no que é
costurado pros outros. Se não nos encaixarmos direito rasgamos a própria
história e, viver de remendos é gostoso não. Aprendi que quando a gente põe o
pensamento pra acompanhar nossa
história, aí a gente foge com gosto, por
experimento. O vento de cada tempo é que
dissolverá as moléculas da querecença que faz a gente gostar do que deve e esquecer
do que não deve ser gostado. Como eu me lembro bem de quando estávamos, Manelão
e eu, com os pés lá no cume, afundando
os nossos olhares no vale que adormecia incólume.
Fui, e batizei o meu corpo no quentor que renascia de
novo em mim. Voei, como um sopro, pras corridas sobre a terra, admirando o
firmamento. Fui, meu amigo Manelão, por
ter ido aprendi que tinha corpo e tinha alma e que ela é o sustento do vento,
contrariando Rosita em seus dizeres: “Sonhar é o que não se pode mais depois
que se tem consumido da alma o corpo”.
Rosita, pobre mulher, cujo tudo lhe fora roubado, me ensinava que havia
muito nada em tudo que existia. Eu era o nada absoluto dela. Resolvi dela o
problema. Taipóidi, pobre velho, o vejo
sob aquela árvore - onde eu queria vê-lo morto -, com um rosário nas mãos. Eu o
ouço rezando pela mãe de Rosita – que
ele matou por ela tê-lo traído a vida toda - e agradecendo-a por ter parido Rosita, filha que ele jura,
nas orações, não ser dele. Reza por Rosita e por Juvêncio. Vai entender os
vivos? O pobre velho é meu pai, mas não
é meu avô?
Voa, meu amigo Manelão, com estes teus pés
ligeiros, sem camisa, de peito aberto, como me ensinou, pra que minha alma, em
forma de vento, sinta o prazer de agasalhar-te o peito, no teu tempo: uma forma
de eu dizer, meu amigo, que também te amo. Vou viver ao teu lado, amigo meu, até que um
dia seremos mais do que ventos, relembrando
os torpores dos tempos que vivemos enquanto estávamos juntos em corpos.
E nos nossos tempos unidos seremos uma só molécula no embornal do mundo, aí
este lugar bom de se viver será melhor ainda. De alguma forma me ouvirá, como já
ouço tua saudade. Agora entendo a razão de este cume ter o nome que tem: “Morro
dos Mortos”.
Tomara,
que no tempo deles, o homem que reza com rosário nas mãos, debaixo da árvore
das frutas, se confesse e que Rosita escute que sempre foi amada por ele: meu
pai.
Autora- Rita de Cássia
Zuim Lavoyer – Araçatuba- SP
"Rita, Adorei o teu conto. Fui levado pela intensidade da tua narrativa a uma terra onde a vida não nasceu porque morreu antes. Senti no estilo uma deliciosa mistura de Guimarães Rosa (Grande Sertão) com Vargas Llosas (Guerra do Fim do Mundo). O premio foi mais que merecido Parabéns. Você agora é o meu paradigma. Um grande abraço Helcio"
Um conto para se ler com o devido vagar, com a atenção entregue. Um fundo mergulho ficcional, cheio de intensa inventividade. E concordo com o Hélcio Almeida, do comentário acima, sobre a influência estilística do mestre Guimarães Rosa nessa sua peça. Parabéns, Rita, pelo merecido primeiro lugar.
Rita - não conheço os outros que competiram com este, mas este é o vencedor e a melhor escolha. Lindo conto. Você conta a realidade perturbadora da existência de muitos Zé Jão. O parto na poeira, aquele momento inevitável da chegada acidental daquele que ninguém queria. A descrição da fome, uma visão da fome inadiável. "Uai, e não são dois que fazem um"? O convívio promíscuo por falta de acomodação, todos misturados, como saber dos acontecimentos improvisados na escuridão, onde os corpos vivos tremem frio enganados pelo desejo. Ou "por fome, dava-se por comida". Por fim uma pergunta comum: "O pobre velho é meu pai, mas não é meu avô"? Não há escândalo, mas é assim que vida vive no Morro dos Mortos... PARABÉNS! Feliz Natal!
Rita, parabéns mais uma vez, da trabalho fazer bem feito, você conseguiu pintar uma tela surreal com este conto. Entrei nesta tela adentro sem enxergar obstáculos pelo caminho. Não procurei um conto escondido, encontrei-o na primeira lida. Parabéns.......... Emília Goulart
Amigos, saber que vocês estiveram aqui, dispensaram tempo à minha postagem, comentando-a, acreditem: é para mim uma outra vitória. Muito obrigada, muito obrigada, muito obrigada. Rita Lavoyer
Lia Jorge Amado? Incrível a sua narrativa! Quero o meu "embornal", agasalhar minhas moléculas e partir com um grande amigo: - o vento! Peito aberto e pés descalços para, do nascer ao morrer, fazer a "corrida Sobre a Terra Seca dos meus Olhos"...
Você apresenta o conflito social e a solução do mesmo, onde morrer seria mais benéfico que viver. A interiorização da consciência exata do que se passa no mundo psíquico dos personagens, nos faz pontuar inúmeros personagens reais... Rico monólogo interior com linguagem regional, simples e direta. Um despertar dos sentidos e sentimentos...
Sua capacidade posta à prova, dá o resultado para "podium"! Mais uma vez, Parabéns!
Obrigada, pela deferência em partilhar comigo, mais uma grandiosa obra sua!
Que belo conto, Rita! Com uma literalidade de primeira grandeza, irretocável, você traduz o limite de um holocausto que, faz com que a finitude seja a real solução para a imensidão das adversidades. Por todas suas qualidades, por toda sua obra, pela magnanimidade de um ser humano de imensa e lírica expressão, você merece esse honroso prêmio e o aplauso das almas encantadas de seus privilegiados leitores. Parabéns!
9 comentários:
Ouviu ai, Rita?
Estou aplaudindo!
Merecidíssima premiação! Parabéns!
Abraço.
Que o quentor do meu aplauso lhe chegue bem. Digo quentor para que saiba que é o mais caloroso deles!
bjs da Cecilia, a Ferreira.
Por e-mail, do grande amigo Hélcio Almeida:
"Rita,
Adorei o teu conto. Fui levado pela intensidade da tua narrativa a uma terra onde a vida não nasceu porque morreu antes. Senti no estilo uma deliciosa mistura de Guimarães Rosa (Grande Sertão) com Vargas Llosas (Guerra do Fim do Mundo). O premio foi mais que merecido Parabéns. Você agora é o meu paradigma.
Um grande abraço
Helcio"
Um conto para se ler com o devido vagar, com a atenção entregue. Um fundo mergulho ficcional, cheio de intensa inventividade. E concordo com o Hélcio Almeida, do comentário acima, sobre a influência estilística do mestre Guimarães Rosa nessa sua peça. Parabéns, Rita, pelo merecido primeiro lugar.
Rita - não conheço os outros que competiram com este, mas este é o vencedor e a melhor escolha. Lindo conto.
Você conta a realidade perturbadora da existência de muitos Zé Jão. O parto na poeira, aquele momento inevitável da chegada acidental daquele que ninguém queria. A descrição da fome, uma visão da fome inadiável. "Uai, e não são dois que fazem um"? O convívio promíscuo por falta de acomodação, todos misturados, como saber dos acontecimentos improvisados na escuridão, onde os corpos vivos tremem frio enganados pelo desejo. Ou "por fome, dava-se por comida". Por fim uma pergunta comum: "O pobre velho é meu pai, mas não é meu avô"? Não há escândalo, mas é assim que vida vive no Morro dos Mortos...
PARABÉNS!
Feliz Natal!
Rita, parabéns mais uma vez, da trabalho fazer bem feito, você conseguiu pintar uma tela surreal com este conto. Entrei nesta tela adentro sem enxergar obstáculos pelo caminho. Não procurei um conto escondido, encontrei-o na primeira lida. Parabéns..........
Emília Goulart
Amigos, saber que vocês estiveram aqui, dispensaram tempo à minha postagem, comentando-a, acreditem: é para mim uma outra vitória.
Muito obrigada, muito obrigada, muito obrigada.
Rita Lavoyer
por e-mail:
"
Rita!
Lia Jorge Amado? Incrível a sua narrativa! Quero o meu "embornal", agasalhar minhas moléculas e partir com um grande amigo: - o vento! Peito aberto e pés descalços para, do nascer ao morrer, fazer a "corrida Sobre a Terra Seca dos meus Olhos"...
Você apresenta o conflito social e a solução do mesmo, onde morrer seria mais benéfico que viver. A interiorização da consciência exata do que se passa no mundo psíquico dos personagens, nos faz pontuar inúmeros personagens reais... Rico monólogo interior com linguagem regional, simples e direta. Um despertar dos sentidos e sentimentos...
Sua capacidade posta à prova, dá o resultado para "podium"! Mais uma vez, Parabéns!
Obrigada, pela deferência em partilhar comigo, mais uma grandiosa obra sua!
Beijos, Célia.
Célia Rangel "
Que belo conto, Rita! Com uma literalidade de primeira grandeza, irretocável, você traduz o limite de um holocausto que, faz com que a finitude seja a real solução para a imensidão das adversidades.
Por todas suas qualidades, por toda sua obra, pela magnanimidade de um ser humano de imensa e lírica expressão, você merece esse honroso prêmio e o aplauso das almas encantadas de seus privilegiados leitores. Parabéns!
Postar um comentário