Meu presente de Natal
Havia tempo qu’eu pedia
mas o tal Papai Noel não vinha.
Queres mesmo saber?
Fatiguei-me de panetone, amigo secreto,
assados e ritual obsoleto.
Se estiveres sem presente
dou-me inteira para ti.
Tal qual a estrela cadente
faça-me o teu pedido,
que anunciarei o teu novo porvir.
Sacia-te comigo na tua ceia.
Faça-me, Agnus Dei,
o teu prato principal.
Degustando cada pedaço meu
renascerei ímpar para compor-me
tua virtude teologal.
Não mates o teu peru na véspera.
Venha com ele vivo, meu regalo,
antes da missa do galo.
Jingle Bells! Jingle Bells!
Toca-me teu sino, nada pequenino,
meu homem do céu!
Mas não venhas de rena...
Vem assim, de repente,
que tudo que é meu te espera.
Nada de chaminé !
Entra pela porta da frente.
Nesta noite, sem quimera,
esqueçamos os espumantes.
Nas tuas veias serei heroína;
do teu altar, amante.
Ungir-te-ei com o meu mel e o meu sal,
cristalizando onde minha boca tocar.
Depois rezo de mãos dadas contigo
quando a meia noite chegar.
Farei dela o único momento do mundo e
sem nenhuma veste,
entregar-me-ei a ti.
Na minha manjedoura
repousas, quando chegar a hora,
menino animal, o teu potencial.
Até que rompa a última corda
da harpa celeste,
quebrando as rotinas,
perpetuando-nos espécies natalinas.
É Ano Novo a cada minuto,
façamo-nos dele o fruto absoluto
numa ingestão real de vinho e pão,
para depois não chorarmos,
não olharmos para trás
arrependendo-nos do que não fizemos
nesta Santa Comunhão.
Autoria- Rita Lavoyer
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