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Volume XIII – Núm. 99 – 08 de junho de 2025
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Máquina para a poesia - postada na página 78 da Revista
Máquina, afirmam que Poesia é a
“antítese de lugar comum”. Estou aqui a maquinar mil coisas e ver se um verso,
pelo menos, vingue. Tenho para os meus dedos teclado com muitas funções, para
preencher a tela do meu ringue. Busco um lugar especial, onde eu possa abrigar
meus escritos, meu fardo. Mas, no amontoado sem ordens, não acho
nenhum! Do mundo das letras já beijei a lona e aprendi que o Universo já
é lugar comum.
Como achar tinta e enxugar meus prantos (por enquanto, falta-me expressão distinta), se eles despertam sinceros, transparentes? Como é difícil usar palavras apenas, se imagens múltiplas brotam em minha mente. Farto-me de letras desbotadas; ainda não tenho as nobres que se sobressaiam nesta saia justa, e que se distingam neste meu engenho.
Tenho vontade de ser uma máquina, porque poeta é ter passado, sentimentos, é gente que não traz em si o dom do esquecimento. Tenho vontade de ser toda em lata, produzir poesia sem cheiro de mofo, porque de carne, pelo e pele sofro. Tenho vontade de ter um motor com ritmo bem particular. Que o neologismo lhe encha o sistema, para que qualquer engrenagem me possa pulsar.
Tenho vontade de ter ombros fortes, para poetar o mundo e não senti-lo. Que minha estrutura não se vergue às críticas e minha máquina nunca perca o estilo. Tenho vontade de ser bem moderna, iluminista, impedir que o meu lírico se expresse mais. Ser programada para acertar a métrica e ser vanguarda para outras originais.
Quero ser máquina porque ela é o perfil do homem, e o homem é uma ilusão real. O ritmo, os versos, as estrofes serão untados com o óleo amniótico que lhes for peculiar. Quero nas veias graxa, lubrificante e meus parafusos os quero signos para semiótica.
Quero ser máquina com voz e tweeter, porque silêncio é lugar comum, e nunca mais me ouvir dizer que, com as letras, viverei melhor. Quero que meu automático não perca a cadência. Quero isso, porque ser máquina é obediência. Quem sabe a máquina seja a nova ferramenta para engrenar novo estilo às poesias? Porque máquina é feita para acertar e, nesta arte, geralmente eu erro. Quero ser máquina com estro bem vasto, porque, comigo, eu já não me basto.
Quero ser máquina, ser um avatar. Desfuncionar clichês e desmontar expressões surradas. Ter GPS para à Poesia mostrar-lhe o destino, onde ela possa parir o que traz de mais divino. Quem sabe um dia minha poesia vingue, pegue seu rumo, saia de mim e encontre um mundo mais curado, com emoções inteligentes. E que seu fruto seja abençoado e povoe um infinito ainda não inventado.
Não posso prender o que me foi dado livremente. Seria, meu e dela, o fim. E se ela se for, e este meu fado, um dia, for falado, que ela o ouça e queira retornar. Vai me encontrar com ombros tão cansados, suportando o fardo dos meus sonhos sonhados.
Se quando máquina eu for obsoleta, que a evolução da língua me faça humana. Com um metal risque, sobre minha ferrugem, uma Lua nova: inspiração antiga para um coração que ama.
Se acaso isso acontecer um dia, que minha poesia, então, me enterre em si. Encontre a máquina que um dia eu fui e descanse sua beleza sobre tudo qu’eu consegui sentir.
Porém... Se a poesia não me quiser mais, do meu ringue desligarei a tela para que ela possa descansar em paz. E se quiser, de fato, encontrar um lugar especial, onde louvem sua originalidade, terá que comigo, voltar a fazer par. Aí, sofrerá, de novo, na minha lavra.
Para ela criarei a liberdade: lugar
excêntrico por natureza. Lá irei colocá-la. Nesta feita, as antíteses lhe farão
sala. Por ela colherei o milagre poético: plantar matéria e espírito com uma só
palavra.
Enfim... Se nem eu, nem a máquina, atingirmos esta meta, registro-me aqui: deixe minha prosa aberta e, sobre mim, um alerta: aqui jaz este alguém comum que, desobediente, não desistiu de ser poeta.
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