Dia 09 de março de 1959 foi o dia do lançamento da boneca Bárbie.
No ano passado, quando fui distribuir os convites de aniversário da minha filha, comecei escrevendo dentro dos convites: “ Não deem bonecas Bárbie de presente”.
Ver filha se alimentando apenas de verdura é pra matar qualquer mãe cozinheira.
Não demorou muito, precisei sair para comprar outros convites, porque aqueles precisaram ir para o lixo a pedido da aniversariante.
É um saco mesmo chegar da festa com dezenas de pacotes do mesmo tamanho. Nem emoção a gente sente sabendo que ao abrir o presente vai encontrar a mesma coisa dentro de todos.
“ Essa eu já tenho, né mãe!” Essa, essa, essa também!”
Se o recado tivesse ido dentro do convite a emoção ao abrir os presentes seria bem melhor.
Em casa, quando pegam para brincar é uma cabeça para um lado, corpo para o outro, aqueles fiapos de cabelos loiros, ruivos, pretos brilhantes amontoando no chão, que chega até enroscar as pernas da gente . Passar condicionador nos cabelos delas desembaraça. Nem rastelo, quanto mais pente. A brincadeira acaba sendo curta e sem graça e começam outras brincadeiras com outros brinquedos e bonecas.
As Bárbies são bonecas que qualquer um pode tirar-lhes a cabeça e colocar em outro corpo. As partes são iguais, o material é duro, parece ser feito de ossos . O que as torna diferentes é a cor de cada uma. Se colocar uma cabeça ruiva num corpo negro, cabeça negra em corpo branco não faz diferença nenhuma. Lavar as roupas delas somente com escova de dente.
Enfim, vamos fazer uso dos objetos. Peguei um saco de lixo de 100 litros, enfie as magrelas dentro dele junto com outras gorduchas de pano e rumei para a escola.
Levei para trabalhar com as crianças o valor do diálogo, do silêncio, do abraço e outros que foram surgindo no decorrer da dinâmica. Claro que as bonecas de pano, gordinhas, surtiram mais efeito, atingindo o meu objetivo. Elas enchem os braços de qualquer criança. Além do mais, por mais que tentaram, não conseguiram arrancar-lhes as cabeças, eram fixas aos corpos. As crianças as abraçavam trocando os seus cheirinhos de gente que cada uma trazia em si.
No que, de repente, uns menininhos se engraçaram com as Bárbies. Agarrando-a pela cabeça, um deles foi direto, mirando o olho do coleguinha, com os pés da Bárbie. Se eu não separo a tempo, aconteceria uma tragédia irreparável naquele momento. Muitas conclusões nós, crianças e eu, tiramos daquela aula.
É proibido dar brinquedos com motivos bélicos às crianças. Como dar Bárbies pode, cheguei em casa atônita.
_ Filha, vamos treinar. Traga sempre uma Bárbie ao seu alcance. Se você for surpreendida por um marginal enfie, sem dó e com toda a sua força, os pés dela no olho do bandido.
Os pezinhos delas são lâminas fatais. Esses sapatinhos de bico redondo que elas têm vamos eliminar. Passamos bastante fita adesiva no pescoço delas para não perderem as cabeças quando você for dar o seu golpe de defesa. Entendeu?
Dito e entendido, cada canto da casa uma Bárbie. No carro também. Agora poderemos parar no semáforo com os vidros abertos. Numa investida nós atacaremos de Barbie os olhos dos atrevidos afinal, qual bandido terá medo de alguma coisa que até criança consegue manipular a cabeça?
Já que estão sobrando, vamos distribuir Bárbies aos avós. Uma em cada mão, para quando forem ao banco receberem suas aposentadorias com segurança. Na intuição de estarem sendo seguidos, nem precisa mirar. É só golpear para trás, em qualquer lugar que pegar, o corte será profundo. Ainda que não seja mortal, o assaltante certamente não escapará de uma boa hemorragia. Querendo dar mais utilidades ao brinquedo é só ler ou assistir Alfred Hitchcock .
Como eu sei que só tenho leitores gente boa, não corro o risco de passar essa informação tão preciosa a quem tem segundas intenções. Assim sendo, faça bom uso dessa descoberta. Terá uma boneca em sua defesa e não correrá o risco de ser condenado por porte ilegal de arma.
E viva a Bárbie, boneca que não envelhece nunca, porque é feita de puro fetiche.
Rita Lavoyer
4 comentários:
Bárbie como arma é ótimo! Pelo menos você achou uma função para essa joça sem personalidade. Só você mesmo, Rita... muito bom texto. Um beijo.
Mas que idéia, Rita!
O bicho anda pegando feio e você ainda inventa armas? Bem que o Caio Martins avisou que era cangaceira, hehe!
Ficou interessante de verdade seu texto!
Beijo
Rita, tive várias Bábies que guardei para minha filha, mas ela nunca gostou de brincar com elas. Tempo desses, doei tudo a uma escola, pois era um amontoado de Bárbie agonizante, dava até pesadelo.
Mas, tua sugestão é muito interessante, de verdade.
abraços,
kkkkkkkkkkkkkkkkkk.....So me lembrei do meu filho mais velho que odeia Barbie;ele tem uma menina e evita ao máximo a dita cuja,usa mais lilás que rosa ,ou então mistura e nada de Xuxa...kkkkkkkkkkkk...Já eu,dei uma Barbie,só compro rosa..etc,é uma luta e é minha neta caçula!!!!Adorei a postagem.Tô com dor no queixo de rir....
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