Por Rita Lavoyer
Acho que não usaria a palavra “convalescença”
com facilidade se não a estivesse experimentando. Ela soa mal aos meus ouvidos.
No mínimo diria: estou de molho, estou
nos meus direitos... se o período de “convalescença” a que estou submetida não
me ensinasse a respeitá-la.
Chega um momento da vida que o
que tinha que ser simples ficou complicado e se uma decisão não for tomada para
uma possível solução tudo para. No meu caso, algumas coisas importantes estavam
parando. Para onde eu ia- geralmente motorizada-, se estivesse calçada com algo
que não fosse um chinelinho, sentava e ficava. Calçar sapato era um suplício e andar só com
chinelos estava agravando os problemas dos meus pés.
Há anos chegando em casa com calçado
nas mãos prometi que trataria a deformidade que me atormentava.
Procurei médicos para tirar
dúvidas, conseguir informações e opiniões sobre o meu caso e todos, todos foram
unânimes quanto a necessidade da cirurgia. Dos amigos, a quem contava minha
situação, ouvi negativas de todos os tipos quanto ao procedimento. Cada um tem
outro amigo cuja cirurgia foi mal sucedida. Mas eu decidi que a minha seria um sucesso!
Já não tinha mais como fugir da
situação e autorizei que metessem o serrote e implantassem logo as placas e os
parafusos. A minha certeza foi se fragilizando após outras consultas o médico
me explicar e dar recomendações sobre o pós cirúrgico. Misericórdia!
Voltando aos amigos, alguns me
animaram mais um pouco. Disseram que quando o tempo pensa em mudar os parafusos
me avisam dias antes.
Passei pelo anestesista. Uma criatura
linda, tão delicada e humana, confortou-me: - Prepare-se! E terminou com a
máxima: DÓI MUITO!
E chegou o dia abençoado. Subi na
maca, respirei empoderada de mim, me achando... e me achei aos gritos com a
enfermeira me picando para aplicar o soro. Fui valente! Segurei firme e nem fui
mal educada com ela. E o lindinho reapareceu. Falou sobre a anestesia e
aplicando qualquer coisa na minha veia, falou sobre a dor, sobre a queimação,
sobre... Ainda bem que não deu tempo de eu ouvi-lo nesta última explicação. Se eu já não estivesse
dormindo, fugia com meus pezinhos mancos daquele centro cirúrgico.
Para bem da verdade e dos
médicos, tudo o que me informaram sobre as dores do pós cirúrgico é verdade, e
descobri que o estado líquido de Deus tem o nome de Morfina. Ai, que alívio! Como
também é verdade eu não ter me preparado psicologicamente para a tal
“convalescença”. As cirurgias que já fiz não me exigiram isso. Aguentar uma
semana parada foi barra, duas já estava chutando o pau da barraca com o pé
costurado. Entendi que um método eficiente para quem deseja internar uma mulher
no sanatório é engessar os pés dela. Que mulher se aguenta sem bater perna?
Não aguentava ler. Escrever nem pensar,
mas não parei de rezar porque sei que há remédios na oração. Está em Paulo (Hebreus, 10:36): “Porque
necessitais da paciência, para que, depois de haverdes feito a Vontade de Deus,
possais alcançar a promessa.” E eu me
prometi isso!
A cirurgia ainda dói. Mas é tanta
vontade de pôr um calçado para caminhar bem que paciência tornou-se forte
aliada da minha convalescência.
Abençoada seja a ciência e eu
creio no milagre promovido pelas mãos dos médicos, aceitando que a palavra
CON-VA-LES-CEN-ÇA agrada meus ouvidos e proporciona-me bem estar.
Deixo aqui um conselho para quem
precisa operar os pés: espelhe-se nos casos positivos, que deram certo. Cada
caso é um e o seu é único. Siga o seu desejo de melhorar, respeitando o seu
período de convalescença que tudo dará certo para você também. Desejo-lhe sucesso,
porque o forró nos aguarda!
Por Rita Lavoyer
3 comentários:
Meu Deus do Céu e da Terra também... Que Nossa Senhora dos Pés, sim porque deve existir, venha fortalecer a querida Rita em sua convalescença! Força ai menina! Rezemos...
Abraço.
Amiga Rita, estimo melhoras. E que estejas de pé o quanto antes! Abraços.
Grandes amigos Célia e Marcelo.
Já estou de pé. Mancando, Mas de pé!
Grande abraço e muito obrigada!!!
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