CENTRO
UNIVERSITÁRIO TOLEDO
CURSO
SUPERIOR DE TECNOLOGIA EM GASTRONOMIA
ENOLOGIA
E ENOGASTRONOMIA (HARMONIZAÇÃO)
Principais
regiões vitivinícolas brasileiras
Carlos
Albieri Cardoso dos Santos - 60155
Rita
de Cássia Zuim Lavoyer - 58181
Araçatuba
2021
1.
INTRODUÇÃO
In Vino Veritas
O
vinho! Quem o criou? Como? Onde? Deve-se haver muitas histórias como respostas
para cada uma dessas perguntas. Ao homem foi dado o dom de contar, recontar e reproduzir
histórias, desde quando começou a balbuciar as primeiras palavras. E desde quando se ouve falar sobre vinho,
ouve-se também a lenda de Dionísio, filho do deus grego Zeus e da princesa
Sêmele, ou Baco na mitologia romana.
Dionísio, ou Baco, segundo reza a lenda, trazia em si o conhecimento e o
segredo do plantio e colheita das uvas, estendendo seu poder para a produção de
vinhos. Por sua importância divinal entre os deuses do Olimpo, grandes festas ou encenações teatrais
aconteciam em sua homenagem onde os prazeres da vida e os efeitos do vinho eram
temas recorrentes nas festividades dionisíacas.
Considerando
que a mitologia, o mundo dos deus e seus feitos estão registrados há mais de
5.000 a.C, a história do vinho remonta a diversos períodos da humanidade,
iniciando-se lá no mundo antigo. Mas essa história foi muito bem explicada por
Arnaldo Grizzo (2016), conforme segue.
7.000 a 5.000 A.C. As primeiras vinhas do
mundo. As mais antigas vinhas cultivadas no mundo foram encontradas na Geórgia,
na região do Cáucaso, e datam da Idade da Pedra. Cientistas acreditam que esses
são os primeiros indícios de viticultura, ou seja, de um plantio organizado
feito pelo homem. Acredita-se que os vinhos tenham surgido também nesse
período, apesar de as primeiras prensas e outros equipamentos vitivinícolas
terem sido encontrados na Armênia em 4.000 a.C.
1.800 A.C. Os primeiros escritos sobre
vinho. Uma das obras literárias mais antigas da humanidade, o Gilgamesh (uma
série de poemas e lendas sumérias compiladas por volta do século VII a.C.), tem
um trecho, a tábua 10, que trata da fabricação do vinho. O primeiro livro da
Bíblia, o Gênesis, conta que Noé se tornou lavrador e plantou um vinhedo. O
Talmude, livro sagrado dos judeus, também fala sobre vinho.
750 A.C. A odisseia do vinho. Estima-se
que o poeta grego mais famoso da antiguidade, Homero, viveu por volta do século
VIII a.C. Suas narrativas épicas, tanto a história da Guerra de Troia, na
Ilíada, quanto as aventuras de Ulisses, na Odisseia, trazem relatos de consumo
e produção de vinho na época. Nas aventuras de Ulisses, por exemplo, é citado o
vinho de Maro, doce e forte, o qual o herói usou para adormecer o ciclope
Polifemo.
404 A.C. Estreia das Bacantes. Uma das
peças de teatro mais famosas sobre o deus Baco, ou Dionísio, as Bacantes foi
escrita pelo teatrólogo grego Eurípides e teve estreia póstuma (o autor morreu
um ano antes). A obra trata da vingança de Dionísio ao ser rejeitado por sua
família humana (ele é filho de Zeus com uma mulher). Também é a primeira obra
que relaciona o deus diretamente ao vinho.
Com tantas
informações sobre a história do vinho, fica fácil acreditar no ditado que diz
que o vinho, quanto mais velho melhor, e gostar das histórias que se contam sobre ele, pois
quanto mais distantes do nosso tempo, mais interessantes se tornam. E entre
todas essas égides em defesa dos relatos sobre o vinho, que os deuses as
conservem cada vez mais interessantes, descobrimos, ainda por intermédio de
Grizzo (2016), que no primeiro século do descobrimento do Brasil, exatamente
em 1552, um português, nascido em
Porto, chamado Brás Cubas, aventurou-se a ser o primeiro viticultor neste novo
mundo, hoje Brasil. Plantou as cepas trazidas de Portugal nas encostas da serra
do mar, hoje Cubatão. Parece que ali seu feio não deu muito certo. Foi então
que ele tentou próximo à cidade de Taubaté, onde o seu empreendimento prosperou
e o vinho brasileiro começou a aparecer, até dar uma louca na indústria
vitinícula brasileira.
Mas não parece que
tenha sido por intermédio de Brás Cubas que esta Terra, outrora Ilha de Vera
Cruz, tenha recebido as primeiras gotas do sangue divino das uvas.
Pois Pois! E
Portugal tratando-se de um país ligado à vinicultura, cá chegando Cabral com
suas caravelas, por ventura não haveria em todas elas barris do sangue sagrado
produzido naquelas terras lusitanas?
Usavam a bebida nas caravelas para cozinhar e higienizar os alimentos.
Se chegaram bons ou não, aí já é outra história, ora pois!
Conforme
Cabral (2019), - não o tal que dizem ter descoberto a Ilha de Vera Cruz - hoje
chamado Brasil, mas autor do livro de referência “Presença do vinho no Brasil”,
conta:
O
primeiro vinho produzido no Brasil foi em torno de 1550, pois foi em 1554 que
tem- -se notícia de um vinhedo produtivo onde hoje fica o Largo da Concórdia,
no Brás. Este vinhedo foi plantado com as cepas que resistiram ao primeiro
plantio, que não deu certo, em Cubatão. Ele foi ordenado pelo vitivinicultor
nascido no Porto, Brás Cubas, o fundador de Santos. [...] No pé da Serra do Mar
(hoje Cubatão) nada dava certo, então as cepas subiram para São Paulo e, no
Planalto de Piratininga, em uma área que algumas vezes o rio Tamanduateí
transbordava, plantou-se o primeiro vinhedo. Correspondências entre os jesuítas
dão conta que os vinhos lá produzidos “davam mal e mal para as missas”, e
acredita-se que na missa da Inauguração do Colégio de São Paulo, celebrada pelo
Padre Manoel da Nóbrega, e ajudada por Anchieta, em 25 de janeiro de 1554,
tenha sido utilizado vinho dessa procedência. Daí em diante as vinhas ganharam
o Tatuapé tendo chegado até Mogi das Cruzes.
Ainda, segundo
Grizzo (2016), exatamente no dia 5 de janeiro de 1785, a rainha Dona Maria I (A
Louca), baixou um alvará proibindo toda a atividade manufatureira na colônia,
impedindo o desenvolvimento da ainda jovem indústria vitivinícola daqui. Porém,
em 1808, com a chegada da família real ao Brasil, a sanção imposta por Dona
Maria I (A Louca) foi vetada pelo então D. João VI e todos os eventos sociais
passaram a ser regados com o líquido dos deuses.
Em razão dessa astúcia, muitas outras
histórias aconteceram nesta terra, desde aquela época.
2.
OBJETIVO
O objetivo deste
trabalho de pesquisa é discorrer sobre como as plantações de uvas e produções
de vinhos se desenvolveram no Brasil; quais são as regiões no país que plantam
uvas e suas espécies; um pouco da história de vinhos destes locais; quais tipos
de vinhos produzem e os prêmios conquistados pela produção.
3.
OS PRIMEIROS VINHOS PRODUZIDOS NO
BRASIL
As histórias sobre as vitivinícolas no Brasil
são interessantes e cheias de encantos.
Cabral (2019), assim confere:
a produção de vinho para ser vendido com
uma marca só tem início a partir de 1875 com a chegada dos imigrantes do Vêneto
(Itália) na Serra Gaúcha. Vem dessa época as famílias antigas do Sul como os
Salton, por exemplo. O pessoal que produzia vinhos foi vendendo seus produtos
em cartolas (tonéis) de diversos tamanhos, saiam da Serra com carroções e iam
até Porto dos Casais (Porto Alegre) vender seus produtos. Alguns iam até
Sorocaba, importante centro de distribuição de carne do Sul para todo o Brasil.
Quando muitas famílias já produziam seus vinhos, em 1910 o governo federal
exigiu que todos abrissem uma empresa, pois era necessário arrecadar impostos.
Assim, as vinícolas no Brasil só passaram a existir oficialmente a partir de
1910.
O Brasil, considerado o quinto maior
produtor vitivinícola do Hemisfério Sul, produz vinhos desde o começo de sua
colonização. Mas foi a chegada de imigrantes italianos, processo iniciado em
1875, que trouxe importância à atividade. (SILVANO, S/D)
Após esse episódio, a produção
de vinho no Brasil ganhou força e vinícolas especializadas espalharam-se por
todas as regiões do país, produzindo vinhos premiados equiparando aos rótulos
europeus, como na França e Itália.
(TIMEDEONIBUS, 2020)
Porém, quem pensa
que a produção de vinho no Brasil se resume apenas ao sul do país está um pouco
desatualizado. Há um ditado que diz que Brasil é terra que em se plantando tudo
dá. Mas, em se tratando de uva, melhor é
entender onde acharam por bem cultivá-las, pois é uma fruta que exige investimento
e pessoas capacitadas para o bem da espécie e da produção, pois há fatores que
afetam seu desenvolvimento. Segundo o Sebrae (2013) “Esses fatores devem ser de amplo
domínio do produtor, tais como a variedade plantada, espaçamento, clima, solo,
incidência de pragas e doenças...”
3.1. Regiões de plantio e produções no Brasil
Os principais estados
produtores de uvas de mesa e para vinhos são Rio Grande do Sul, com cerca de
80% da produção de uvas para vinho, São Paulo, Santa Catarina, Paraná, Minas
Gerais e Pernambuco (Região do médio São Francisco).
Pesquisas desenvolvidas pelos alunos das disciplinas do
Departamento de Tecnologia de Alimentos, do ICTA - Instituto de Ciência e Tecnologia de Alimentos, da UFRGS, (s/d), apresentam
consideráveis resultados que colaboram com item deste trabalho:
O
Rio Grande do Sul concentra atualmente sua vitivinicultura na
microrregião homogênea vinicultora de Caxias do Sul que engloba os municípios
de Bento Gonçalves, Garibaldi, Flores da Cunha, Farroupilha, Caxias do Sul e
alguns outros. São cultivadas cerca de 50 variedades, principalmente com a
finalidade de produzir vinho, suco e destilado. A região fronteiriça do Rio
Grande do Sul (Principalmente Pinheiro Machado, Bagé, Dom Pedrito, Santana do
Livramento e Quaraí) Apresenta potencialidade para a exploração mais racional
da viticultura, com condições climáticas favoráveis, bem como topografia que
possibilita a mecanização. Esta zona, com tudo, encontra-se no patamar inicial
de exploração industrial.
O
Estado de Santa Catarina concentra 95% da produção vinícula na região
do vale do Rio do Peixe. Cultiva principalmente videiras americanas, alem de
algumas viníferas. Aproximadamente uma Quarta parte da produção se destina ao
consumo in natura. Outra região que também produz vinhos, a partir de uvas
americanas, é a de Uruçanga
A
viticultura no Paraná é explorada em duas regiões bem distinta. Na
região metropolitana de Curitiba são cultivadas videiras de qualidade inferior
(americanas) e cuja produção se destina a vinificação e ao consumo in natura. A
região norte do estado é caracterizada por uma viticultura baseada em cepas de
uvas de mesa.
São
Paulo concentra sua viticultura nos municípios de Jundiaí,
Louveira, Vinhedo, São Roque, Itatiba, Jarinu, Cabreúva, Valinhos e Artibaia. A
variedade mais difundida na região é a Niagára, principalmente a rosada,
que representa cerca de 80% do total da produção. A maior parcela da produção é
consumida como uva de mesa e o restante é destinado a produção de vinho comum,
suco e destilado.
Em
Minas Gerais, a viticultura localiza-se na região Sul do
estado, principalmente nos municípios de Andradas e Caldas. As variedades
plantadas são americanas e híbridas, produzindo vinhos comuns e destilados de
baixa qualidade.
Em
Pernambuco, o vale do São Francisco caracteriza-se por ser
climaticamente distinto das outras áreas tradicionalmente vinícolas. A baixa
pluviosidade existente e temperatura alta e constante permite que, com
irrigação e tratos culturais bem conduzidos, se obtenham duas safras anuais.
Apresenta-se, portanto, com potencialidades para suprir o mercado interno de
uva de mesa e passa, e quem sabe também de vinhos. (grifos nossos)
Estado |
Área plantada(ha) |
Produção(ton.) |
% |
Destino |
Rio Grande do Sul |
38.479 |
415.585 |
62.8 |
Vinho, suco, mesa e derivados |
São Paulo |
10.581 |
146.360 |
22.1 |
Mesa e Vinho |
Santa Catarina |
5.255 |
75.383 |
11.4 |
Vinho, Suco e mesa |
Paraná |
2.037 |
16.288 |
2.5 |
Mesa e Vinho |
Minas Gerais |
523 |
3.378 |
0.4 |
Mesa e Vinho |
Pernambuco |
462 |
4.590 |
0.7 |
Mesa, Vinho e Passa |
Outros |
170 |
821 |
0.1 |
Mesa e passa |
Total |
57.507 |
661.405 |
----- |
--- |
Fig.1. http://www.ufrgs.br/afeira/materias-primas/frutas/uvas-rosadas/regioes-de-plantio-producao
3.2
Um pouco da história da produção do vinho nas regiões produtoras de uvas
no Brasil
Novidades notáveis sobre as produções dos vinhos no Brasil
estão sendo publicadas em várias revistas, sites entre outros em consequência
das inúmeras pesquisas que estão sendo desenvolvidas sobre o plantio de uvas e
vinhos no Brasil. Se o tema instiga
investigações, é porque rende assunto e auxilia nos investimentos e melhoras do
produto. Para trazer informações que corroboram com este item do trabalho,
buscou-se na revista ADEGA, artigo escrito por Borges (2006), alguns fatos
consideráveis sobre a geografia e algumas vinícolas de cada região.
O planalto catarinense
- A aclimatação de
variedades finas em São Joaquim e Bom Retiro, em Santa Catarina, na altitude de
1200 metros, e a implantação de vinícolas no local, fizeram do planalto de São
Joaquim a mais nova área vinícola do Brasil. Baixas temperaturas invernais,
amplitude térmica de 15 graus e solos pedregosos isentos de matéria orgânica,
criaram uma expectativa favorável em torno da qualidade das uvas da região. A
altitude elevada e o frio propiciarão a colheita das tintas em março,
diferentemente da Serra Gaúcha que colhe em fevereiro, oferecendo uvas mais
estruturadas e vinhos dotados de mais corpo e longevidade. A instalação local
de maior porte - a Vinícola Villa Francione - está situada na estrada de
São Joaquim para Lages e é administrada pelos herdeiros do empresário Dilor de
Freitas, quem iniciou o empreendimento. O primeiro vinho da Francione, um
branco da Chardonnay, foi apresentado em 2005. O seu primeiro Cabernet
Sauvignon, que se apresenta mais alcoólico para os níveis brasileiros, estará
no mercado entre 2006 e 2007.
O Vale do São
Francisco - Em torno do eixo
Petrolina - Juazeiro o vale do Rio São Francisco apresenta terrenos planos, na
altitude de 400 metros, com paisagem típica da caatinga. Localizado fora da
faixa apropriada para o cultivo de uvas viníferas, o semi-árido apresenta baixa
pluviosidade (menos de 500 mm) e forte insolação. O cultivo tornou-se possível
graças à irrigação controlada com a água do rio. Seus solos areno-argilosos
permeáveis têm se mostrado adequados para a aclimatação de videiras como
Moscatel, Cabernet Sauvignon e Syrah. Na localidade de Santa Maria da Boa
Vista, no lado pernambucano, a empresa Vinibrasil elabora vinhos tintos,
roses, brancos e espumantes da linha Rio Sol. No município de Casa Nova,
no lado baiano, as empresas Miolo e Lovara produzem brancos secos, brancos
doces, tintos e espumantes da marca Terranova. Sem deixar de lado a
marca Boticelli, pioneira de Santa Maria, onde também estão aclimatadas
a Tannat, a Petit Syrah e a Ruby Cabernet. Como se vê, a geografia brasileira
de vinhos finos ampliou- se e demonstra vitalidade.
A ABE (s/d), traz
relato interessante sobre a chegada da uva no Rio Grande do Sul:
No Rio Grande do Sul a
videira chegou em 1626, trazida pelo jesuíta Roque Gonzáles que plantou
videiras européias em São Nicolau, nos Sete Povos das Missões. Embora houvesse
necessidade da produção de vinho para utilização na missa, a dificuldade de
adaptação de variedades viníferas em nossas terras impediu a disseminação da
vitivinicultura no Brasil. Em 1742, assinala-se o renascimento da
vitivinicultura rio-grandense com a chegada de sessenta casais açorianos e
madeirenses radicados em rio grande e porto alegre.
No ano de 1813, D. João VI
reconhece oficialmente a primazia de Manoel de Macedo Brum da Silveira no
plantio de videiras e produção de vinho no Rio Grande. Por volta de 1840, a introdução da variedade
americana Isabel, por Thomas Master, na ilha dos Marinheiros, foi sucedida de
grande sucesso. Sua resistência e rusticidade fizeram que ela se implantasse
preferencialmente na região em detrimento das cepas viníferas, mais frágeis. A
uva Isabel foi-se disseminando nas áreas de colonização alemã, como São Leopoldo
A partir de 1875 desponta o
grande surto do crescimento da vitivinicultura gaúcha, graças á chegada da
colonização italiana, pois os italianos traziam na bagagem além das cepas de
uva européias da região de Vêneto, o hábito do consumo do vinho como um
alimento, e o ainda chamado espírito vitivinícola. As cepas com o passar do
tempo começaram a morrer por causa de doenças fúngicas, mas a força italiana e
a vontade de manter sua tradição permitiram aos imigrantes que encontrasse uma
cultivar que se adaptasse a região. A variedade de origem americana chamada de
Isabel (vitis labrusca) foi encontrada na região no vale do rio dos Sinos, onde
os imigrantes levaram para a encosta Superior do Nordeste, sendo que essa
cultivar se adaptou muito bem aquelas condições, e permitiu a continuidade da
produção de uvas e vinho.
Mas a história não para aí. Como a
Serra Gaúcha foi se estabelecendo como o grande centro de cultivo de uvas
viníferas e produção de vinho no Brasil, em 1912, em ação de interesse, tanto
do governo como dos vinicultores, fundaram a Federação das Cooperativas do Rio
Grande do Sul, sob a tutela de um advogado expert no assunto, vindo diretamente da Itália, e que já havia implantado o
sistema com sucesso em seu país e no Paraguai. A medida facilitou a taxação dos
impostos, vantagem para os produtores conseguirem preços mais justos do produto
final. (VALDUGA, 2017)
Seguindo com informações da ABE
(s/d) sobre a produção no Rio Grande do Sul.
Há algumas décadas a
preocupação com a melhoria de qualidade e as melhorias das técnicas agronômicas
fizeram com que, novamente, se iniciasse o plantio de variedades viníferas. A
partir de 1970, vinícolas multinacionais, como a Moet & Chandon, a Martini
& Rossi e a Heublein estabeleceram-se na Serra Gaúcha trazendo equipamentos
de alta tecnologia e técnicas viticulturais modernas. Essas empresas
implementaram, também, junto aos calouros da Serra, um programa de estímulo à
modificação do sistema de plantio, passando da latada à espaldeira.
Estimularam, igualmente, a produção de cepas viníferas. Essas medidas tiveram
como conseqüência um grande salto qualitativo no vinho brasileiro que hoje, a
despeito das dificuldades de solo e clima, ostenta padrão internacional de
qualidade.
Valduga (2017) explica que houve um cuidado com a mudança e
seleção das uvas; “passaram a ser prioritariamente vitiviníferas, o que
significa que começamos a plantar espécies dedicadas exclusivamente à produção
de vinho (como Merlot, Cabernet, Chardonnay, etc.)”
3.3. Vinhos da Sub-região da Serra do Sudeste, segundo o site
Academia do Vinho:
A Serra do Sudeste fica próxima ao extremo sul do Rio Grande
do Sul, entre as cidades de Pinheiro Machado e Encruzilhada do Sul.
Caracterizada pela conformação serrana ondulada e altitudes medianas, essa região tem temperaturas médias mais baixas e menor pluviosidade que a Serra Gaúcha, criando boas condições para uma vinicultura de qualidade.
Principais Variedades de Uvas Tintas Barbera, Cabernet Franc, Cabernet Sauvignon, Merlot, Periquita, Teroldego, Marselán, Pinot Noir, Ancelota, Malbec, Touriga Nacional, Gamay, Arinarnoa, Alicante Bouschet
Principais Variedades de Uvas Brancas Chardonnay, Gewürztraminer, Malvasia de Cândia, Sauvignon Blanc, Riesling
3.4 O vinho na região Sudeste do
Brasil
O vinhedos de Minas Gerais provaram que a região é capaz de
produzir vinho tinto de qualidade. São Paulo e Rio de Janeiro seguiram o mesmo
rumo. Tentando fugir dos efeitos
climáticos, os produtores de vinhedos desta região vêm se destacando com a
produção de vinhos brancos e tintos. Minas Gerais foi a pioneira, com rótulos
como Primeira Estrada e Maria Maria, seguido por São Paulo, onde a Guaspari é a
principal representante desta tendência, e por Rio de Janeiro, com a vinícola
Fluminense. E novos bons exemplos chegam a cada safra. (BARELLI, 2019)
Barelli,
2019, explica que o sucesso desses vinhos está no “truque” do cultivo: “A
partir da irrigação, a videira é, digamos, “enganada” e produz frutos quando o
clima lhe é mais favorável.” Barelli
ainda anuncia, sobre vinículas da região
sudeste, que “a Guaspari foi a primeira vinícola brasileira
a conquistar uma medalha de ouro no Decanter World Wine Awards, em 2016, um dos
concursos mais conceituados da atualidade.” E dá detalhaes sobre a estrela da
vinícula:
A estrela da vinícola é o seu Vista do
Chá, um syrah cultivado em um pequeno vinhedo de três hectares e que teve a
safra de 2016 lançada nesta semana. Tanto a safra de 2012 como a de 2014
ganharam medalha de ouro no concurso da Decanter, o que chamou a atenção para a
vinícola.
Em todos os projetos, a syrah vem despontando
como a melhor variedade para a dupla poda. Com vigor elevado, ela resiste as
duas podas anuais e matura lentamente, tanto de seu fruto, como a madurez
fenólica da casca, o que resulta em tintos mais estruturados e equilibrados. Nas
brancas, a maior aposta é na viognier, que, assim como a syrah é originária da
região do Rhône.
Mas há outras variedades cultivadas nestes
vinhedos. “Em 20 hectares, temos syrah, cabernet sauvignon, sauvignon blanc
e chardonnay”, afirma Eduardo Junqueira Nogueira Júnior, da quinta geração
de cafeicultores do sul de Minas Gerais e que lançou o Vinho Maria
Maria. Em 2009, ele plantou as primeiras mudas na fazenda Capetinga e o nome do
projeto vem da amizade do proprietário com o cantor Milton Nascimento. (grifos
nossos)
Percebe-se que com o
dinamismo dos produtores de videiras da região sudeste terão vinhos produzido
nesta região terão vida longa, tão longa quanto a própria história do
vinho.
3.5 Vinhos brasileiros
premiados internacionalmente
A lista de vinhos
brasileiros premiados dentro e fora do país é bem extensa. Nesta pequena relação constam os melhores
destacados nos últimos anos.
- Maria Maria Bel Sauvignon Blanc
2015, vencedor da categoria bronze, é de Três Pontas (MG) ;
- Os vinhos Vista do Chá, Vista da
Serra, Vale da Pedra, Vista do Bosque – todos da vinícola Guaspari – são
produzidos em Espírito Santo do Pinhal (SP);
Figura2: http://www.agenciaminas.mg.gov.br/noticia/vinhos-com-tecnologia-epamig-voltam-
a-ganhar-premio-internacional
Se houve barreiras e preconceitos com relação aos vinhos
nacionais, já é tempo de se rever os conceitos sobre os produtos brasileiros
elaborado com os sangues sagrados das uvas.
Pesquisas referente ao tema há aos montes, isso demonstra o
interesse dos pesquisadores sobre o tema. Logo é assunto que deva gerar
benefícios socioeconômicos ao país.
Percebe-se que há, além do interesse na produção de uvas,
amor pelo cultivo da fruta e pelo preparo do vinho. As classificações que os
vinhos brasileiros vêm conquistando mundo afora dá mostra do potencial das
viniculturas nacionais.
E o Brasil mostra-se um ótimo vinicultor. Faça-se a ele um
brinde com um vinho de sua lavra. Tim tim!
Referência
ABE
- Associação Brasileiro de Enologia. A História do Vinho no Brasil. Disponível
em: https://www.enologia.org.br/curiosidade/a-historia-do-vinho-no-brasil.(s/d) . Acesso em 01 de jun. 2021.
BORGES, Euclides
Penedo. A nova geografia do vinho no
Brasil. Revista
ADEGA
10. Agosto/2006. Disponível em: https://revistaadega.uol.com.br/artigo/a-nova-geografia-do-vinho-no-brasil_6120.html. Acesso em 01 de maio de 2021.
GRIZZO, Arnaldo. Os primeiros passos A
história do vinho Fatos e personalidades que marcaram a trajetória da
bebida desde a antiguidade até os nossos dias. Revista ADEGA de 20 de junho de 2016. Disponível em
. Acesso em 09 de abr. de 2021.https://revistaadega.uol.com.br/artigo/historia-do-vinho-e-o-vinho-na-historia_9693.html. Acesso em 09 de abr. de 2021.
ICTA - Instituto de Ciência e Tecnologia de
Alimentos. Regiões
de Plantio/Produção. s/d. Disponível em: http://www.ufrgs.br/afeira/materias-primas/frutas/uvas-rosadas/regioes-de-plantio-producao. Acesso em 01 de maio de 2021.
SEBRAE. O cultivo e o mercado da
uva. Disponível em https://www.sebrae.com.br/sites/PortalSebrae/artigos/o-cultivo-e-o-mercado-da-uva,ae8da5d3902e2410VgnVCM100000b272010aRCRD.
Acesso em 01 de jun. 2021.
SILVANO,
Carlos. História
do vinho no Brasil e sua evolução até os dias de hoje. Enovírtua
-Departamento de Redação, Estudos e Pesquisas. Disponível em:
https://www.enovirtua.com/enocultura/historia-do-vinho-no-brasil-e-sua-evolucao-ate-os-dias-de-hoje/
. Acesso em 01 de jun. 2021.
TIMEDEONIBUS. Conheça as regiões produtoras de
vinho do Brasil. 2020. Disponível em: https://euviajo.deonibus.com/regioes-produtoras-de-vinho-brasil/.
Acesso em 27 de maio de 2021.
VALDUGA,
Luisa. A história do vinho no Brasil: conheça a trajetória da bebida em
território nacional. 2017. Disponível em: https://br.search.yahoo.com/search?fr=mcafee&type=E211BR1494G0&p=hist%C3%B3ria+da+produ%C3%A7%C3%A3o+do+vinho+no+sudeste+do+brasil.
Acesso em 01. De jun. 2021.
Sites
https://academiadovinho.com.br/__mod_regiao.php?reg_num=SERRASUDESTE. Acesso em 01 de jun. 2021.
http://www.ufrgs.br/afeira/materias-primas/frutas/uvas-rosadas/regioes-de-plantio-producao. Acesso em 27 de maio de 2021
https://revistaadega.uol.com.br/artigo/a-nova-geografia-do-vinho-no-brasil_6120.html
https://academiadovinho.com.br/__mod_regiao.php?reg_num=br
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