JOÃO BERTON FERNANDES e
ANTÔNIA BARALDI FERNANDES, tios com gosto de bom-bocado
Eu tenho sorte com tios.
Meu tio Berton é do tipo que, quem tem um, certamente tem memória de
infância. Embora ele dispense
apresentações, pois é popularmente conhecido em Auriflama, faço questão de
apresentar a sua ficha técnica.
Nascido em Catiguá no dia
10 de julho de 1946, é filho de João Fernandes, vulgo João “Birro” e de dona
Joana Berton Fernandes. São seus irmãos por parte do pai: Manolo, Carmen,
Teresa e Neninha. Por parte da mãe:
Aparecida (Cida – esposa do Mário Costa), Regina e Saturnino Rincão – o
Nego.
Casado com Antônia
Baraldi Fernandes, a tia Tonha, tem dois filhos: Paulo Henrique e Alessandro, o
Lebebê da Millenium. As noras são Ana Cláudia e Eliete, os netos são o Lucas e
a Alice, esta transforma a casa dos avós no País das Maravilhas. Também, com
uns avós desses, que não deixam faltar bolo de chocolate, sorvete, beliscão de goiabada,
palito francês, bananada, gelatina colorida, coxinha, risoles, pastel, pizza,
macarronada, maionese com farofa e que compram Coca-Cola de 1 litro em garrafa de vidro, nem eu, com essas lembranças afetivas, consigo sair
da minha infância. São tios que deixam nos sobrinhos um bocado de coisas boas.
Deixando de lado as
gulodices registradas no meu paladar, sei que o tio Berton era um moleque
esmirradinho, entregador de botijão de gás do Dedé Daineze. Menino brincalhão,
arrimo de família, divertia-se entregando o produto assobiando. Acho que ele
assobiava porque mantinha as mãos ocupadas com a carga e não conseguia bater
palmas ou apertar as campainhas das casas. Adotou o assobio como “Oh, de casa,
cheguei!”
Enquanto isso, na Vila
Áurea, Antonia Baraldi trabalhava de enfermeira na Santa Casa da vila.
Do Dedé, Berton passou a
contar dindim na empresa Itamarati, onde era cobrador de ônibus. Dali foi para
o Escritório de água, cobrador. O homem era dado a cobrar. Foi medir fazenda e
cortar pano na Loja Riachuelo. Nessa época, Antônia foi funcionária da casa da
professora Mercedes Marques. Foi ela quem ajudou a criar os meninos José
Augusto e Carlos Henrique Marques. A
partir das conversas que ouvia o tio contar, registrei na memória a palavra
“tergal”. Quando passo alguma peça desse
tecido o cheiro ardido do produto remete-me à minha infância de sobrinha do Tio
Berton.
De funcionária da família
Marques, a tia Antônia passou a cuidadora de crianças na Creche São João
Batista. Esses meus tios não foram
pessoas de vida fácil, constituíram-se à base de muito trabalho, estudaram depois
de adultos e casados. Mesmo com suas dificuldades não deixavam de auxiliar os
seus. Meus irmãos e eu somos os privilegiados pelos auxílios oriundos deles.
O Tio Berton se efetivou
como funcionário da Caixa Econômica Estadual e a Tia Tonha, com o Alessandro
ainda bebê, aprovada em concurso, foi alfabetizar em Carapicuíba, deixando aos
cuidados do esposo os filhos ainda crianças. Retornou para Auriflama para dar
aulas na escola Clara Carvalho, passando depois para escola Conceição de
Oliveira Moreira. E nas idas e vindas da
vida o casal foi se fortalecendo, os filhos criando asas, se diplomando,
formando família e registrando histórias, dentro das quais eu me encontro.
Hoje, esses meus tios são
aposentados em suas profissões, mas não aposentaram os sentimentos pelos seus
queridos, porque aprenderam com as lições da vida que são exemplos de esteio, de lealdade, de fé
e de mesa farta: farta de união, de família, de esperança e de amor. Por todas
essas qualidades deles sou farta de lembranças, farta de tudo de bom que
experimentei no aconchego das suas existências.
Tio Berton e Tia Tonha são exemplos de um bocado de tudo de bom na vida
da gente. Um bocado de maravilhas que as
pessoas que conviveram e ainda convivem com eles não desejam que se perca. Tios
com gosto de bom-bocado. Hummm, que delícia ter tios assim!
Autoria – Rita de Cássia
Zuim Lavoyer (sobrinha)
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