Texto classificado para compor a 28º edição da revista Literária Inversos.
Seu Zequinha no São João
do Nordeste
Seu Zequinha quis
conhecer novas culturas.
Faria tour
gastronômico regado a gostosuras.
Comeria sem dó. Celebraria
por lá a fartura,
embalada por muito forró.
Seria um cabra-da-peste.
Embarcou para o Nordeste,
terra de solo fecundo.
Apeou em Campina Grande,
o Maior São João do Mundo.
Depois de dançar a
quadrilha, pôs fim à sua larica
comeu pamonha, bolo de
milho, xerém, mungunzá,
baião de dois, cuscuz, se
empanturrou com a canjica,
com o caruru e acordou em
São João de Caruaru.
De novo em outra festa do
Santo popular.
Arrastou as botinas,
mostrou o seu gingado.
Comeu paçoca, pão doce com
pingado, carne de sol e sagu.
Insatisfeito, comeu
pipoca, pé de moleque, tomou quentão.
Embriagado anoiteceu em
São Luís do Maranhão.
Ouviu histórias da
escrava Catirina e interagiu com Boi-Bumbá
comendo carangueijada,
cocada, arroz-doce e macaxeira.
Depois do tacacá e do cachorro-quente
não sabia como parar.
Oh, dó! Se desmaiou não
se sabe, mas quando abriu os olhos
já estava no São João de
Maceió. Sentindo-se um bom freguês,
sem saber se ia dar bom
ou ruim, pediu tapioca, bolinho de goma,
sururu de capote,
quebra-queixo e batida de amendoim.
Sua rebordosa foi tanta
que apelou para o Santo da Festa.
“Acordai! Acordai!
Acordai, João”.
Bateu na porta da
“capelinha de melão”
Quando viu que a capela
era de comer, não se fez de rogado.
Comeu o melão, o cravo a
rosa e o manjericão.
Com a barriga vazia, fez
uma oração com muito fervor.
Voltou para a festa, faltava
comer a maçã do amor.
Autoria – Rita de Cássia Zuim Lavoyer – Araçatuba-SP
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