texto classificado na 10ª edição da revista Ecos da Palavra, tema Mulher e Mãe.
Pode ser lido na página 74, neste link.
https://www.facebook.com/profile.php?id=100048586577820
Planeta mulher
autoria: Rita de Cássia Zuim Lavoyer
Mulher, se for natural,
da sua nascente nascerão as
sementes de vidas futuras.
Dos seus mananciais, a vida correrá sem cessar.
Estenda seus braços, oh, mulher!
A sua fonte não pode secar.
É o leito das criaturas, Mulher,
é mineral, sacia a nossa sede de seres mortais.
Se for encanada, tratada nos chega pra toda
jornada.
Mulher, se tem a bondade
será água benta celebrando a trindade.
Mulher, você é a fonte da vida!
Abra seus braços, dedique-se ao mundo
é a fonte da água, se faltar o planeta padecerá.
Mulher, é a água do morro, é a água da jarra,
é a água do lago que abastece a plantação.
Mulher, lá do alto, é a cachoeira,
mas também é a da cana pra fazer besteira.
Está na placenta que fomenta a vida.
Quando é da chuva, escorre no chão.
Você move moinho, sustenta o pão
que alimenta o homem pra toda missão.
Está presa, ergue-se em paredes,
vira fortaleza em uma represa.
Promove energias, mulher água-viva,
para o mundo poder ouvi-la em canções.
Chuá, mulher! Chuá na voz da oração.
Mulher, é o recheio do coco, o soro do fraco ...
É a água ardente, o ébrio do homem.
Mulher, se você é a fonte, da água será as
partículas,
o oxigênio, o núcleo, o átomo.
Mulher, gota de orvalho que molha a relva,
que consola e acalma.
Da água, mulher, você é a alma.
É água da fruta, da pedra, do choro.
É a água que desce e sobe o morro.
Você forma um rio e corta cidades.
Mulher, você cresce, fica grande,
transforma-se em mar de trabalho,
é o suor da humanidade.
Mulher, água oceânica, é a água da boca,
se joga no chão e limpa sujeiras,
escorre nas faces, lava os olhos...
É água de cheiro, de muitas facetas.
É água de brilho que sai do seu seio
e amamenta o filho, fruto do meio.
Mulher, se for e não voltar, será água seca,
gota faltante no centro do lar.
Então, poluída, por onde passar abrirá feridas.
Mulher revolta é água tão forte, é a água da
enchente,
é a água da morte. Mata tanta gente...
É da vergonha que escorre pelos dedos, foge pelo
ladrão,
estoura os caixas, uma e tantas vezes.
É da urina, das fezes e de seus revezes.
É água que embala e que compôs a bala - a
perdida
e a encontrada no peito,
e acha bem feito da vermelha que escorre.
Mulher, se praticar o mal
cessará a vida no seu manancial.
Se quiser será benfazeja
estenda seus braços, abrace a paz
seu fluxo se ramificará,
encontrará muitas outras e,
junto a outras, fará o que quiser.
Por favor, fonte da água,
seja do mundo a mãe, jorre amor
e faça da Terra o Planeta Mulher.
Nenhum comentário:
Postar um comentário