BOLO DE BATATA-DOCE SEM GLÚTEM
Ontem, sábado, dia 14/09, decidi que faria algo diferente.
Sai para comprar a batata-doce, a farinha de arroz integral,
porque não tem glúten, o leite de coco para substituir o leite de vaca
integral, o desmoldante culinário (sem glúten) para evitar uso de outros
insumos indesejáveis para a receita que pretendia para o bem-estar dos meus
queridos familiares fofinhos. Amo-os por inteiro, mas é bom ajudá-los a diminuir
as porçõezinhas que trazem a mais em suas belezas.
Enfim, fui preparar o tal de bolo de batata-doce com a
farinha de arroz integral. Pensei: hoje verei meus amados se esbaldarem sem me
sentir culpada pelas gulodices, que a MINHA FORÇA DE VONTADE me obriga a preparar diuturnamente, para eles.
A massa ficou linda: batata-doce crua, ovos, leite de coco, queijo
parmesão, óleo de girassol, fermento químico e a farinha. Huum, deu-me vontade de comê-la crua. Como esses
tipos de vontade eu mato na hora, comi de colherada. Foi quando me dei conta
que o meu paladar é feliz mesmo à moda antiga. O sabor nem chegou perto das deliciosas
massas que preparo, esparramando farinha de trigo por toda a cozinha. Gosto de
preparar alimentos farináceos com a minha blusinha preta, só para ficar toda
branquinha na cozinha, com cara de padeira feliz dentro da sua padaria. UM DIA
SEREI PADEIRA, CONFEITEIRA!
Calma, pensei, após assado, com os ingredientes mais incorporados,
o bolo ganhará novo sabor.
Como adoro ver o processo do assado em andamento, fico observando
pela janela do forno o crescimento da massa acontecer diante dos meu olhos. Não
há felicidade maior para uma cozinheira do que ver seu trabalho ser processado
com sucesso. E foi! O bolo cresceu, e o desejo de ver o resultado pôs minha
ansiedade em ação. Retirei a obra de arte no tempo que minha gulodice
estipulou, desinformei, cortei e experimentei quente mesmo. O amargo que senti
na colherada anterior acentuou após assado. Foi quando me dei conta, de novo,
que o meu paladar é teimoso, radical , que é feliz à moda antiga, com a farinha de trigo
sob meu poder. Convidei meus queridos a experimentarem meu feito. Não gostaram. Aí há uma vantagens. Ficarão bom tempo sem comer por hoje, porque até
às 13h só tinha feito o bolo.
“Vai ter o que de almoço?” Não me alongarei no assunto.
Hoje, domingo de manhã, fiz meu café, olhei para o bolo, a aparência
não ficou grande coisa porque o tirei antes do tempo do forno, ele sorriu deliciosamente para mim,
conversamos um bom tempo à mesa. Ele à
disposição e eu me permitindo, entreguei-me a ele com tanto prazer que retirei
o segundo (bolo) do armário – fiz dois, aqui em casa tudo tem que ser feito à
medido de tachos.
Para não promover exclusão, cortei um, depois o outro,
tomando um golinho de café, outro, pingando leite. A massa do bolo está uma
esponja, um algodão que some na boca. Passei
manteiga bem gordurosa, depois um requeijão daqueles mais baratos à base de
farinha com soro de leite e fui, a cada mordida, entendendo o processo lento da
deliciosidade do bolo que preparei. Frio, os sabores dos ingredientes moldaram-se,
permitindo-me saborear um conjunto artístico de insumos que consagrei sorrindo.
Não o comi inteiro porque não me coube,
mas considerando que comi a metade de cada um, logo...
Enfim, saborear um bolo sem glúten é para os fortes que
controlam a ansiedade e eu comi meu bolo sem dó. Aprender a cozinhar é meu
lazer. Escrever sobre lazeres também é gratificante. Façam bolo sem glúten,
comam dialogando com ele, entreguem-se a essa gulodice e sejam felizes nessa recíproca integração.
Bom apetite!
Nenhum comentário:
Postar um comentário