
01/03/2009.
Querida amiga, permita que eu me apresente. A partir de hoje, iniciaremos um encontro que se estenderá durante o mês de março, mês dedicado às mulheres. Espero, possa se tornar bastante significativo na sua vida, leitora, como será para a minha.
O meu todo é constituído de personagens atravessando numa rua de mão dupla. Em cada passagem uma leva um pouco da outra. Enceno-me tão logo o pano de boca se abre para que eu me possa apresentar num palco cujo roteiro é a minha própria rotina. Sou assim e não consigo ser de outro jeito, talvez por falta de tentar. Mas não estou com vontade de mudanças agora, mais pra frente, conforme as circunstâncias exigirem tentarei me adaptar ao meio caso este não se molde ao meu perfil.
Tudo bem, sem susto. Quero falar de mim para você ou, quem sabe, tentar tirar um pouco de você trazendo-a para mim, igualando-nos. De igual para igual será difícil, mas os diferentes se mesclam, moldam-se nas massas que nós, mulheres, preparamos. Entrando no assunto. Quero falar de mulher para mulher. Sei falar de mulher porque sou várias delas em uma só. (Certamente algumas deixarão de ser mencionadas, pois diferentes espécies renascem a todo instante.) São as circunstâncias. Elas foram se desenvolvendo e tomando forma nas assadeiras da minha vida. Algumas eu tentei eliminar, mas não houve como, a batalha foi árdua, pois a única arma que eu tinha era eu mesma. Saí machucada e machuquei também. Foram tantos toma-lá e dá-cá que os hematomas, hoje, têm o tom de confetes. Quando acaba o meu carnaval algum inventa de querer doer, faço um carinho em mim e a dor se assenta. Essas minhas mulheres vieram definidas em corpo e alma para habitar em mim e eu concordei em deixá-las ficar porque uma completa a outra. Eu sou mulheres. Hoje, por coragem, orgulho-me por sê-las e tê-las, razão pela qual as modelo em poesias.
A poesia é o meu corpo e cada palavra que a compõe são os meus órgãos - lírico em masculino e feminino. Às vezes, elas faltam, as palavras. Aí, busco em uma o que falta na outra. Explico:
Sou filha, irmã, neta, sobrinha, tia, prima, cunhada, vizinha, amiga, esposa, nora, mãe, santa endiabrada e muitas coisas mais e, por último, amante. Mas deveria ter sido a primeira. A mulher pode ensinar tudo e aprender muito mais, mas se não houver a amante dentro dela muitas lições virão à bancarrota e todo o aprendizado será em vão. A mulher tem sangue nas veias; a amante, alma no sangue.
Durante os nossos encontros falarei sobre a minha amante, a que mais eu surrei e, quem sabe, nesta mão dupla em que vamos atravessando durante o mês de março você não consegue mostrar-me as mulheres que é para, enfim, formarmos um elenco maior nesse palco de útero e alma que se chama Mulher.
Permita-se encontrar em uma destas que lhe apresentarei. Elas não lhe farão mal algum. São todas a mais pura poesia extraída de mim, ofertada a você com o aroma do mais puro viço do meu jardim cujas rosas, ali colhidas, constituem-se de carne e alma tornando-me ramalhete.
Grande abraço, amiga. Amanhã, dar-lhe-ei uma flor. Receba-a com carinho.
imagem:www.mensagensvirtuais.com.br
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