
Terra Araçá, cidade que nos conduz.
Ainda virgem nesta terra noroeste,
os teus anjos caingangues nus em pelo
guardavam o hímen, outrora selo indesfrutável,
para protegê-lo, mataram e morreram.
Da tua vida eram eles guardiões,
viraram reles diante de tantas armas,
frente a elas foram foices e canhões.
Estes índios foram a causa
da desfloração tão demorada,
pois não queriam em outros braços
esta terra tão amada.
Não sabiam o porquê a menininha
cheirando a vida e com o viço ainda em flor
para ser mulher houvera passar pela dor.
Com outros seres diferentes de tua pele,
os caingangues assistiram a exploração.
Foi violenta a cena que assistiram,
sem mais bravuras prostraram-se ao chão.
Viram-te sendo aberta e desmatada
de mãos atadas nada mais tinham a fazer.
A vergonha na visão dos aforistas
com brancos panos esconderam membros a vista.
Aqueles anjos, outrora puros, depois homens,
ajudaram o flanco para aqui chegar o trem.
Em tuas áreas adentraram com firmeza
limpando as vias, clareando a escuridão.
Eram jagunços, exploradores e dormentes
Penetrando-te para te remodelar.
Frente a frente com teu corpo tão disforme,
como o ciclo em sua evolução,
de menininha passaste a moça feita.
Já eras fértil e sonhavam com a colheita.
No vai-e-vem do trem em tuas entranhas
fizeram mapa com o teu corpo de mulher.
E logo veio um filho atrás do outro,
porque sabias dar a luz e muito brilho
ao filho, ao pai, ao esposo e aos irmãos.
Descarrilado o trem, tu o punhas no trilho,
Porque progresso é o teu DNA.
Hoje teus filhos em nome deste progresso
Gritam bem alto o teu nome, o teu sucesso:
“Araçatuba! Mãe-mulher cem anos-luz
Terra Araçá, cidade que nos conduz.”
Todo o povo, de joelhos em tuas terras
de onde brotam os homens para vencer
Araçatuba! És mulher e os teus filhos
aqui estão, hoje, para te agradecer.
Mulher-cidade, ainda jovem , toda futuro...
Das tuas tubas fazes brotar os araçás
de cuja árvore gozamos tão doce sombra
para os teus filhos em teus seios repousar.
“Araçatuba! Mãe-mulher cem anos-luz
Terra Araçá, cidade que nos conduz.”
Parabéns, mãe-mulher Araçatuba
por cem anos a todos nós dar a tua luz.
Com muito orgulho teus filhos, hoje, somos
Porque de ti herdamos nossos cromossomos.
Todos os dias são teus dias, tuas horas
presenteando-nos com o teu tempo, com tua história.
Viva a mãe-mulher que fizeste para amar
todos os filhos desta Terra araçá.
“Araçatuba! Mãe-mulher cem anos-luz
Terra Araçá, cidade que nos conduz.”
Escrevi esse texto para homenagear a cidade de Araçatuba em seu centenário, mas acabei esquecendo-o no limbo.
4 comentários:
Assim como os lírios nascem nos pântanos, nos limbos podemos achar coisas muito bonitas, como o texto sobre Araçatuba...parabéns.
Sabe que vc tem talento?
Texto bonito, inteligente, muito bem escrito. A prefeitura municipal deveria reconhecer a qualidade do texto e distinguir a autora (se já não o fez).
Abraço.
a tua cidade tem quase a idade da minha, que é 107
Quer saber...eu também creio mas se digo que creio não dá a crônica: fazendo assim consegui as colocações que queria...Ele sabe que eu creio, o Picasso tem barba...sabe, amigo de ateu.Perdão por estar digitando estas mal traçadas do Guarujá, sol a pino, cerveja gelada...digo-o não para te irritar mas pq é um fato.Não fala pro Heitor senão ele começa a rezar pra chover aqui.
Bom natal para vc, para o homem mais inteligente do mundo e pros lindos filhotes.
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