
Acho que há mais de dez anos eu não assistia a um show televisivo do rei Roberto Carlos. Ao vivo, nunca!
Por acaso, hoje, passando em frente a T.V, ouvi-o. Olhei-o e não vi nele beleza que tire o fôlego de uma mulher, mas ele tem algo que tira o meu. A voz dele foi me penetrando de uma forma, chamando-me “Rita, sente-se aqui. Hoje eu canto especialmente para você.”
Sentei-me bem na ponta do sofá, porque outras coisas me chamavam.
Também não sei precisar a quanto tempo não assisto a qualquer programa de televisão. Alguns roubam-me a paciência. “São detalhes de uma vida, momentos que eu não me esqueci.”
Conforme as canções iam sendo ouvidas e passadas por uma breve análise pelos meus neurônios, fui notando que o sofá deveria ser bem macio quando eu o comprei. Deveria ser sim. Apesar de estar velho, ainda se mantém confortável para sustentar o meu corpo.
Quis encostar-me nele para ficar. Mas outras coisas ainda me chamavam.
Veja, são tantos detalhes tão pequenos que não observamos de pronto. Precisou o sofá estar surrado para eu me questionar se um dia ele foi bom, apesar de ainda suportar o meu corpo, ou foi o rei, atrás de uma tela fria, tentando me ensinar que “é preciso saber viver”?
Há pessoas que vivem emoções em um sofá. Há sofás que vivem emoções com pessoas.
Quando ele cantou “Jesus Cristo eu estou aqui”, eu lhe respondi, inconscientemente “o meu sofá e eu também”.
Engraçado que os sofás nos acolhem e nunca percebemos isso. Aliás, sofá tem quatro letras, tanto quanto Deus.
As rosas vermelhas foram beijadas pelo rei e jogadas à platéia. O show acabou.
De repente, me deu uma vontade de deitar no sofá, mas... algo mais forte levantou-me para eu escrever este texto.
Ofereço esta canção ao meu sofá:
"Como é Grande o Meu Amor Por Você"
Composição: Roberto Carlos
Eu tenho tanto pra lhe falar
E não há nada pra comparar
Nem mesmo o céu, nem as estrelas
Me desespero a procurar
Como é grande o meu amor por você...
Nunca se esqueça, nenhum segundo
Mas como é grande o meu amor por você...
Rita Lavoyer 25/12/2009
3 comentários:
Roberto Carlos é o nosso Frank Sinatra. Não sou da geração da Jovem Guarda, vim ao mundo um pouco depois. Mas desde criança ouvia os compactos em vinil da minha mãe, e sempre adorei Roberto.
Um dia, quando era produtor de shows, organizei um espetáculo dele. Depois de toda aquela trabalheira, sentei-me calmamente e assisti. Foi uma experiência incrível. Confesso que foi a única vez na minha vida que chorei vendo um show musical.
Ele tem esse dom, aquela carinha de cachorro vira latas na feira de adoção. Tem muita sensibilidade ("...meu cachorro me sorriu latindo..."). Imagine o que é interpretar o sorriso de um cão apenas pelo latido.
Isso conquista homens e mulheres, jovens, adultos e idosos. A platéia de um show de Roberto Carlos é a aglomeração mais heterogênea que já vi.
Felizes de nós que poderemos contar que já o vimos de perto, para os nossos netos...
P.S. Mudei de endereço, viu? Agora é www.blogdoricardomello.blogspot.com
Vc falando da canção do Roberto ao sofá e eu lembrando da canção do Belchior para a geladeira ( diga-se de passagem q/ a minha não anda muito boa )Balada de madame frigidaire.
Feliz 2010.
Saudades
ta certo..."onde vc estiver, não se esqueça de mim...aqui, entre um plasil e outro,li a sua CRônica; sabiam qur tem gente que não gosta do Beto? chique é gostar U M A champagne hahaha
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